Apontamentos sobre Blade Runner (4)
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- Cassiano Terra Rodrigues
- 23/06/2010
Não é nova, na filosofia do Ocidente, a reflexão sobre a natureza da alteridade. E ela sempre esteve ligada à reflexão sobre a identidade de nós mesmos como humanos. Assim, ao se perguntarem sobre o outro, os filósofos, de fato, acabam sempre se questionando sobre noções como, por exemplo, as de subjetividade, identidade, personalidade, autonomia, liberdade etc. Como posso saber que este outro diante de mim não é uma pedra, mas uma pessoa? Como posso atribuir ao outro a mesma autoconsciência subjetiva que tenho de mim mesmo? Exatamente este problema é posto em evidência, de maneira bastante perturbadora, por Blade Runner: como saber que esta face à minha frente é a face de um ser humano, e não de um andróide? Como saber que eu mesmo não sou um andróide?
Os replicantes de Blade Runner contestam a imagem comumente difundida dos ciborgs (cib-enértico+org-anismos) na maioria dos filmes de ficção científica. Em vez de reafirmar antigos e preconceituosos dualismos, o filme mostra muito mais a fragilidade dos tradicionais pares de oposição, como ficção científica/realidade social, simulacro/original, que normalmente usamos para identificar e separar o humano do não-humano, o corpo da mente, a natureza da cultura. E isso não só porque os replicantes, em um mesmo corpo, em um mesmo hardware ou suporte material, confundem o seco software das máquinas com o úmido wetware do organismo humano. Com efeito, tais avançadíssimos andróides são capazes de autopoiése até mesmo em domínios que costumamos caracterizar como os mais caracteristicamente humanos: conseguem produzir e reproduzir emoções e reações às emoções. Em outras palavras, conseguem se desenvolver como seres moralmente autônomos, contrariando sua programação original de obediência aos seres humanos. Se formos usar a terminologia de Jean-Paul Sartre, sua existência precede e supera em muito sua essência pré-programada. Ou ainda, se pensarmos como Friedrich von Schiller, tornam-se livres, porque jogam, e jogam, porque são livres – de fato, mudam as regras do jogo, rebelam-se contra sua programação inicial e passam a exigir o que consideram como seu legítimo direito: mais tempo de vida e o direito de dispor dela como bem desejarem. É assim que o filme apresenta o problema do "pós-humano" ou do "trans-humano", colocando no centro das nossas preocupações com a bio-engenharia genética, a nanotecnologia, a neuro-engenharia etc., algumas das mais fundamentais questões da filosofia: quem somos? O que é uma pessoa? O que é liberdade? A quem podemos – ou devemos – atribuir estatuto de "nosso igual"?
Pós/Trans-humano, tecnologia e lucro
Uma fala do Dr. Tyrell: "Nosso objetivo aqui na Tyrell é o comércio. Mais humano que o humano é nosso lema. Rachael é só um experimento." Nessa fala, o tema do pós/trans-humano aparece claramente ligado ao tema do lucro. Além disso, temos também uma alusão não desprezível à dominação das mulheres e sua posição "experimental" e subordinada ao lucro. Entendamos.
Podemos definir, sumária e rudimentarmente, o termo "pós-humano" como indicativo de uma defasagem do humano, e "trans-humano", comumente simbolizado por "+H", como de algo "mais-que-humano". Em todo caso, parece que lidamos com a idéia de uma superação do humano. Com efeito, já que, desde pelo menos a década de 1950, as pesquisas sobre a manipulação genética do DNA têm mostrado a efetiva possibilidade de fusão entre organismo e máquina, o limite entre orgânico e inorgânico parece cada vez mais arbitrário e fluido.
O problema é mais atual do que nunca: a nanotecnologia possibilita, atualmente, a intervenção tecnológica ao nível mais elementar dos átomos de carbono, modificando radicalmente a constituição da matéria. Essa tecnologia pode ser usada para combater doenças, como o câncer – caso que poucos considerariam antiético ou amoral. Mas, e nos casos possíveis de retardo do envelhecimento e aumento da força física, o que será ético ou não? Parece difícil dizer, mas há pelo menos um caso mais problemático e mais concreto. Essa mesma tecnologia também pode e é usada para a produção e reprodução de embriões humanos, com material orgânico tirado de mulheres vivas e reais. Assim, a fala do Dr. Tyrell sobre Rachael aparece como sintomática: a atual Lei de Biossegurança brasileira afirma explicitamente que "é permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro" [Art. 5º]. O problema aqui é claro: a origem dessas células-tronco. Declarar Rachael um experimento, em um filme que mostra a impossibilidade de se decidir absoluta e definitivamente quem é ou não humano, parece ser uma amarga metáfora da utilização das mulheres como matéria-prima experimental da indústria bio-tecnológica. Mais: a indústria bio-fármaco-genética utiliza não só mulheres, mas populações inteiras em seus experimentos. Quem consideraria ético tal procedimento?
