Correio da Cidadania

Lutar ou lutar, organizar e ter unidade - eis o caminho possível aos povos indígenas

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“Vá em busca de teu povo, Ame-o, Aprenda com ele, Planeje com ele, Sirva-o, Comece com aquilo que ele sabe, Construa sobre aquilo que ele tem”

(Kwame N'Krumah)

Saudações aos que nos inspiram!

Primeiramente, saudamos a Confederação dos Tamoios, primeira organização plurinacional a impedir o avanço do capitalismo em Pindorama. Um salve para Cunhambebe e um salve especial para Aimberê, nossos ancestrais nessa guerra contra a colonização e o capitalismo. Lembremos que todo dia 20 de janeiro celebramos a Consciência Indígena em memória à Confederação Tamuya (Confederação dos Tamoios) que foi derrubada pela traição e covardia dos portugueses, atacando na madrugada durante a trégua de pacto de paz, proposto pelos mesmos.

Saudamos o Levante e a Resistência dos Zapatistas em Chiapas, que nesse 1 de janeiro completou 27 anos de luta e construção coletiva da autonomia e autodeterminação, um exemplo aos povos subjugados e explorados pela Economia Colonial/Capitalismo no mundo todo, nos mostrando que é possível construir um mundo onde caibam outros mundos. Com essa luta aprendemos que só a união e coletividade tornam possíveis o nosso triunfo.

Saudamos o Povo Mapuche, nossa inspiração de mobilização e luta contra o Estado e governo tiranos. A luta Mapuche tem nos inspirado muito, principalmente a mobilização para a retomada da identidade étnica (autodeclaração) e organização da população que vive em contexto urbano e o engajamento dessa população na resistência, aumentando sua população exponencialmente nos últimos 20 anos.

Saudamos, por fim, todos os outros povos que vieram antes de nós, não se dobrando aos colonizadores e nos apontando caminhos: Guarulho, Guaianá, Carijó, Tupiniquim, Aimoré, Temiminó, Carati, Kariri, Paiacu, Caratéu, Sucurú, Bultrim, Ariu, Pega, Panati, Corema, Janduí, Tremembé, Icó, Carati, Pajok, Aponorijon, Gurgueia, Kaingang, Guaranis, Muras, Payaya, Arani, Potiguara, Tabajara, Kaiowá, Yanomâmi, Terena, Kadiwéu, Ofaié, Guató, Kinikinau, Atikum, Kamba, Krenak, Fuini-ô, Xucuru, Pankararu, Kayapó, Guajajara, Amawáka, Wayampi, Kambeba, Korubo, Jarawara, Anambé, Juruna, Munduruku, Aruá, Nambikwara, Macuxi, Waiwai, Ingaricô, Apinaye, Karaja, Kraho, Xerente, Pataxó, Kamakã, Maxakali, Tuxá, Kiriri, Truká, Kambiwá, Pankará, Tingui-Botó, Natu, Wakonã, Kaimbé, Xakriabá, Karapotó, Wassu-Cocal, Charrua, Kantaruré, Kalabaça, Pipipã, Anacé, Jucá, Payaku, Tubiba-Tapuia, Gavião, Puri, Paupina, Kaxagó, Awá-guajá, Wapixana - sabemos que faltam muitos outros povos, os que não estão mais aqui para contar suas memórias e os que estão, mas pedimos a compreensão, e que se sintam representados em nossa luta. Não é demais lembrar, também, os povos dos territórios vizinhos de Pindorama, de outras partes de Abya Yala, que também estão aqui e lutam com a gente: Aymara, Quéchua, Qom, Nasa, Charua, Cree, Maia entre outros, estamos juntos e interligados nessa luta que é de todos os povos desse vasto território e de outros territórios invadidos e ocupados!

Valiosos parentes, rememoramos a todos que antes da Confederação dos Tamoios realizaram outros inúmeros levantes contra a colonização, faltando o que tornou a Confederação dos Tamoios temida e memorável, a capacidade de unidade entre os povos, com a vantagem de estarem lutando em terreno conhecido, além da grande capacidade de analisar a conjuntura, identificando o inimigo comum e possibilitando planejar a tática e a estratégia. Podemos afirmar que a tudo isso se somou a ligação com a espiritualidade, fortalecendo ainda mais tal investida triunfal.

