Correio da Cidadania

"Vão estudar"

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Os estudantes da UFSC realizaram assembleia e definiram por realizar uma greve contra os cortes nas universidades e a proposta de privatização do governo federal. A notícia saiu na mídia comercial, como sempre toda retorcida e sem a devida contextualização. Nos comentários, o horror. Toda a sorte de lugares comuns e preconceitos historicamente plasmados contra os estudantes e a universidade. Para uma boa massa de pessoas comuns o povo que frequenta universidade é tudo maconheiro, vagabundo e vive fazendo greve porque gosta de fazer bagunça em vez de estudar.

A verdade é o seu contrário. O povo que faz greve é justamente aquele que quer estudar e não pode. O corte efetuado pelo governo federal inviabiliza o ensino e todo o trabalho de pesquisa e extensão da universidade. E o governo ainda está ameaçando com mais cortes. Esse ano já cortou 30% do orçamento e ano que vem vai cortar mais, chegando a quase 50%. Ou seja, Com isso, não há universidade e ninguém poderá estudar. Ou melhor, só os mais endinheirados, que podem pagar por uma escola privada. Então, a maioria estará fora. É por isso que os estudantes estão em greve. Porque querem estudar.

Uma greve não acontece porque as pessoas são vagabundas. É o contrário também. Trabalhador que faz greve quer trabalhar e ganhar um salário que permita viver. Estudante que faz greve quer uma escola melhor para poder ser melhor.

Fico pensando se essas pessoas que falam mal dos estudantes conseguem perceber que quando vão a um médico, a um dentista, quando precisam de um engenheiro, um arquiteto, um enfermeiro, um professor ou quando usam alguma máquina ou eletrodoméstico, estão diante de algum “vagabundo” que um dia estudou para garantir saúde, educação, segurança, moradia, conforto?

Será que não conseguem ligar os fios e entender que a universidade é o lugar onde se formam profissionais que vão atuar no cotidiano de cada um, onde se fazem as pesquisas que vão impactar a vida de cada um? Sem a universidade não tem gente capacitada para exercer determinadas funções que são importantes para a toda a sociedade.

Portanto, em vez de xingar os estudantes, as pessoas deveriam cobrar do governo federal o cumprimento da Constituição. Porque descumprir a lei magna, sim, que é vagabundagem e vilania. E a Constituição determina que todos os brasileiros têm direito à educação superior com garantia de permanência. Se é assim, como o governo corta os valores que garantem a manutenção das federais?

Portanto, em vez de ofender quem está lutando por um país melhor, procure se informar e apoiar a luta por uma universidade pública, gratuita e de qualidade. Ela é um direito, inclusive, teu.

Nota:

Nesta quinta, 19, professores votaram pela não adesão. Mesmo assim, mobilizações na universidade devem ocorrer em 2 e 3 de outubro.

Elaine Tavares é jornalista e colaboradora do Instituto de Estudos Latino-Americanos da UFSC.

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