Correio da Cidadania

"Temos de reafirmar a independência política da classe trabalhadora"

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A sociedade brasileira está às portas de mergulhar na campanha eleitoral, cujos pleitos definirão presidente, governadores, deputados e senadores. Carro-chefe, a eleição para presidente parece não ter espaço para outra disputa para além de Lula e Bolsonaro, a levar de roldão, mesmo a contragosto, outras expressões políticas. No plano regional, tal polarização deverá orientar quase todas as candidaturas e coligações. É sobre isso que o Correio da Cidadania trata na entrevista com Barbara Sinedino, pré-candidata a senadora pelo Polo Socialista Revolucionário, sob a legenda do PSTU no Rio de Janeiro, que analisa criticamente as contradições que estão em jogo em meio a um país afundado em crises de diversos matizes.

Na conversa, a também professora da rede pública critica o papel desempenhado pelo seu próprio partido no processo político recente, que em sua visão deixou de se mostrar como alternativa ao projeto político lastreado no PT e passa a mero coadjuvante. No caso do estado do Rio, usa da aliança entre o governador Claudio Castro, tão à direita quanto Bolsonaro, e André Ceciliano, petista que preside a Alerj, como demonstração dos limites da chamada frente ampla que visa derrotar a extrema-direita.

“É importante refletir, pois isso não são especificidades locais ou regionais. É um projeto de novo governo de colaboração de classes, tal qual foram os 13 anos de Lula/Alencar e Dilma/Temer. Esse projeto nacional de Lula e Alckmin está focado em atrair setores do bolsonarismo. Não há contradição entre o ‘projeto nacional’ e as ‘alianças locais’, não. Elas são parte da estratégia. Lula está negociando e realizando as alianças. Por isso, avaliamos que a frente ampla não é uma solução e estamos construindo o Polo Socialista Revolucionário”, explicou Barbara Sinedino.

Socialista e revolucionário. Palavras praticamente abolidas do vocabulário das esquerdas, enquanto as esperanças em ver a derrota de Bolsonaro e a saída do país da condição de “pária internacional” angariada pelo atual governo se acumulam. No entanto, conforme a compreensão da entrevistada, o arranjo político que se apresenta como alternativa não permite vislumbrar nada que forneça esperanças de dias realmente melhores.

“É o mais provável que Lula vença, segundo as pesquisas, talvez até no primeiro turno. Mas isso não significa que a gente tenha de descansar. Por dois motivos. O primeiro é que a derrota eleitoral não significa que a extrema-direita acabe. O segundo é que uma possível vitória de Lula não vai ser, de fato, a resolução dos problemas da classe trabalhadora e dos setores populares (...) O fundamental é defender a independência política da classe trabalhadora e dos setores populares, tanto na campanha eleitoral quanto perante o novo governo”.

A entrevista completa pode ser lida a seguir.

Correio da Cidadania: Como enxerga o cenário da chamada polarização que marca este período eleitoral brasileiro, representada nas figuras de Lula e Bolsonaro? Em sua visão, quais seriam as polarizações que ambos candidatos a presidente simbolizam?

Bárbara Sinedino: Primeiro, acho importante partir da crise social. Temos ampliação da fome, desemprego, ataques aos direitos da classe trabalhadora, de mulheres, negros e negras, LGBTQIA+ e povos indígenas. Acredito que a esquerda socialista deve se apresentar nas eleições contra a extrema direita bolsonarista e os empresários e multinacionais que nos exploram. Não importa se eles se dizem progressistas, porque no fim das contas eles nos exploram, oprimem e são nossos inimigos. O problema da frente ampla de Lula/Alckmin é o projeto de colaboração política com nossos inimigos de classe. Defendemos a unidade de ação da oposição contra o bolsonarismo e vamos juntos à luta no dia 11 de agosto e no Grito dos Excluídos (7 de setembro). Mas, agora, temos de reafirmar a independência política da classe trabalhadora.