Nessa árdua guerra (como nos lembra Ailton Krenak), devemos ter o exercício diário de nos conectarmos com nossas memórias ancestrais. Devemos meditar e analisar as diversas organizações de nossa gente nesses mais de 520 anos de guerra contra o invasor. Lembrem-se: o sangue derramado de nosso ancestral é o mesmo sangue que corre em nossas veias hoje. E se formos deixar a metafísica de lado e analisar a herança biológica mitocondrial, o óvulo no ovário da nossa ancestral estuprada é o mesmo que está no ovário de nossas filhas agora. Não podemos esquecer. Assim está em nós as marcas dessas batalhas, buscamo-las e seguimos até vencermos.

Venceremos!

Em cada momento de luta, há o que aprendermos: a solidariedade com nossos irmãos sequestrados do continente africano - por isso, mostramos os caminhos para fuga e formamos juntos, em nossos territórios, os quilombos. Ensinamos ainda como e com o que nos alimentamos. Ensinamos a época certa para cada cultivo. Ensinamos a direção do vento e a época das chuvas. Conhecimentos usados até hoje no campo. Mais recente, no Cangaço, aprendemos que devemos ser os olhos e ouvidos um do outro para garantirmos a nossa sobrevivência nessa guerra de 5 séculos. Como na Confederação dos Tamoios, aqui nos aliamos entre diversos povos do sertão nordestino para resistir aos desmandos dos coronéis latifundiários. O tempo não pára e agora estamos no nosso momento, é a nossa vez e temos a memória ancestral para nos valer de seus acertos e erros, assim configura-se a resistência.

Avancemos!

Qual a nossa situação hoje?

A Economia Colonial permanece mesmo depois de proclamada a Independência e a República, pois ela não está atrelada a um território-estado-nação, mas sim a um sistema econômico e suas expressões ideológicas. Dessa forma, mesmo estando há 199 anos da Independência e 132 anos da proclamação da República, o Brasil é explorado pela Economia Colonial, que atualmente se dá única e exclusivamente pelo sistema capitalista, o qual organiza-se a partir de vantagens para a potência da vez. Hoje, esse império é ainda dominado pelos Estados Unidos, mas pode mudar de comando a qualquer momento.

Essa forma de organizar a vida, como já falamos, não individualiza ou estabelece vínculos com pessoas e territórios, desde que em sua sanha irracional, continue a determinar as (não)relações humanas e continue a se reproduzir, logo, esse Sistema que é o atual inimigo da humanidade pode se deslocar para um ou outro país que ofereça condições para a sua existência predatória. Assim se renova o capitalismo: explora, esgota e descarta.

Somos um subproduto da colonização (precisamos deixar de ser), assim temos dificuldades de nos conectar com o passado, aprendermos com a nossa história (que escrevemos no tempo e espaço) e com a memória ancestral. Não temos culpa alguma por isso, pois o Estado colonizador-capitalista age o tempo todo para impedir essa nossa conexão. Se analisarmos as investidas de nossos ancestrais para impedir o avanço da invasão e sermos esmagados pelo rolo compressor do colono-capitalismo, perceberemos que não nos foi dada trégua e encontraremos aí toda a tirania do Estado-Colonialista-Capitalista-Burguês e de seus governantes. Assim caminhamos para 521 anos de guerra, sem trégua.

Resistimos!

Em tempos atuais, 2019 e 2020 foram demarcadores do que esse governo faria em relação aos direitos dos povos indígenas, dos trabalhadores e trabalhadoras e do povo pobre em geral, apesar da pandemia que ainda enfrentaremos, e temos portanto a necessidade de superarmos as ilusões com esse governo e essa forma de governar as relações humanas que o capitalismo oferece, é fundamental para que a nossa existência, resistência e re-existência façam sentido.

Se o primeiro ano do atual governo foi para que ele declarasse ao que veio, confirmando suas promessas de campanha, iniciada ainda em 2014, o segundo ano impediu a organização e reação aos desmandos em grande escala, já que a pandemia, não só impediu como avançou na violação dos direitos, conforme tratado em nosso artigo anterior (*1), muito embora todas as dificuldades se apresentassem, as organizações do movimento indígena e aliadas, travaram um intenso debate no âmbito nacional e principalmente internacional, denunciando as violações ocorridas, contra os povos indígenas e contra a Mãe Natureza, praticado pelo presidente Jair Bolsonaro, tendo conseguido o aceite da denúncia para avaliação e posterior julgamento como praticante de crimes contra a humanidade.