Os prefixos "pós-" e "trans-" parecem indicar uma contradição: as tecnologias que suscitam a ideologia da insatisfação com o "mero" humano – as mesmas que embaralham definitivamente nossos critérios de definição – têm um papel muito bem definido pelos interesses econômicos: mais uma vez, trata-se de vender a ideia de satisfação fácil e absoluta. De fato, de Karl Marx a Herbert Marcuse e deste a Jürgen Habermas, passando por escritores e pensadores tão díspares como Oscar Wilde, Murilo Mendes, Martin Heidegger e Hans Jonas, muitos alertaram contra o fato de que a tecnologia, longe de ser usada para emancipar a humanidade, na verdade se transforma em instrumento de dupla manipulação e dominação: da natureza pelos seres humanos, dos seres humanos por outros seres humanos.
Já Platão, no seu diálogo Sofista (247e), em passagem de dificílima interpretação, define o ser em termos de certa potência (dýnamis): o ser se define pela sua capacidade de produzir algum outro, ou, segundo outra interpretação igualmente possível, capacidade de alterar o outro; e, simultaneamente, pela capacidade de sofrer, ou seja, de ser afetado por outro, por mais ínfimo seja o outro, por mais ínfimo seja o sofrimento. Se isso é o que define o ser, não podemos deixar de identificar nessa idéia de pós/trans-humano o desejo de ficar só com sua parte "boa" – a capacidade de produzir outro ente ou alterar um ente já existente – e de controlar e, no limite, extirpar, pela tecnologia, a "má": toda natural "inabilidade" humana – envelhecer, sofrer, morrer – é algo que não queremos e pelo que não precisamos mais passar. Uma negação de toda negação daquilo que se supõe "melhor para a vida" – teríamos, assim, uma vida melhor?
Alteridade e reconhecimento
Na segunda das suas Meditações sobre Filosofia Primeira [§ 14], Descartes escreveu: "Fico, em verdade, admirado com a grande propensão de minha mente para os erros, pois, embora eu faça esta consideração em silêncio, de mim para comigo, tropeço, no entanto, nas palavras e sou como que enganado pelo próprio uso da fala. Pois, dizemos ver a própria cera, se ela está presente, mas não dizemos que a julgamos presente a partir da cor e da figura. Donde eu iria imediatamente concluir que a cera é, portanto, conhecida pela visão do olho e não por uma inspeção só da mente, se acaso já não percebesse da janela homens transitando na rua. Segundo o uso, tanto quanto para a cera, digo que os vejo eles mesmos. Mas, que vejo, além de chapéus e de trajes, sob os quais podem se esconder autômatos? Julgo, porém, que são homens." Seu problema continua sendo o nosso: como distinguir este outro diante de mim como outro igual a mim, dotado de subjetividade tanto quanto eu? Mais: o que legitima esse meu juízo de que são, tanto quanto eu, seres humanos, e não pedaços de cera, que passam pela minha janela?
Na história da filosofia, não faltaram tentativas de responder a essa pergunta. Podemos citar Hegel, para quem o Espírito (Geist) nasce justamente do reconhecimento, isto é, da experiência intersubjetiva, social, de interação entre diferentes pessoas. O outro, para Hegel, é irredutível à auto-identidade de um sujeito cartesiano que só tem certeza de si. Mas, a questão ainda permanece: como posso reconhecer esse outro irredutível a mim? Se eu conceber o outro como me concebo a mim mesmo, se penso que o corpo diante de mim é como o meu, concebo a alteridade genuinamente humana como se também encerrasse e expressasse uma vida consciente, desejante, intencional (um ego transcendental, em vocabulário de Husserl). O problema está justamente nesse "como se": será legítimo projetar sobre a alteridade os mesmos critérios de identidade que projeto sobre mim mesmo? Ou então: para me autodefinir, julgo minha experiência subjetiva segundo critérios que evidentemente me parecem válidos; serão esses mesmos critérios válidos para a alteridade? Para identificá-la como "sujeito" igual a mim, não teria eu de usar outros critérios? Quais? Quais são os critérios do outro?
Justamente nesse ponto, Blade Runner é implacável: se a alteridade é definida pela nossa atribuição de características autodefinidoras a outrem, como enfrentar os replicantes? Simples: dizendo que não são seres humanos (não à toa, desempenham funções de escravos). Mas como saber que eu mesmo não sou um replicante? Como saber que minhas memórias e minha vida psíquica não são implantes artificiais? Posso aplicar o teste Voight-Kampf a mim mesmo? Quero que o teste seja aplicado a mim? Quem definiu os critérios desse teste? Quem tem o direito de me tratar como um experimento? Por que eu e não outro? Por que qualquer outro?