Evidentemente, Bolsonaro não é igual a Lula e há uma disputa eleitoral aí. O fato de que não são iguais, porque Bolsonaro é ultrarreacionário, não significa que devemos apoiar o projeto patronal da frente ampla. Devemos aproveitar as eleições para construir uma esquerda independente, sem patrões. Por exemplo, me preocupa que Guido Mantega, membro do PT e ex-ministro da Fazenda, tenha elogiado a gestão do Banco Central do governo Bolsonaro. Isso é grave.

Outra coisa: nos projetos aprovados durante o governo Bolsonaro, como a reforma da previdência; a MP 936, que permitiu a redução dos salários na iniciativa privada; o PLP 39, do congelamento de salários do funcionalismo; e a PEC 10, que destinou um trilhão de reais ao sistema financeiro, tivemos alguma colaboração do PT e do PSB. Ambos os partidos votam a favor no Senado e na Câmara e os governadores de tais partidos apoiam essas medidas. Nos estados onde o PT ou PSB governam, foram aplicadas contrarreformas da previdência e repressões militares a manifestações antifascistas.

Discordamos da frente ampla e do discurso de que só nos resta a conciliação de classes. A coligação com patrões, empresários e representantes dos patrões leva a que o projeto da frente ampla não seja uma solução. A gente tem um projeto diferente, que é dos trabalhadores e do povo, dos explorados e oprimidos.

Correio da Cidadania: Ainda sobre a ideia de polarização, como ela se reflete no plano regional, onde alianças e acordos político-partidários muitas vezes parecem diluir diferenças entre lados aparentemente opostos? Como ela se reflete, mais especificamente, no Rio de Janeiro?

Bárbara Sinedino: A gente sabe que muitos trabalhadores, jovens e mulheres, vão votar na frente ampla contra o Bolsonaro. São pessoas que honestamente acreditam ser o caminho. Nós compreendemos o raciocínio, mas discordamos. Avaliamos que a frente ampla não é a solução. Nos estados, o projeto da frente ampla fica mais escancarado e precisamos refletir bem. Aqui, no Rio de Janeiro, o presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), André Ceciliano, do PT, tem uma relação política estreita com o governador do estado, Cláudio Castro, que é um governador campeão de chacinas militares contra o povo negro.

André Ceciliano orquestrou todas as políticas de Cláudio Castro aqui no estado. Inclusive a retirada de direitos dos servidores estaduais, que Cláudio Castro encomendou na Assembleia Legislativa. Eu, como professora da rede estadual de educação, e todo o funcionalismo sofremos com o pacotaço de ajuste aprovado no final do ano passado. E foi a política de Claudio Castro que o Ceciliano encaminhou na ALERJ. Eles têm uma relação estreita e estão em campanha eleitoral juntos.

Imagina os acordos que uma figura do PT tem de fazer para chegar à presidência da Alerj durante o governo da extrema direita, de Witzel, e se manter aí durante o governo Claudio Castro... Em Minas Gerais, outro exemplo, é o acordo com o PSD, do Kassab, que tem ministérios no governo Bolsonaro e encaminha a privatização dos Correios. Em SP, estão juntando todo o entulho do velho “tucanistão” para a chapa de Haddad. Em Mato Grosso, fecharam aliança com Neri Geller, um representante do agronegócio, um cara inimigo dos ambientalistas, dos povos indígenas e dos sem-terra.

É importante refletir, pois isso não são especificidades locais ou regionais. É um projeto de novo governo de colaboração de classes, tal qual foram os 13 anos de Lula/Alencar e Dilma/Temer. Esse projeto nacional de Lula e Alckmin está focado em atrair setores do bolsonarismo. Não há contradição entre o “projeto nacional” e as “alianças locais”, não. Elas são parte da estratégia. Lula está negociando e realizando as alianças. Por isso, avaliamos que a frente ampla não é uma solução e estamos construindo o Polo Socialista Revolucionário, com uma outra campanha.

Correio da Cidadania: Da dita polarização entre PT e PSDB à atual. O que houve para chegarmos a este estágio?

