Horizontes Afins
- Detalhes
- Cassiano Terra Rodrigues
- 08/07/2008
Apresentação
"A fotografia é a verdade. E o cinema é a verdade 24 quadros por segundo." Jean-Luc Godard.
"Cinema-verdade? Prefiro o cinema-mentira. A mentira é sempre mais interessante do que a verdade." Federico Fellini
"É nos cinemas que se realiza o único mistério totalmente moderno." André Breton
"Os caminhos do cinema são todos os caminhos, mas os que me agradam são tridimensionais." Paulo Sacramento, "Triunfo na derrota", em Cinema Marginal Brasileiro – filmes produzidos nos anos 60 e 70.
"É claro que todos os filmes são surrealistas. Estão fazendo uma coisa que parece real, mas não é." Michael Powell
"Você gosta de filmes porque é um espectador da vida." Susan Anspach, em Sonhos de um Sedutor (1972).
"Há mais harmonia nos filmes do que na vida. Não há engarrafamentos nem períodos de estagnação. Os filmes sempre continuam, como trens à noite. Pessoas como você e eu, nós só somos felizes no nosso trabalho, fazendo filmes." François Truffaut para Jean Pierre Leaud, em A Noite Americana (1973).
"Os filmes não criam psicopatas. Eles só tornam os psicopatas mais criativos." Skeet Ulrich, em Pânico (1996).
"O que é o Cinema? Da minha perspectiva, poderíamos muito bem perguntar também ‘O que é a vida?’, pois os filmes, como a vida, são feitos de momentos... momentos no tempo, suspensos para que os examinemos, impressos na nossa alma e trazidos então de volta a nós de tempos em tempos como uma memória – por um acontecimento, uma visão, um som, uma emoção. Toda tentativa de separação se torna trivial – o cinema é vida, e a vida, cinema: em torno de nós, ao nosso lado, dentro de nós. O cinema, então, não pode ser consumido com pressa; os filmes não devem ser digeridos simplesmente conforme se desdobram, como se fossem uma comida industrial plastificada. Criados por luz e celulóide, eles vivem só nas nossas mentes e corações – saboreados tanto durante quanto depois do fato... projetados sobre a tela e dentro das nossas consciências, onde são passados e repassados, mais uma vez, mais uma vez – artefatos continuamente re-descobertos que constantemente nos mudam. Então, podemos dizer ‘É mesmo real um filme? Uma memória? Uma imagem de celulóide?’. A resposta está na própria experiência cinemática, porque, aqui, tudo é real. Nada é impossível." Glen Norton, escritor.
"1. Não entre no cinema com complexo de inferioridade. Isto é, dizendo aquela frasezinha antipática: ‘Não entendo de cinema!’.
2. Não entre sobretudo, no cinema, dizendo esta frasezinha antipática para o amigo e dizendo, com você mesmo, lá dentro: ‘Entendo e muito. Tenho até uma idéia melhor do que estas que andam por aí’.
3. Não se sinta por isto um ‘cineasta em potencial’. Seja humilde. Aprenda a respeitar o cinema." Glauber Rocha, "De como ver um filme de Godard, munido das informações e meandros acima citados", em O Século do Cinema.
Olá:
Esta é a coluna de apresentação. Meu nome é Cassiano. Sou professor de filosofia, mas essa é só minha função, não sou eu. Não sei quem sou (já dizia Woody Allen: "Quem é que se conhece nessa vida?!?"). Adoro cinema. Não sei o que é o cinema. Pelas frases acima parece que todos sabem – o que pode ser sinal de que ninguém saiba ao certo... Gosto de conversar sobre filmes e aí surgiu a idéia de escrever sobre filmes. Não sei ser crítico (talvez só comigo mesmo... e ainda assim... mas isso não é exclusividade). O que sei é que é um privilégio poder escrever aqui sobre o que gosto. Bom, como sou professor de filosofia, muitas vezes os temas serão filosofia e cinema, certos textos e certos filmes. Em outras palavras, é preciso "sentir" e "entender" (digamos assim) as obras. Pois, como Gilles Deleuze dizia, o pensamento se manifesta em diferentes expressões – arte, filosofia, ciência – e o cinema é só mais um modo do pensamento.
Sobretudo, aqui, os filmes; e alguns hoje já considerados antigos – há velhos que são novíssimos, afinal de contas! Eis o convite, portanto. Mas (puxa!) o cinema nem é tão velho assim... – é que nesse nosso mundo em 5ª marcha...
Tem também o nome da coluna: Horizontes afins. Porque é preciso criar horizontes. Porque as afinidades não são só eletivas, também são eleitoras. Porque é preciso pensar, e pensar de várias maneiras. Daí que as relações entre cinema, teatro, literatura, filosofia e outras manifestações culturais interessem a esta coluna (espero que também a quem nos leia!). É, alguma trívia não faz tanto mal assim; mas não só – fofocas sobre os últimos lançamentos e a vida dos astros do momento podem hoje em dia ser encontradas com uma teclada qualquer.
Provavelmente já estou impacientando quem está lendo...
Não sei se ficou bom...
Melhor ir ver um filme.
Cordiais saudações e até breve.
* * *
QUENTE: No próximo dia 10 de julho ocorrerá um debate com Edmundo Desnoes, autor do livro Memórias do Subdesenvolvimento, que serviu de base para o filme homônimo, de 1968, do cineasta cubano Tomás Gutiérrez Alea (1928-1996). Tanto livro como filme apresentam "visões críticas" dos prós e contras da revolução cubana. O debate acontecerá no anfiteatro do Departamento de História da USP (Rua Prof. Lineu Prestes 338, térreo), com início previsto para 19 horas. Às 17 horas, exibição do referido filme de Alea, "Memórias do subdesenvolvimento".
Cassiano Terra Rodrigues é professor de filosofia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e muito aprecia a Sétima Arte. Tanto que acha que a filosofia pode servir como instrumento didático para fazer as pessoas verem mais e melhores filmes. Que o leitor o perdoe tamanha presunção – ou ingenuidade.
Contato: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
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Comentários
Sou leitora do Correio Cidadania, sendo na verdade, a principal janela por onde visito desde longe o Brasil.
Diria un proverbio zen "busquemos o caminho do meio onde interagem todas as artes e disciplinas".
É excelente que tenhamos um ensaista de cinema-para diferenciar do critico -que venha da filosofia.
Me parece perfeito. O caminho do meio que a arte requer.
Eu acho que quem é ensaista de arte e nao ama acaba ficando chato. Isso mesmo. Aqueles criticos que o artista tem até preguiça de ler porque nao pulsa, é só conceito e palavras vazias de paixao que o verdadeiro artista tem por natureza.
Voce por sorte tem visao critica mas tem paixao.
Por isso é melhor amar o cinema que entender de cinema, nao é?
Quem melhor que un filosofo para começar desde essa primicia?
Por isso nao pede perdao nao, manda ver!
Saudaçoes e até a proxima!
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