Coisas que a mídia sionista não diz sobre o Hamas
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- Amyra El Khalili
- 16/11/2023
“No deserto, a verdade é a melhor camuflagem, porque ninguém acredita nela!” provérbio beduíno por Fátima Sad El Din*
Ouçam o que nossos entrevistados dizem e não aceitem que chamem o Hamas de Grupo Terrorista. O Hamas é resistência palestina, um movimento de libertação nacional!
Esse discurso de que Hamas é terrorista sempre será usado para desqualificar, desclassificar e estigmatizar o direito de autodefesa contra o invasor, o colonizador sionista e o imperialismo dos países do norte na Palestina Ocupada.
Portanto, cabe ao povo palestino decidir pelos seus líderes e combatentes, por suas táticas e maneiras de defesa e não pelo aval e concordância do opressor.
Se, numa manifestação pública, alguns dos que subiram em palanques se posicionaram claramente que apoiam o Hamas, não é correto censurar e nem amordaçar o direito de fala e de posicionamento político e institucional de cada uma dessas lideranças que defendem o povo palestino.
Portanto, reafirmo que esta decisão não deve ser influenciada por campanhas venenosas e desonestas da grande mídia, sob o comando e controle da visão sionista no Brasil e no mundo. Senão, vejamos os fatos sob a perspectiva jurídica e geopolítica desse massacre persistente e brutal contra o povo palestino.
Segundo Lailla Bal'Mahdi, acadêmica da Diáspora: “Há acadêmicos e estudiosos que argumentam que o Hamas pode ser visto como um movimento de luta pela liberdade. Essas pessoas acreditam que o Hamas, que é uma organização política e militar palestina, está lutando contra o que percebem como ocupação e opressão israelense. Eles argumentam que o Hamas está defendendo os direitos e aspirações do povo palestino, especialmente na Faixa de Gaza. Esses estudiosos frequentemente destacam o contexto histórico da ocupação israelense e do projeto colonial, enfatizando o deslocamento e marginalização dos palestinos, bem como a presença militar israelense contínua nos Territórios Palestinos e que a resistência armada do Hamas é uma resposta a essas injustiças e tem como objetivo alcançar a autodeterminação e liberdade para o povo palestino. Além disso, esses acadêmicos podem apontar para o direito internacional, especificamente o direito de resistir à ocupação, como uma justificativa para as ações do Hamas, de acordo com o direito internacional, ou seja, que os povos ocupados têm o direito de resistir aos seus ocupantes, inclusive através da luta armada, se meios pacíficos tiverem se esgotado ou não estiverem disponíveis”.
O Hamas é o governo oficialmente eleito de forma democrática na Faixa de Gaza. Jimmy Carter estava presente durante as eleições e afirmou que elas foram livres e justas. A maioria dos palestinos apoiou o Hamas porque o reconheceu como um movimento de resistência palestino com o objetivo de alcançar a independência palestina.
Em abril de 2014, o Hamas propôs um cessar-fogo com condições baseadas nos direitos humanos, que foi recusado por Netanyahu. Parece claro que Netanyahu não deseja a paz, mas sim terras e recursos. Não foi o Hamas que visava crianças e cometia massacres com armas como o ilegal DIME (Explosivo de Metal Inerte Denso, do inglês Dense Inert Metal Explosive), o fósforo branco etc. em áreas residenciais densamente povoadas e em outros lugares.
Segundo o ativista e historiador palestino, Khaled Said Al-Thaher:
“De acordo com o Direito Internacional, as leis de direitos humanos e as 4 Convenções de Genebra, é perfeitamente legítimo que os territórios ocupados da Palestina, tenham permissão para “resistência armada”, quando o ocupante, Israel, utiliza ilegalmente uma força aérea, exército e marinha (a quarta mais poderosa do mundo) para eliminar uma população indígena que vive em sua própria terra. Os países que reconhecem o Hamas e não o consideram uma organização terrorista são o Irã, a Rússia, a Noruega, a Suíça, a Turquia, a China, o Catar e o Brasil. O Estado da Palestina é oficialmente reconhecido por 80% da população mundial, ou seja, 136 Estados, dos 193 membros da ONU. O estatuto do Likud nega o direito a um Estado Palestino, e é o governo israelense, não os palestinos, que tem estado envolvido em limpezas étnicas por 75 anos”.