Bárbara Sinedino: Nós, da CST, sempre dissemos que havia uma falsa polarização entre o PT e o PSDB. O PT semeava o pânico a cada eleição e as pessoas votavam porque parecia que uma vitória do Alckmin, em 2006, ou de Serra, em 2010, seria o “fim do mundo”. E, hoje, está lá o Lula chamando o Alckmin de “companheiro”. Antes, o PT dizia que Alckmin era “fascista”. Se formos analisar as principais políticas dos governos petistas, eles não se diferenciaram qualitativamente das políticas do PSDB. Havia uma diferença de ritmo e de forma entre eles, muita disputa eleitoral, situações econômicas internacionais distintas, mas o PT manteve os pilares do Plano Real de FHC. No fundo, os supostos antagônicos eram convergentes, apesar do discurso mais “social” do PT.

Houve uma continuidade em muitos aspectos. Um exemplo é a reforma da previdência do setor público, além das privatizações das bacias petrolíferas ou dos Hospitais Universitários. Era uma disputa para ver quem detinha a chave do cofre. Por exemplo, após Lula vencer, colocou no Banco Central um deputado do PSDB e ex-presidente do Bank of Boston, o Henrique Meirelles. Já Dilma, após vencer Aécio, aplicou praticamente a mesma política que o PSDB apresentou nas eleições, com seu ministro-banqueiro Levy. Não é por acaso que, antes dessa atual aliança da frente ampla entre Lula e Alckmin, durante muito tempo, ainda dentro da esquerda petista, combatíamos propostas de setores que defendiam coligações com o PSDB nos anos 90.

Um caso extremo é aqui no estado do Rio, onde o candidato a governador, Marcelo Freixo, que já foi do PSOL e hoje está no PSB, tem como vice o César Maia, que é uma figura da direita clássica do país. Aí, chamam o Cesar Maia agora de “camarada”, enquanto sempre lutamos contra os ataques da família Maia, no Rio ou no Congresso Nacional. Quando vão mais a fundo nesse projeto de conciliação de classes, eles demonstram que não existe muita diferença entre o PT e setores da direita clássica, expresso no programa publicado pela frente ampla.

Chegamos até aqui por meio de um processo complexo. Os sucessivos governos de FHC e de Lula/Dilma, ao sempre aplicarem medidas contra o povo trabalhador, foram gerando um desgaste dos partidos tradicionais, centralmente do PT, do PSDB e do PMDB, que governou com ambos. Todos, assim, desgastaram as instituições, permeadas por muita corrupção, coisa que esses partidos no poder realmente promoveram, governando no balcão de negócios do Congresso Nacional e dentro dessa república dos ricos. Tal dinâmica política foi aproveitada pela extrema direita.

As políticas focalizadas do PT, orientadas pelo Banco Mundial, mostraram sua insuficiência depois de amenizar parte da crise por um certo tempo. A indignação popular ficou expressa na revolta de junho de 2013. E ninguém pode esquecer que em São Paulo, o prefeito Haddad (PT) e o governador Alckmin (PSDB) defenderam o aumento da passagem e reprimiram, juntos, os manifestantes. O PT, ao governar para os de cima, para as multinacionais, perdeu base social e ficou sem a utilidade que antes possuía, como instrumento de contenção do movimento de massas. A burguesia, que antes defendeu Lula e Dilma, depois de idas e vindas, retirou seu apoio e apoiou o impeachment, apostando em Temer para acelerar o ajuste fiscal.

A falência do projeto de conciliação de classes, a decepção das massas com os maiores partidos da república (PT, PSDB, PMDB) e a forte crise econômica abriram espaço para a extrema direita vencer as eleições, com Bolsonaro e o apoio do juiz Sergio Moro. Em meio ao impeachment, Dilma cortou verbas das áreas sociais, tentou um pacto com o tucano José Serra, votou a Lei Antiterrorismo e anunciou até mesmo uma reforma da previdência. Em meio à crise política e ao impeachment, faltou um polo de independência de classe, e aqui sou obrigada a dizer que a maior parte do PSOL, meu partido, se negou a construir uma alternativa classista. E mantém esse curso até hoje, agora como parte da composição de Lula/Alckmin.

Correio da Cidadania: Nesse sentido, o PSOL é um partido criado para ser uma força alternativa ao PT, com a finalidade de representar mais assumidamente o ideário socialista, debaixo de uma noção de que o petismo e suas bases de apoio paulatinamente se afastaram da luta por uma sociedade pós-capitalista para se converter em um gestor de tipo progressista dessa mesma ordem socioeconômica. Agora, parece assumir um papel de mero coadjuvante do petismo, o que se refletiria inclusive no programa político-eleitoral mostrado ao público. Como você enxerga essa crítica?

