O 7 de setembro deles e o nosso
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- Celso Lungaretti
- 08/09/2021
Depois do desfile de latas velhas fumacentas no Dia do Soldado tivemos os ultimatos fake com bacamarte enferrujado e pólvora molhada deste Dia da Independência.
Se Bolsonaro queria dar demonstração de força, o resultado dos atos públicos meia-boca foi exatamente oposto: eles escancararam sua fraqueza.
À frente de um governo que faz água por todos os lados, cada vez que o bufão tenta intimidar os poderes da República, em jogadas desesperadas para manter a si, a seus pimpolhos e a seus cúmplices fora das grades, cai em completo ridículo.
Ele está presidente mas nem se pode dizer que ele não o seja mais, já que, na verdade, nunca foi: desde o primeiro dia do seu catastrófico mandato, ele faz política tosca e alucinada em tempo integral, negligenciando quase todos os deveres do cargo.
Fica cada vez mais evidenciado que, com nosso povo sofrido entrando em desespero por força da terrível crise econômica atual, a explosão social chegará muito antes da desbozificação de 1º de janeiro de 2023.
Com os crimes de responsabilidade do genocida brotando como cogumelos há 32 meses, estamos agora em busca do tempo perdido: o processo de impeachment presidencial não só já deveria ter sido aberto, como, inclusive, encerrado.
O preço que nosso país pagará pela omissão dos dois últimos presidentes da Câmara Federal (Rodrigo Maia e Arthur Lira) é imenso.
E alguma solução os poderosos estão obrigados a encontrar, pois foram eles que colocaram o palhaço sinistro no Palácio do Planalto, por meio da eleição presidencial brasileira mais manipulada de todos os tempos.
Foi emocionante a junção do Fora Bolsonaro com o Grito dos Excluídos no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, com a multidão tomando todo o espaço entre a praça do Correio (mais um quarteirão da avenida São João) e o metrô São Bento.
Enquanto os feios, sujos e malvados da extrema-direita babavam de ódio na avenida Paulista, certamente frustrados com o fato de o comparecimento não ter chegado nem a 10% daquele que os organizadores previam, a moçada do Anhangabaú era só entusiasmo e alegria.
Perdi a conta dos partidos, organizações e movimentos de esquerda lá presentes em perfeita harmonia, priorizando os objetivos comuns e deixando as discordâncias para depois.
Deram-me não só a certeza de que a civilização vencerá a barbárie, como também de que a reconstrução do país não será tão difícil assim, mesmo com toda a destruição que vem sendo levada a cabo desde 2019.
Há esperanças. E hoje elas estavam bem visíveis no Anhangabaú!
Celso Lungaretti é jornalista e ex-preso político.