Na matéria do portal ‘De Olho nos Ruralistas’ intitulada ‘Terras em 297 áreas indígenas estão cadastradas em nome de milhares de fazendeiros’ (*2) sobre grilagem de terras indígenas com anuência deste governo, percebemos que a luta por demarcação é inerente à luta anticapitalista e a derrota deste governo anti-indígena. Não podemos ter ilusões sobre nosso território demarcado concomitantemente ao capitalismo. Pelo contrário, no capitalismo, mesmo as terras demarcadas estão registradas nos órgãos públicos em nome de fazendeiros. Essa constatação não é para nos paralisar frente a esse quadro, mas para que tenhamos clareza de como age o capital.

Se até 10 anos atrás, acreditávamos que a centralidade da luta indígena é a retomada dos territórios e a demarcação, hoje estamos convictos de que só isso não é garantia de vitória, porque para o capital, nunca foi. Não há receita de bolo. O povo Munduruku tem feito a autodemarcação de suas terras, mas também, com o capitalismo, não acreditamos que seja duradouro. Porém, não podemos parar com as retomadas, nem com a autodemarcação e nem com a cobrança da continuidade dos processos demarcatórios parados pela Funai.

As queimadas de 2020 acionaram o alerta vermelho. Os danos causados à Mãe Natureza e aos demais seres vivos são imensuráveis e o resultado desse ecocídio só veremos num futuro próximo. Não obstante, o desmatamento segue livre, em todos os biomas brasileiros a boiada está passando, e na situação atual não vemos nenhuma mobilização popular para impedir.

Lembremos ainda da realidade dos indígenas das cidades, que enfrentam violências permanentes como as daqueles que se encontram aldeados, em que a disputa pela terra, pela moradia, é também central em contexto urbano. A população indígena vivendo nas cidades vem aumentando.

Na verdade, a mentira imposta pelo Estado brasileiro a fim de apagar as identidades indígenas, nesse momento tem caído por terra. O que ajuda a luta pela demarcação, sendo fundamental a mobilização desses indígenas nos centros urbanos, ajudando a pressionar, denunciando, formando opinião e fazendo luta. Tem crescido também o número de coletivos indígenas nas cidades, no entanto percebemos que falta formação, vemos muita confusão conceitual, que acabam embasando posicionamentos equivocados, nessa conjuntura de acirramento da luta pela vida é necessário que esses grupos orientem suas posições e ações na luta indígena e a luta central, que é a superação do capitalismo, e no curto prazo o fim do governo Bolsonaro. 

Para o ano de 2021, algumas são as questões fundamentais para conter a sanha destrutiva do atual mandatário.

Aqui no Brasil, a nossa perspectiva para 2021 é de formação, mobilização e ação coletiva. A experiência histórica nos mostra que a luta individual e personalista não proporciona avanços, que a mobilização é necessária. Precisamos constituir a correlação de forças para enfrentarmos os capitalistas e o governo genocida que os favorece, principalmente aqueles dos setores financeiro e do agronegócio, que não geram riqueza nenhuma, só concentração de renda, destruição da natureza e violência de todas as ordens.

Um alerta importante é que precisamos ficar atentos! O Estado brasileiro e seus gerentes sempre agiram para minar qualquer forma de organização dos povos indígenas e seus aliados. Foi assim com os quilombos, foi assim em Canudos, foi assim com o Cangaço e tem sido assim com esse governo, que mira com o Ouro de Tolo, alguns indivíduos e grupos entre nós, prometendo o que nunca dará.

Nossas primeiras energias no começo do ano deverão ser destinadas para a garantia de ficarmos vivos, e lembrar que nossa resistência sempre teve como base a afirmação de quem nós somos, e que nossa luta foi forjada principalmente na solidariedade entre os que sofreram ou sofrem com toda a violência imposta pelo colono-capitalismo, aqui não colocamos régua para os sofrimentos, não queremos, nem devemos reproduzir as mesmas práticas. O mundo que queremos, já nos lembraram os Zapatistas, tem e deve caber outros mundos, se assim não o for, viveremos na derrota.