Cordiais saudações.
* * *
INFO-NET-BIBLIO: A revista h+ (www.hplusmagazine.com) é um dos veículos atuais mais ambiguamente lançadores de moda em questões sobre o transhumanismo; Nick Bostrom, professor de filosofia na Universidade Oxford (http://www.nickbostrom.com/), escreve muito sobre o assunto, embora nem sempre, segundo meu juízo, criticamente; uma abordagem menos ingênua, e diferente, pode ser encontrada em Culturas e Artes do Pós-Humano: Da cultura das mídias à cibercultura, de Lúcia Santaella; um contraponto bastante crítico, mas nem por isso pessimista, feito por Laymert Garcia dos Santos em entrevista sobre a politização das novas tecnologias (http://www.ifch.unicamp.br/cteme/txt/entre-vista_Laymert.pdf); e as considerações bastante pertinentes e lúcidas feitas por Pablo Rubén Mariconda, no artigo "O controle da natureza e as origens da dicotomia entre fato e valor" (http://www.scientiaestudia.org.br/revista/PDF/04_03_05.pdf).
APELO: à compreensão do leitor e à sua disposição de desculpar este autor pela demasiada demora desta publicação. A alegação é a mesma de sempre: a humana incapacidade diante de tão desumano excesso de trabalho.
Leis mais:
Apontamentos sobre Blade Runner (1)
Apontamentos sobre Blade Runner (2)
Apontamentos sobre Blade Runner (3)
Cassiano Terra Rodrigues é professor de Filosofia na PUC-SP e ainda se crê humano, demasiado humano.
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Comentários
Concordo com você Maria Célia quando menciona no comentário acima sobre o acumulo de particularidades negativas nos indivíduos que apresentam déficits de aprendizagem. Realmente a tecnologia está a nossa volta, e não podemos esquecer que nos dias de hoje a máquina está muito mais atuante que interações realmente humanas, ou seja, a falta de calor humano e a sede de poder e lucro, deixam para trás aqueles que não conseguem ter um desenvolvimento ao qual a sociedade acredita ser o “normal”.
Mas “O que é ser normal?”
Vamos pensar um pouco...Normal talvez seja aquele que aceita tudo sem questionar, aquele que executa determinadas tarefas sem questionar, aquele que aponta o dedo para o outro e diz “você não é normal”,rs,; aquele que constrói a bomba atômica; aquele que cria máquinas de última geração, até mesmo robôs que substituem humanos( muitos conseguem “pensar”por nós);aquele que dizima povoações inteiras; aquele que constrói armas e mata crianças; aquele que cria um exército de crianças; aquele que descobre a cura para uma doença e compartilha a descoberta com poucos (os privilegiados da elite); aquele que vê a máquina e não o humano; aquele que cria a marca de status social; aqueles que vivem dessa marca; aquele que tem o corpo mais esculpido; enfim...etc; a “normalidade” está a nossa volta, rs.
E o que fazer com aqueles que não conseguem assimilar tantas maravilhas modernas assim?
Já sei, é mais cômodo os tornarmos robôs programados,alienados, sem voz, sem participação ativa, afinal, é a era da tecnologia, não é? E esse comodismo diz “assim é mais fácil controlá-los”, dominá-los. Um condicionamento bem feito, garante um desempenho satisfatório do “robozinho” , do “problemático”, do “anormal” e se não funcionar, remédio neles, assim ficam excluídos daqueles que “sabem” se programar sozinhos ( os normais). Absurdo isso, não é?
De acordo com Vygotsky, a interação entre os seres humanos ( zona proximal) , o contato com o meio social deveriam ser fatores que desencadeiam um desenvolvimento intelectual ao indíviduo, mas não podemos esquecer do amadurecimento subjetivo de cada um. Aqueles casos chamados de “deficientes”, necessitam de uma atenção especializada, na tentativa de vetar ou pelo menos minimizar os fatores de risco que desencadeiam determinada “anormalidade”, criando assim, fatores de proteção que possam ajudar os portadores de algum tipo de deficiência.
Agora eu pergunto: Em qual área a elite dominante investirá? Na tecnologia? Nos valores humanos?
Com certeza o lucro fala mais alto e a tecnologia sai disparado na frente, pois não existe preocupação da classe dominante com o lado humano. Me lembrei de épocas muito remotas em que crianças nascidas com deficiências eram mortas, pois de nada serviriam para a sociedade em geral, eram consideradas aberrações da natureza. A sociedade de hoje sacrifica , destrói e em muitos casos ,atrofiam as capacidades que poderiam ser trabalhadas, como forma de ajudar a minimizar ou excluir de vez determinados problemas em relação a déficits de aprendizagem.
