MST exige punição imediata aos responsáveis pelo crime cometido contra sem terras no PR
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- Correio da Cidadania
- 11/04/2016
No ataque covarde promovido pela PM e por seguranças da Araupel, foram assassinam dois trabalhadores Sem Terras.
Na tarde de quinta-feira (7 de abril), famílias do MST, organizadas no Acampamento Dom Tomas Balduíno, no município de Quedas do Iguaçu, região central do Paraná, foram vítimas de uma emboscada realizada pela Policia Militar do estado e por seguranças contratados pela empresa Araupel.
No ataque covarde promovido pela PM e por seguranças da Araupel, foram assassinados os trabalhadores rurais, Vilmar Bordim, de 44 anos, casado, pai de três filhos e Leomar Bhorbak, de 25 anos, que deixa a esposa grávida de nove meses. Também foram feridos mais sete trabalhadores e dois detidos para depor e já foram liberados.
O acampamento, cuja ocupação teve início em maio de 2015, possui aproximadamente 1,5 mil famílias e está localizado no imóvel rural Rio das Cobras, que foi grilado pela empresa Araupel. A Justiça Federal declarou, em função da grilagem, que as terras são públicas e pertence à União, portanto, devem ser destinadas à reforma agrária.
Segundo o relato das vítimas do ataque, não houve confronto algum. A emboscada ocorreu enquanto aproximadamente 25 trabalhadores sem terras circulavam de caminhonete e motocicleta, há 6 km do acampamento, dentro do perímetro da área decretada pública pela justiça, quando foram surpreendidos pelos policiais e seguranças entrincheirados.
Estes alvejaram o veiculo onde se encontravam os sem terras, que para se proteger, correram mato adentro em direção ao acampamento, na tentativa de fugir dos disparos que não cessaram. Em relato a PM admite que os dois corpos fossem recolhidos de dentro da mata. Todas as vítimas foram baleadas pelas costas, o que deixa claro que estavam fugindo e não em confronto com a PM e seguranças.
O local onde ocorreu a emboscada ficou isolado pela PM por mais de duas horas, impedindo o socorro dos feridos. Além de bloquear qualquer outra pessoa que se aproximasse para socorrer e documentar a cena do crime a polícia removeu as vítimas sem a presença do IML, bem como, os objetos da cena do crime.
A Polícia Militar criou um clima de terror na cidade de Quedas do Iguaçu, tomou as ruas, cercou a delegacia e os hospitais de Quedas do Iguaçu e Cascavel para onde foram levados os feridos e impediu qualquer contato das vítimas com os familiares, advogados e imprensa.
O ataque da PM aos sem terras aconteceu após o deputado Rossoni assumir a chefia da Casa Civil do governo do Paraná e, que, coincidentemente, esteve em visita ao município de Quedas do Iguaçu, no dia 1 de abril de 2016, acompanhado do Secretário de Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquita, além de representantes das cúpulas da polícia do Paraná, que determinaram o envio de um contingente de mais de 60 PMs para Quedas do Iguaçu.
O MST está na região há quase 20 anos, e sempre atuou de forma organizada e pacífica para que houvesse o avanço da reforma agrária, reivindicando que a terra cumpra a sua função social. Só no grande latifundiário da Araupel foram assentadas mais de 3 mil famílias.
O MST exige justiça e:
- Imediata investigação, prisão dos policias e seguranças, e punição de todos os responsáveis – executores e mandantes - pelo crime cometido contra os trabalhadores rurais Sem Terra.
- O afastamento imediato da polícia militar e a retirada da segurança privada contratada pela Araupel.
- Garantia de segurança e proteção das vidas de todos os trabalhadores acampados do movimento na região.
- Que todas as áreas griladas pela empresa Araupel sejam destinadas para Reforma Agrária, assentando as famílias acampadas.
Lutar, Construir Reforma Agrária Popular!
Direção Estadual do MST Paraná