Temos que dedicar uma parte dessa energia para entender a lógica do colonialismo-capitalismo, mas, principalmente, nos organizar para as duras batalhas que virão. É imprescindível fortalecer as frentes que já estão abertas, buscar consolidar e ampliar a unidade, principalmente entre povos que estão em territórios demarcados, os que estão vivendo nas cidades e os que estão em processo de retomada da sua identidade ancestral. Nesse aspecto é importante mirar para o exemplo dos irmãos Mapuches, que se fortaleceram fazendo uma permanente militância de identificar os seus, que foram vítimas dos ataques etnocidas e higienistas dos colonizadores. Estabelecer relação e aliança política de mão dupla e apoio mútuo com movimentos de outros segmentos da nossa classe. Essas alianças políticas são os pilares de sustentação das lutas, colocando em evidência a nossa unidade e nossa força.

No Congresso Nacional, em favor dos povos indígenas, o mandato valoroso e combativo da parente Joenia Wapichana, conseguiu articular uma frente parlamentar em defesa dos povos indígenas, importante, mas não suficiente, por isso precisa ser fortalecida por nós. Esse conjunto nos força a permanência no alerta, atenção redobrada e mobilização permanente. De um lado, temos que permanecer vivos e sadios, por outro temos que fazer o enfrentamento e no primeiro dia depois de tomarmos a vacina, teremos que estar em movimento e nas ruas para garantir nossa sanidade e vida.

“O futuro não é mais como era antigamente… 
nos deram espelhos e vimos um mundo doente…” 
Legião Urbana

A luta contra a escassez e a privatização da água deve ser também pauta central para nós. A água, assim como a terra, não pode ser privatizada. É um recurso essencial à vida, toda a população deve ter acesso gratuito. Não é isso que os capitalistas querem. Em São Paulo, 49% da Sabesp já foi privatizada e não podemos esquecer da seca ocorrida no período 2014-2016; o esgotamento dos recursos hídricos não pode ser visto como mera obra do acaso. É reflexo direto da privatização e precarização do abastecimento e distribuição, principalmente nas periferias e no interior (*3).

Há pouco tempo a água das torneiras em todo o estado de São Paulo era a de melhor qualidade, hoje a população está bebendo água engarrafada, comprada nos comércios devido à péssima qualidade do tratamento. Propositalmente estão cada vez mais reduzindo a qualidade da água fornecida pela rede pública, forçando a população a comprar galões de água bem mais caros.

Existe um processo de privatização em alta escala no Brasil, foi aprovado um projeto de lei (4.162/2019), permitindo essa privatização, e sabemos que faz parte do projeto o envenenamento da água doce, para tornar ainda mais cara a água. Isso vem ocorrendo com o Aquífero Guarani em determinadas regiões do país, ainda há a mercantilização em larga escala provocada pelo hidro- agronegócio ou ainda vítima da criminosa mineração do país, que provoca o envenenamento do Uatú, conhecido como Rio Doce e um dos grandes exemplos do que ocorrerá com as águas doces nos próximos anos.

Todo esse avanço na privatização e destruição das águas se mostra em nível mundial quando a Bolsa de Nova York agrega valor à água disponibilizando para empresários, fazendeiros e latifundiários cotas de água garantidas nas épocas de seca, em troca de dinheiro, claro (*4). Novamente o capitalismo nos mostra quem poderá ter direito à sobrevivência e mesmo sendo um dos países com maior disponibilidade de água doce do mundo, as mineradoras e exploradoras da Mãe Terra já deram seu recado: mataremos até a última gota, para não haver vida para todos!

Censo 2021

Outra ação que toda a população indígena deve engajar em 2021 é se mobilizar para que todas as famílias indígenas respondam o censo do IBGE, sem que nenhum indígena fique de fora.

No início de 2011, um pouco antes da divulgação do censo de 2010, o então presidente da Funai, Márcio Meira, esteve na USP e falou que a perspectiva da Funai era de 1,5 milhão de indígenas, e para nossa surpresa não chegou nem a 1 milhão o número de indígenas autodeclarados. Só pudemos compreender isso muitos anos depois, escutando os relatos dos parentes, que foram impedidos pelo agente censor de se autodeclarar indígena. Oficialmente o número de povos foi de 305, porém 110 povos não foram contabilizados, maioria no Nordeste brasileiro.