Mais uma pergunta: Aquele que se nega auxiliar indivíduos com déficit de aprendizagem é normal? Ou não seria um deficiente também? Chamaria isso de “deficiência humana”, pois para mim tudo que é “falta” é deficiência. A negação a cultura, a negação ao pertencimento a um grupo social, a negação a pensar por si próprio, a negação de ajuda ao próximo, enfim, tudo isso também é “deficiência social” e o que deveria ser uma SOCIEDADE, pois o nome já diz, social, comum, conjunto; se torna algo desigual, injusto, sem padrões coerentes.
Me perdoem se fui irônica em alguns pontos. Finalizo, desejando que possamos abrir mais nossos olhos as “armadilhas” que nos cercam. E que possamos aproveitar sim o que a ciência e a tecnologia tem de bom para nos oferecer, não esquecendo que os valores humanos é que devem prevalecer para garantir uma sociedade de respeito e ajuda ao próximo.
“Um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos.”( Friedrich Nietzsche)
“Não se mede o valor de um homem pelas suas roupas ou pelos bens que possui, o verdadeiro valor do homem é o seu caráter, suas idéias e a nobreza dos seus ideais.” ( Charles Chaplin)
“O que é o Iluminismo? O Iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma tutelagem que estes mesmos se impuseram a si. Tutelados são aqueles que se encontram incapazes de fazer uso da própria razão independentemente da direção de outrem. É-se culpado da própria tutelagem quando esta resulta não de uma deficiência do entendimento mas da falta de resolução e coragem para se fazer uso do entendimento independentemente da direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem para fazer uso da tua própria razão! - esse é o lema do Iluminismo.” (Immanuel Kant)
Valores humanos sendo esquecidos .Indústria farmacêutica a mil por hora. Seres humanos fazendo papéis de robôs programados. Vivemos a era da tecnologia, da globalização. Palavras lindas e que nos trazem “muitas facilidades”, sem ter que pensar muito, dentro de uma sociedade muitas vezes hipócrita , que visa o lucro desenfreado e egoísta de uma minoria que detém o poder, instigando na população em geral um consumismo sem controle , criando o que podemos chamar talvez de “simulacros” , ou seja, “vendemos e ou aceitamos” uma imagem para podermos conviver nesse mundo de caos.
Portanto Cassiano, acredito que somente a Educação tem o poder de formar pessoas participativas e acima de tudo, atuantes dentro de uma sociedade pré moldada em que o dominador impõe sua idéia, padroniza o que é bom e os dominantes seguem esses modelos sem questionar se aquilo é bom ou ruim, simplesmente aderem á idéia.
Saliento que textos educativos como os seus, certamente devem ser divulgados para o maior números de pessoas para que possamos “educar o nosso olhar” e não aceitar tudo que nos é oferecido, sem questionar ou nos perguntar: O que isso trará de benefício para mim e para o próximo?, Eu realmente preciso disso para me sentir igual ao outro? Preciso ser igual ao outro? E minha individualidade está sendo respeitada? Ou será que sou um “robô/ andróide” programado para seguir aquele determinado padrão?
Concluindo , O que impera na classe que detém o poder é “isso é bom para minha empresa e meus seletos seguidores, estamos lucrando com isso, então os demais não nos importam, pois representamos na sociedade o status, o glamour, ou seja, representamos o papel ( a imagem) que julgamos ser o que querem de nós, o poder de alienação em massa . E é esse o maior objetivo da dominação. Triste isso né? Mas infelizmente, real.
A outra é talvez menos conhecida. O nome é,justamente, MD-Geist. É um anime em duas partes, contando a história dos MDS (Most Dangerous Soldiers), criados em laboratório para serem usados em uma guerra. O problema é que foram programados para trucidar os inimigos e gostar do que fazem. Quando a guerra acabou quiseram continuar buscando por combates e se voltaram contra seus criadores. Detalhe básico: tudo que eu falei até agora é somente o prelúdio da história. O foco do anime é o retorno do MD-02, o Geist do título, que estava em animação suspensa. Ele acorda querendo acabar com tudo e encontrar um oponente. Fica sabendo sobre uma Arma do Apocalipse, que uma tropa de soldados esta tentando desligar. Então ele se junta ao grupo, para ativá-la... Só para finalizar: a tal arma libera um conjunto de robôs que devoram carne humana.
É o limite do ser humano encarado apenas como um organismo biológico: passa a ser o alimento das máquinas que criou. Ou seja, elas deixam de existir para nos servir e nossa existência é que passa a somente ter sentido através delas.
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