Bárbara Sinedino: A gente concorda bastante com essa crítica. A direção majoritária do PSOL está entregando o projeto de sermos um partido independente e sem vínculos com patronais. Está rasgando todo o programa de fundação do PSOL. Defendemos o programa votado no I Encontro Nacional, que deu origem ao partido, em 2004, e que foi abandonado pela direção majoritária. Nesse programa do PSOL das origens, se defendia: 1) socialismo com democracia como princípio estratégico na superação da ordem capitalista; 2) não há soberania, nem uma verdadeira independência nacional sem romper com a dominação imperialista; 3) rechaçar a conciliação de classes e apoiar as lutas dos trabalhadores; 4) reivindicações para a luta imediata e bandeiras históricas para além da ordem; 5) defesa de um internacionalismo ativo.

Portanto, quando falamos de perfil fundacional, estamos reivindicando esse programa, que deveria ser retomado. O PSOL definiu se coligar com a frente ampla e realizar uma federação com um partido burguês, ligado ao banco Itaú, que é a REDE. Isso é perder seu caráter independente e de esquerda. A direção majoritária do PSOL não apenas deu o voto para a frente ampla de Lula/Alckmin; eles compõem a chapa na Justiça eleitoral, a coordenação de campanha e constroem um programa para governar juntos. Não é, portanto, apenas uma “tática contra a extrema direita”, mas se trata de compartilhar o projeto de colaboração de classes da frente ampla.

O PSOL integra a frente ampla por opção própria. Será a primeira vez na história que o PSOL não terá candidatos presidenciais. Em estados importantes, não haverá candidaturas a governador ou senador. Aqui no Rio, o PSOL não tem uma candidatura própria. Portanto, sim, o PSOL está sendo coadjuvante da frente ampla. Até mesmo onde tem muita força, como em RJ e SP, está sendo marginalizado. Optou por abrir mão do seu programa para aderir a uma proposta de conciliação de classes, na linha do PT.

Ao mesmo tempo, temos de ser conscientes de que a derrota efetiva do projeto autoritário e do discurso golpista da extrema direita deve estar vinculada com a ação direta da classe trabalhadora e dos setores populares. Por isso, exigimos que CUT, UNE, MTST, assim como PT e PCdoB, joguem todo o seu peso no ato do dia 11 de agosto e garantam passeatas unificadas no 7 de setembro, não deixando apenas a extrema direita nas ruas.

Correio da Cidadania: Se houve um estado onde o PSOL conseguiu se apresentar como alternativa de esquerda relevante, foi no Rio de Janeiro. Por que o partido não conseguiu se apresentar como carro chefe deste espectro político-ideológico nas eleições deste ano?

Bárbara Sinedino: Foi uma escolha política do PSOL se adaptar à lógica eleitoral lulista. Esse projeto está cobrando seu preço. Entre o projeto original e a cópia, prevalece o original. O PSOL perdeu parlamentares para outros partidos, como PSB, PT e até para o PDT. Assim, com essa estratégia errada, de fazer a coligação com PSB, com o PSDB, do Cesar Maia, não tem como dar outro resultado. Foi uma escolha política ser parte da frente ampla. Ao entrar no bloco lulista e abrir mão de se manter como esquerda independente, o partido entrou pela porta dos fundos e é escanteado. Terá votos e elegerá deputados e deputadas, mas não têm mais o protagonismo que o PSOL teve em 2012 ou 2016, por exemplo.

Correio da Cidadania: Neste sentido, o que sua candidatura ao Senado representa?

Bárbara Sinedino: A nossa pré-candidatura se justifica por apresentar um projeto para a classe trabalhadora e enfrentar os patrões e a extrema direita. Não podemos nos resumir a escolher entre os candidatos a Senado dos bolsonaristas, como Romário ou Daniel Silveira, de um lado, ou gente que também ataca a classe trabalhadora, como André Ceciliano e a frente ampla, de outro. Nas eleições, queremos conversar com a classe trabalhadora, a juventude, as mulheres sobre uma proposta alternativa e uma campanha alternativa. Uma esquerda independente, sem coligações com fazendeiros assassinos ou banqueiros e empresários exploradores.