O Estado brasileiro continua com as mesmas práticas etnocidas da época do Marquês de Pombal e do SPI (Serviço de Proteção ao Índio): quanto menos indígenas, mais terras para serem distribuídas ao agronegócio. Assim é de extrema importância a nossa participação respondendo o censo do IBGE em 2021.

Queremos o censo em 2021.

Mobilização

Não menos importante serão os atos para denunciar nas ruas essas atrocidades, dialogando com o povo, juntando povo, mostrando que estamos insatisfeitos com tal situação de descaso que enfrentamos mas, importante também, é que os povos indígenas estabeleçam uma relação cruzada com outras lutas, pois nenhuma luta contra o colono-capitalismo, nenhuma luta contra qualquer tipo de opressão, pode ser vencida sozinha e sem entendimento de que aquela luta específica surge contra algum tipo de opressão criada pelo capitalismo. As relações não podem ser utilitárias, nem só em uma via. Nós indígenas temos que ser solidários com outras lutas da classe trabalhadora, no campo e na cidade.

“O que tornou a Confederação dos Tamoios temida e memorável foi a capacidade de unidade entre os povos, com a vantagem de estarem lutando em terreno conhecido, além da grande capacidade de analisar a conjuntura, identificando o inimigo comum e possibilitando planejar a tática e a estratégia”.

1 - Fortalecermos as frentes de lutas em que já estamos presentes, se possível ampliar ainda mais a sua capacidade de resistência;

2 - Fazer e fortalecer as retomadas dos nossos territórios;

3 - Compreender cada vez mais como age e o que quer o colonialismo-capitalismo, para isso precisamos estudar a sua forma de ser;

4 - Buscar a unidade com outras lutas daqueles que sofrem com os males do colonialismo-capitalismo;

5 - Unificar a luta dos indígenas que moram nas cidades com a luta pelos territórios;

6 - Fortalecer campanhas pela autodeclaração, lembrando que esse ano é ano do Censo;

7 - Ampliar a luta pela preservação das florestas;

8 - Participar ativamente em lutas que defendam as águas e são contra a sua privatização;

9 - Denunciar e enfrentar as ações catequizadoras nos territórios indígenas e reforçar o sentido da espiritualidade e ancestralidade para os povos indígenas; 

10 - Fazer atos de rua com as nossas pautas e se fazer presente em todos os atos que defendam melhores condições de vida, contra as opressões e que principalmente defendam a humanidade e outra forma de estar nesse mundo. 

Tempos de resistência

Futuro do Pretérito é o presente em resistências e (r)existências.

Futuro do Presente é resistência; as vitórias pelas nossas memórias ancestrais, estamos em Piracemas para desovar Resistências, estamos “lutando contra as misérias do cotidiano”, que o capitalismo tem produzido, que nesse momento nos coloca em confronto com um ‘Messias’ que governa com mecanismos messiânicos de apagamento, que destrói tudo aquilo que pode garantir a vida.

2021 não será fácil, já inicia na energia da Lua Cheia, que nos tira do nosso lugar, conhecemos bem o que ela nos provoca e a força que ela nos trás, tendo a capacidade de nos alimentar para um outro momento das nossas vidas e do planeta.

Que 2021 se afirme como o ano da resistência!

Kararaô!

Referências: 

*1) Um dia de 520 anos: invasão, etnocídio, ecocídio, epistemicídio – Coluna Imbaú, 28 de dezembro de 2020.*

2) 
De Olho nos Ruralistas: Terras em 297 áreas indígenas estão cadastradas em nome de milhares de fazendeiros

3) Folha de S Paulo: Periferia da capital sofre com a falta d’água durante a pandemia

4) El País Brasil: O que significa a água começar a ser cotizada no mercado de futuros de Wall Street?



A Coluna Imbau é um novo espaço aberto no Correio da Cidadania junto de organizações e indivíduos indígenas de 13 etnias diferentes, com a finalidade de divulgar as produções e o pensamento dos povos originários brasileiros e suas pautas.

O artigo é assinado por Sassá Tupinambá, Julio Guató, Dayane Lima e Givanildo Manoel da Silva (Giva).

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