Estes são os pontos propostos pelo Hamas, em 2014, para que se celebrasse um cessar-fogo na região, que, no entanto, foram recusados por Netanyahu:
· retirada de tanques israelenses da fronteira de Gaza;
· levantamento do bloqueio e abertura das passagens de fronteira para comércio e pessoas;
· estabelecimento de um porto e aeroporto internacionais sob supervisão da ONU;
· ampliação da zona de pesca permitida para 10 quilômetros;
· internacionalização do Cruzamento de Rafah (importante ponto de passagem na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito) sob supervisão da ONU e de algumas nações árabes;
· presença de forças internacionais nas fronteiras;
· facilitação das condições para obter permissões para orar na Mesquita de Al-Aqsa;
· proibição de interferência israelense no “acordo de reconciliação” (acordo entre o movimento Fatah e o grupo Hamas, que visa a reconciliação e a unificação das duas principais entidades políticas palestinas);
· reestabelecimento de uma zona industrial e melhorias no desenvolvimento econômico na Faixa de Gaza.
Mas quais são os interesses econômico-financeiros e geopolíticos dos países aliados de Israel?
Há pouco tempo, o ministro das Relações Exteriores de Israel emitiu uma declaração preocupante, revelando todo o plano. Ele afirmou que, após a guerra, a área de Gaza diminuirá. Isso significa que a região onde foram descobertas grandes quantidades de gás se tornará parte da entidade. Além disso, a estrada que liga o leste ao oeste passará por essa área. Essa é uma das razões para a guerra, e é importante notar isso. Segundo fontes da resistência, originalmente, o plano era que a entidade atacasse a resistência de forma súbita em novembro. No entanto, a inteligência iraniana e as forças Qassim (As Brigadas da Resistência Nacional – Forças do Mártir Omar Al-Qasim – são o braço militar da Frente Democrática para a Libertação da Palestina) descobriram o plano, e decidiram lançar um “contra-ataque” surpresa, em vez de agir defensivamente, com esta ação a que estamos assistindo, filmando, fotografando e registrando, com a operação "Inundação de Al Aqsa".
O estrategista israelense Ronny Ben-Yishai publicou um artigo sobre as emendas legais de Israel, no qual disse que era importante que o público soubesse que o golpe legal, independentemente de seus objetivos declarados, visava secretamente estabelecer uma base legal que serviria a dois interesses políticos, processos que poderiam mudar irreversivelmente a face de Israel e o modo de vida dos israelitas.
O historiador Khaled Said Al-Thaher, nos relata sobre os fatos: “O primeiro plano para deportar a população de Gaza foi apresentado em 1972, quando a população era de 300.000 habitantes, mas fracassaram. Posteriormente, em 2018, conceberam outro plano, coincidindo com o chamado Acordo do Século. O Egito preparou a infraestrutura para deslocar 1,5 milhão de pessoas de Gaza, no nordeste do Sinai, e estabeleceu 5 cidades numa área de 720 quilómetros quadrados. Eles vêm planejando o Acordo do Século desde 1956. Assisti a uma palestra sobre este assunto ministrada pelo líder mártir Salah Khalaf (Abu Iyad), no Líbano, em 1978”.
Em seu twitter, o Dr. Sam Youssef, nos alerta sobre as principais razões para a atual guerra sangrenta em Gaza, envolvendo o Ocidente e Israel.
“Primeiro, trata-se do gás e, em segundo lugar, da ocupação das terras em Gaza e do deslocamento de sua população para o Sinai. Tudo isso, aparentemente, com o objetivo de garantir o controle sobre as imensas reservas de gás localizadas nas costas de Gaza. Vale a pena destacar que vastas reservas de gás foram descobertas ao largo da costa de Gaza em 2000. Sim, esta é a verdade! Deve-se observar que cerca de 60% das reservas de gás ao longo da costa entre Gaza e Israel pertencem à Palestina.
A BG Group perfurou dois poços em 2000: Gaza Marine 1 e Gaza Marine 2. Estima-se que as reservas de gás da British Gas sejam de aproximadamente 430 milhões de metros cúbicos, o que equivale a cerca de 4 bilhões de dólares. Esses são os números anunciados pela British Gas Company, embora seja possível que o tamanho das reservas de gás na Palestina seja ainda maior. A questão da soberania sobre os campos de gás em Gaza é de extrema importância e, do ponto de vista legal, essas reservas pertencem à Palestina.