Nós, da CST, tendência radical do PSOL, construímos o Polo Socialista Revolucionário. Estamos com Vera Lucia, do PSTU, para a presidência e com os governadores, senadores e deputados do Polo em todo país.
Aproveitaremos nossa campanha ao Senado para divulgar nosso programa operário e popular: o não pagamento da dívida pública aos banqueiros, para investir a riqueza do país em geração de empregos, construção de moradias, hospitais, escolas. Medidas que se complementam com a expropriação dos bancos e a junção de todos eles num único banco nacional, sob controle dos trabalhadores. Defendemos o cancelamento das dívidas bancárias dos trabalhadores pobres e dos pequenos proprietários, comerciantes e camponeses. Defendemos um plano de obras públicas controlado pelos trabalhadores. Saúde, educação e transporte públicos 100% estatais, sob controle dos trabalhadores. Defendemos a taxação das grandes fortunas e do lucro das multinacionais, como medidas emergenciais para que mais de 30 milhões de pessoas não sigam passando fome.

O Polo Socialista Revolucionário defende a expropriação dos monopólios nacionais e dos 315 bilionários do país, das empresas poluidoras e do agronegócio, para assegurar salário e emprego para os trabalhadores, alimentos baratos e terras para os camponeses e povos indígenas. Um programa de enfrentamento que jamais será defendido ou aplicado pela chapa Lula-Alckmin. Somente uma candidatura da classe trabalhadora, sem aliança com os patrões, pode defender essas propostas rumo a um Brasil socialista.

Correio da Cidadania: Parece difícil que Lula não vença as eleições. Que expectativas criar para um terceiro mandato do ex-presidente? Há espaço real para otimismo? Quais os desafios a sociedade brasileira terá pela frente?

Bárbara Sinedino: É o mais provável que Lula vença, segundo as pesquisas, talvez até no primeiro turno. Mas isso não significa que a gente tenha de descansar. Por dois motivos. O primeiro é que a derrota eleitoral não significa que a extrema-direita acabe. O segundo é que uma possível vitória de Lula não vai ser, de fato, a resolução dos problemas da classe trabalhadora e dos setores populares.

Sobre este segundo aspecto há três motivos: a) estão aliados com os patrões e representantes dos patrões e das multinacionais, que nos exploram e nos oprimem; b) possuem um programa burguês, não classista, para solucionar nossos problemas. Por exemplo, se negam a reverter as reformas trabalhistas e previdenciárias, a reverter as privatizações, a garantir reposição automática das perdas salariais; se negam a romper com pagamento da dívida aos banqueiros ou a taxar os bilionários; c) já governaram durante 13 anos com esse projeto de colaboração de classes e deu muito errado. Governaram para e com a burguesia e as multinacionais, aplicaram contrarreformas, privatizaram, reprimiram as lutas populares, realizaram projetos como a Usina de Belo Monte. A mesma receita dos seus atuais governos estaduais, junto com as oligarquias regionais.

Desse modo, não vai ocorrer, por exemplo, a ampliação de direitos para a população LGBTQIA+ e para as mulheres, como o direito ao aborto, nem o desmantelamento do aparelho militar, que mata o povo negro nas favelas. Não há saída para nossos problemas enquanto formos governados por patrões, por exploradores e pelo imperialismo.

Por isso, vamos fortalecer um programa alternativo, operário e popular. Do mesmo modo, vamos seguir onde sempre estivemos, nas campanhas salariais, nas greves, nas lutas feministas, negras, ambientais e LGTBQIA+, desde já, indo às ruas nos dias 11 de agosto e 7 de setembro.

O fundamental é defender a independência política da classe trabalhadora e dos setores populares, tanto na campanha eleitoral quanto perante o novo governo. Apostamos em construir uma nova esquerda, classista, socialista e revolucionária.

Gabriel Brito é jornalista e editor do Correio da Cidadania.

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