Correio da Cidadania

Estados Unidos: a poucos passos da decisão

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PHOTO: Vice President and Democratic presidential candidate Kamala Harris (R) shakes hands with former President and Republican presidential candidate Donald Trump during a presidential debate in Philadelphia, on Sept. 10, 2024.
Sam Loeb / Getty Images AFP

Em cinco de novembro, parcela significativa da população indica ao colégio eleitoral de apenas 538 membros qual a candidatura de preferência para o quatriênio de janeiro de 2025 a janeiro de 2029. Caso Kamala Harris, da agremiação democrata, ou Donald Trump, da republicana, não obtenha metade dos votos mais um do referido colegiado, caberá à Câmara dos Deputados a escolha do nome, situação possível, mas improvável em 2024.

Nas duas situações, os dois corpos representam os cinquenta estados e o distrito de Columbia. A ratificação da vontade popular é indireta e decorre de concepção do tempo dos pais fundadores, quando havia a preocupação com o extremismo como o da tentação de retorno absolutista ou o de ascensão fundamentalista.

Por não ser obrigatório o comparecimento às urnas, o percentual no pleito presidencial costuma situar-se na faixa dos 50% desde a década de 1970, à exceção de dois pleitos: o de 1996, com pouco menos da metade, e o de 2020, acima de 60%, ambos vencidos por postulantes democratas: Bill Clinton em reeleição e Joe Biden, vice-presidente de Barack Obama entre 2009 e 2016 - https://www.presidency.ucsb.edu/statistics/data/voter-turnout-in-presidential-elections.

Em 2024, o país tem duas candidaturas com atuação na Casa Branca: ao invés da ênfase nas propostas em segmentos de importância para a sociedade, o realce retórico recai nas recriminações pessoais ou coletivas, a ponto de puxar para si afirmações em ar de chacota, logo reprováveis no concorrido processo eleitoral.

De um lado, menosprezou-se em evento público do Partido Republicano os habitantes de Porto Rico, protetorado dos Estados Unidos a datar do encerramento da Guerra Hispano-Americana (1898); de outro, depreciou-se em declaração do presidente Joe Biden os potenciais eleitores do controvertido adversário.

A contenda entre Harris e Trump manifesta-se dia a dia braço a braço, com a expectativa de decisão favorável na vontade de estados alcunhados de pendulares. De acordo com as pesquisas, cada um já disporia de mais de duzentos votos do colégio eleitoral, com a aspirante democrata com leve vantagem sobre o republicano: algo em torno de uma dezena.

Entrementes, nas sete unidades da federação cujas delegações poderão definir o resultado, a preferência popular seria pela oposição, ao estar à frente em cinco – Nevada (seis), Pensilvânia (dezenove), Arizona (onze), Geórgia (dezesseis) e Carolina do Norte (dezesseis) - ainda que por suave diferença, ao passo que em desvantagem nos dois restantes: Michigan (quinze) e Wisconsin (dez) https://www.nytimes.com/interactive/2024/us/elections/polls-president.html

O septeto subscreve, portanto, os votos mais marcantes na derradeira fase da disputa. No entanto, se corroborados os levantamentos recentes o republicano contaria com a maioria, ao atingir 68, enquanto a democrata desfrutaria de 25.

Assim, Donald Trump poderia ultrapassar o mínimo necessário por pequena diferença, ao perfazer cerca de 280. Se novamente vencedor, seu retorno estimulará siglas reacionárias em boa parte do mundo, incluso o Brasil. Se derrotado, continuará a direita tradicional. A despeito da conclusão da apuração das urnas, o progressismo de lá, embora com potencial, permanecerá sem reação efetiva ampla.

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Virgílio Arraes

Doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e professor colaborador do Instituto de Relações Internacionais da mesma instituição.

Virgílio Arraes
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