A morte de Yasser Arafat, a eleição do governo do Hamas e a destruição da Autoridade Palestina são alguns dos fatores que ajudaram Israel a exercer controle efetivo sobre as reservas de gás offshore em Gaza. A empresa British Gas (BG Group) negociou com o governo de Tel Aviv. Em contrapartida, o governo do Hamas foi ignorado no que diz respeito aos direitos de exploração e desenvolvimento de campos de gás. Em 2006, a British Gas estava prestes a assinar um acordo para transportar gás para o Egito (“BG Group at centre of $4bn deal to supply Gaza gas to Israel”, The Times, 23 de maio de 2007), e documentos indicam que o primeiro-ministro britânico Tony Blair interveio em nome de Israel para cancelar o acordo com o Egito.
A ocupação militar de Gaza visa transferir a soberania sobre os campos de gás para Israel, um crime que viola o direito internacional e envolve massacres, para deslocar os palestinos até que os objetivos sejam alcançados. Tudo isso ocorre em meio à conivência de países árabes e ocidentais”.
Numa análise sobre o Grupo Hamas, à luz do direito internacional, a escritora Lailla Bal'Mahdi menciona os seguintes autores.
• Norman Finkelstein – cientista político e autor que escreveu extensamente sobre o conflito israelo-palestino. Seu livro "Image and Reality of the Israel-Palestine Conflict" oferece uma análise crítica do conflito e inclui discussões sobre o Hamas.
• Sara Roy – acadêmica e autora conhecida por sua pesquisa sobre a economia política da Faixa de Gaza. Seu livro "Hamas and Civil Society in Gaza: Engaging the Islamist Social Sector" oferece insights sobre as dinâmicas sociais e políticas do Hamas em Gaza.
• Richard Falk – estudioso do direito internacional que escreveu sobre o conflito israelo-palestino. Seu livro "Palestine: The Legitimacy of Hope" explora vários aspectos, incluindo o papel do Hamas.
• Ilan Pappé – historiador e autor que escreveu extensivamente sobre a história da Palestina e do seu povo indígena. Seu livro "A Limpeza Étnica da Palestina" discute os eventos que levaram à criação de Israel e inclui discussões sobre o Hamas.
Lailla Bal'Mahdi conclui seu artigo:
Esses estudiosos oferecem perspectivas diferentes da mídia tradicional, fornecendo insights sobre os argumentos que reconfiguram a narrativa que busca desconsiderar o Hamas como um movimento de luta pela liberdade. Por que Nelson Mandela foi visto como um 'terrorista' pelos EUA até 2008? "Sabemos muito bem que nossa liberdade está incompleta sem a liberdade dos palestinos,", disse o próprio Nelson Mandela.
A Frente Antiimperialista Internacionalista, publicou o comunicado emitido pelo porta-voz das Brigadas Al-Qassam sobre os últimos acontecimentos da Batalha de Al-Aqsa, mostrando que, ao contrário do que repetem insistentemente todos os políticos do establishment e os meios de comunicação de massa, a operação “Inundação de Al-Aqsa”, na verdade um contra-ataque da resistência palestina em 7 de outubro de 2023, está longe de ser uma ação de terroristas, mas sim uma operação militar cuidadosamente planejada e executada para destruir a divisão de Gaza do exército sionista, no direito legítimo de um povo ao uso da força contra um poder opressor.
Enquanto as riquezas minerais e os recursos naturais estratégicos correm nas profundezas do oceano e por debaixo da terra da Palestina Ocupada, os sionistas e seus aliados gastam 100 mil dólares por um míssil, lançado por um avião de 20 milhões de dólares, viajando a um custo de 6 mil dólares por hora para matar pessoas que vivem com menos de 1 dólar por dia na Faixa de Gaza, cuja equação financeira tem sido sustentada há 75 anos pelo sangue de milhares de inocentes na Palestina Ocupada impiedosamente!
Que Allah tenha misericórdia da humanidade!
*Fátima Sad El Din (slạḥ ạldyn), beduína Saladina, foi tutora do patrimônio do Shayk Muhammd al-Khalili, líder da Irmandade Qadiri Sufi e talvez o "homem santo" mais famoso do seu tempo na Palestina; Shayk Muhammd al-Khalili nasceu no primeiro mês muçulmano de Shaban do Hijra do ano 1139, que corresponde ao ano 1724 d.C.
