Correio da Cidadania

Tucanos e o malufismo: mesmos métodos

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O PSDB nasceu em 1988 com um discurso "ético". Seus impolutos líderes estariam abandonando o PMDB por não compactuar com os supostos métodos heterodoxos de administrar do então governador de São Paulo Orestes Quércia. Na verdade, sabe-se hoje que a heterodoxia de Quércia foi limitar o espaço dos caciques José Serra, Fernando Henrique, Mario Covas e Franco Montoro no governo do estado. Montoro e Covas, especialmente, abraçaram a questão da "ética na política" e fizeram da lisura e honestidade no trato da coisa pública uma verdadeira bandeira eleitoral.

 

De fato, sobre Franco Montoro jamais se ouviu qualquer tipo de referência a deslizes nesta seara - chegou a demitir o filho Eugênio de uma secretaria estadual quando foi governador de São Paulo.

 

Já sobre Mario Covas, o caso Alstom começa a mostrar que as coisas não se deram tão ética e honestamente quanto os paulistas imaginavam. Ao contrário: o que se vê a cada nova revelação – além do Metrô, as propinas pagas aos secretários e integrantes do primeiro escalão da administração Covas/Alckmin envolveriam também a Eletropaulo e várias outras estatais – é a persistência de um método que a vida inteira os tucanos atribuíram ao hoje deputado Paulo Salim Maluf, ex-governador do estado e ex-prefeito da capital, qual seja o de cobrar das empresas privadas "caixinhas" para "agilizar" a liberação de verbas ou mesmo a vitória das tais empresas em licitações públicas.

Covas algumas vezes enfrentou Maluf nas urnas e não se envergonhou de bradar em alto e bom som que seu adversário seria um "ladrão" dos cofres públicos e rematado corrupto. Agora se sabe que ele e seus camaradas faziam exatamente o que diziam ser "obras de Maluf". Como diz o ditado: "macaco, olha o teu rabo...".

 

É verdade, por outro lado, que os tucanos sempre foram mestres na dissimulação – agora mesmo José Serra e Geraldo Alckmin já correram a dizer que são os primeiros a desejar o esclarecimento dos fatos e o aprofundamento das investigações. Ora, ainda que no Brasil a apuração ande devagar, a nata do tucanato está nas mãos das autoridades européias (francesas e suíças), que estão investigando o episódio.

 

Que a Alstom pagou propina já é um fato, resta agora descobrir quem recebeu e como dividiu o butim por aqui. Quem recebeu sua parcela sabe que recebeu, dinheiro não nasce em árvore, e é bastante provável que a verdade, neste caso específico, venha à tona por causa justamente das investigações européias. E engana-se quem imagina que Serra está achando tudo isto muito bom porque prejudica seu adversário interno Alckmin: se metade do que corre nos bastidores tucanos for verdade, vai sobrar para covistas, alckmistas, serristas e fernandohenriquistas, pois a farra da Alstom não teria esbarrado nas briguinhas internas do PSDB. É ver para crer...

 

Luiz Antônio Magalhães é editor de política do DCI e editor-assistente do Observatório da Imprensa.

 

Blog do autor: http://www.blogentrelinhas.blogspot.com/

 

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Comentários   

0 #2 que novidadejorge lobiello 09-06-2008 14:35
Que novidade, todo mundo esta careca de saber que a administração Covas esta cheia de esqueletos no armário. Este senhor, com áurea de honesto, não passava de mais uma campanha de marketing bem urdida, apenas isto. A verdade agora aparece... E o nome Covas vai para o lugar que merece...
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0 #1 AlstomLuiz Paulo Santana 06-06-2008 10:13
Caro Luiz Antônio, se você afirma "Que a Alstom pagou propina já é um fato, resta agora descobrir quem recebeu e como dividiu o butim por aqui.", como é que pode difamar esse ou aquele de antemão, citando-os. Só se for pela responsabilidade, mas mesmo nesse caso, há que esperar.
E a regra, se me permite reafirmar, vale para todos, sem exceção.
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