Foto: Submetido a 5 tentativas de assassinato, Mohamed Al-Deif, Abu Khaled, líder das Forças de Resistência Palestina e comandante da Operação Inundação de Al-Aqsa, já perdeu, no conflito pela independência da Palestina, a esposa, o filho, as pernas e o olho.
Referências bibliográficas:
BEM-YISHAI, Ronny. “Como eles pensam sobre o destino dos palestinos?”. Tradução do hebraico para o inglês e árabe aqui: https://lnkd.in/dXTRnYyY. Publicado em 01 de abril de 2023, capturado em 30 de outubro de 2023. https://lnkd.in/dhsfSH87
BAL'MAHDI, L. “Uma análise jurídica sobre o Grupo Hamas”. 19/10/2023, no Linkedin (O Linkedin censurou o texto, retirando a página de Lailla do ar). http://www.linkedin.com/in/laillab
CHOSSUDOVSKY, Michel. ARBUTHNOT, Felicity. “Limpar Gaza do Mapa: Agenda do Muito Dinheiro. Confiscando as reservas marítimas de gás natural da Palestina.” Oriente Mídia. Publicado em 2023, 23 de Outubro e capturado em 2023, 25 de Outubro.
CLEMESHA, Arlene et alii. “Ter coragem para evitar o pior”. Folha de São Paulo. Oriente Mídia. Publicado em 2023, 23 de Outubro e capturado em 2023, 25 de Outubro. https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/10/ter-coragem-para-evitar-o-pior.shtml
CANNABRAVA, Paulo. “A luta do povo palestino por justiça e liberdade”. LIVE – TV Diálogos do Sul. Você acompanha essa entrevista de Amyra El Khalili no “Dialogando com Paulo Cannabrava”, na TV Diálogos do Sul. 2023, 19 de Outubro. https://youtube.com/live/s6fhI9SVifo
EL KHALILI, Amyra. “Gaza e o Genocídio Programado para o Controle Geopolítico no Oriente Médio”. Entrevista concedida para Ahmed Elattar, editor da Ozone, Rede Árabe Clima e Ambiente, formada por jornalistas investigativos desde o Egito. Oriente Mídia. Publicado em 2023, 21 de Outubro e capturado em 2023, 25 de Outubro.
Acesse o vídeo, Manifestação da Juventude Palestina na Itália – 2023, 10 de Outubro. https://lnkd.in/duVx4VR3
FRENTE ANTIIMPERIALISTA INTERNACIONALISTA, https://lnkd.in/da7e64tT. Publicado em 10, out. 2023, capturado em 30/10/2023, https://lnkd.in/da7e64tT
ONU NEWS, 28 Agosto 2019. Oriente Mídia. Publicado em 2023, 22 de Outubro e capturado em 2023, 25 de Outubro. https://www.orientemidia.org/territorios-palestinos-tem-gas-e-petroleo-que-podem-gerar-centenas-de-bilhoes-de-dolares/
YOUSSEF SHAHEEN, Ruba. “O povo palestino confirma que sua Resistência é a ‘Operação Inundação de Al-Aqsa’”. Oriente Mídia. Publicado em 2023, 21 de Outubro e capturado em 2023, 25 de Outubro.
https://www.orientemidia.org/o-povo-palestino-confirma-que-sua-resistencia-e-a-operacao-inundacao-de-al-aqsa/
YOUSSEF, Sam. DPT.@drossamsamy65. Publicado em 2023, 17 de Outubro e capturado em 2023, 25 de
Outubro. https://twitter.com/drhossamsamy65/status/1714402563070509081?s=20
Edição de texto: Alexandre Rocha, Heresis Sustentabilidade.
Amyra El Khalili é beduína palestino-brasileira da linhagem de Saladino e do Sheik Mohamed El Khalili. É professora de economia socioambiental, editora das redes Movimento Mulheres pela P@Z!, e Aliança RECOs – Redes de Cooperação Comunitária Sem Fronteiras. É autora dos e-books “Commodities ambientais em missão de paz” e “A construção coletiva de um projeto de vidas – novo modelo econômico para a América Latina e o Caribe”, Heresis Sustentabilidade.
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