Correio da Cidadania

Aonde está você, José Serra?

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Em 1985, os brasileiros voltaram a escolher os prefeitos das capitais de estado. Três anos antes, os eleitores puderam eleger diretamente seus governadores. Em São Paulo, Franco Montoro, uma das mais destacadas lideranças do PMDB, conquistou o Palácio dos Bandeirantes. Começou a governar em meio a uma severa crise econômica, que depois ficou conhecida como a crise da dívida externa. O país vivia um período de recessão e, como é natural nessas situações, a violência nas grandes cidades aumentou. Por outro lado, com orçamento apertado, Montoro teve que se contentar com um governo sem grandes obras, apostando da descentralização administrativa e outras iniciativas que não chamavam muita atenção.

 

Pois bem, em 1985, quando ocorreram as eleições municipais, Montoro lançou Fernando Henrique Cardoso para a disputa na capital, certo de que o então senador não teria adversário à altura. O PTB, porém, lançou o ex-presidente Jânio da Silva Quadros, já bastante doente e com aparência frágil, que de fato parecia estar ali apenas para fazer figuração. Eduardo Suplicy concorreu pelo PT. Durante a campanha, uma das mais animadas da história política da cidade, começaram a surgir aquelas figuras que hoje são conhecidas como candidatos nanicos, ou línguas de aluguel, que faziam o papel de "laranjas" para um ou outro candidato.

 

Os paulistanos que assistiram a performance de Rivaílde Ovídio na televisão não vão se esquecer jamais. Com uma orelha descomunal, simiesca, óculos de armação exageradamente grande, Rivaílde passou a campanha inteira bradando na televisão: Ooooonde está você, Franco Montoro? Oooooonde está a sua polícia, Franco Montoro? Ooooooonde estão as suas obras, Franco Montoro? E terminava, voltando ao começo: Oooooooooonde está você, Franco Montoro???

 

A ladainha de Rivaílde Ovídio chegou aqui porque nunca um mote de campanha foi tão atual quanto o que acabou ajudando a eleger Jânio Quadros. Afinal, onde está você governador José Serra? O que o senhor pensa do caso Daniel Dantas, governador José Serra? O que o senhor pensa da Lei Seca, governador José Serrra? O que o senhor pensa da alta da inflação, governador José Serra? Afinal, governador José Serra, o senhor tem opinião formada sobre algum tema, Palmeiras à parte?

 

Serra considera-se eleito presidente da República por antecipação. Ele não diz palavra sobre coisa alguma, para não se comprometer com nada nem com ninguém. É irritante, mas toda vez que é questionado por jornalistas em atos do governo do estado, Serra avisa que de política não falará, porque do contrário o ato que ele preside naquele momento ficará ofuscado. Ninguém sabe o que Serra pensa. Só ele mesmo e seu fechadíssimo círculo político.

 

Além de irritante, chega a ser constrangedor. Teremos eleições municipais novamente neste ano e, tal e qual Rivaílde Ovídio, alguém poderia passar a campanha perguntando: quem é o seu candidato, governador José Serra?

 

O tucanato inteiro sabe que o candidato de Serra chama-se Gilberto Kassab (DEM), mas o governador não tem coragem de assumir e diz por aí que é um "homem partidário" e que apóia Geraldo Alckmin, o postulante tucano. Claro, Alckmin não acredita em palavra do que Serra diz e tenta minimizar a traição que o governador realiza por baixo dos panos liberando seus fiéis escudeiros (Walter Feldman, Clóvis Carvalho, Andrea Matarazzo, para citar só os cardeais) a trabalhar firme por Kassab.

 

"Não me digue nada, não me digue nada", implorava o genial Odorico Paraguaçú quando algum assessor queria lhe contar o andamento de alguma armação, de interesse do prefeito da ficcional Sucupira, contra os adversários políticos. Era para fazer, não para contar. Odorico não ficava sabendo de nada porque não podia ficar sabendo... Serra, com todo o verniz modernizante que o tucanato paulista lhe empresta, imita Odorico. Manda apoiar Kassab, mas não sabe de nada, não viu nada, não diz nada.

 

No fundo, trata-se de um estilo de fazer política, que faz da dissimulação e da intriga as armas fundamentais para conquistar o poder. Nada demais, muita gente faz igual. Resta saber se o Brasil quer mesmo eleger um sujeito assim para o cargo máximo da República. Alguém que diz sim quando quer falar não, que escapa como sabonete de qualquer questionamento, que foge do debate de idéias e que tem grande dificuldade para aceitar críticas e ouvir opiniões diferentes das suas. Este alguém é José Serra.

 

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Comentários   

0 #3 sugestõesmaria elizabete de oliveira 09-09-2010 18:49
09 DE SETEMBRO DE 2010
Vocês como Presidente do Brasil poderiam criar novas escolas militares no interior de São Paulo e fazer reduzir a taxa de inscrições desses concursos militares e também estabelecer o direito da mulher de ser sargento do exército pois a prioridade é só para os homens.Tentei me inscrever para o concurso de sargento do exército e fui excluida,acho injusto,devemos ter o mesmo direito.obrigada
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0 #2 area de necropsiaSergio Honorio 29-12-2009 19:22
Estou escrevendo com o intuito de promover justiça com relação a uma profissão importante para a sociedade, que não esta tendo o devido valor. Eu me refiro a profissão de auxiliar/Técnico de necropsia. Este profissional é responsável cela parte de apoio ao medico patologista em hospital ou apoio ao legista no IML. É um profissional que pela Historia não obteve reconhecimento. Começou com pessoas ditas da classe baixa, que faziam à parte de cortar e costurar. Com o tempo, os estudantes de medicina só dissecavam os cadáveres específicos da faculdade, nos casos de Verificação de Obsto e Medicina Legal, foram colocados pessoas ainda desqualificadas que conseguem fazer o trabalho. Devido à falta de boa qualificação esses profissionais foram deixados de lado e em todos os casos tanto policiais como as catástrofes, somente legistas e peritos são exaltados, deixando esse pessoal em plano escuro ou levando ao bálano obscuro. A sociedade vê esse profissional como alguém mórbido e até com muito receio, muitas lendas e preconceito foram criados, mas na verdade o que acontece, são pessoas da área, gente despreparada, pouco orientada e sem conhecimento profissional, ate porque nunca existiu curso que os prepare bem, nem para trabalhar em hospitais e nem na policia, mesmo cursando academia. Hoje em dia com o aumento de series de TV com CSI e outros filmes, internet, e outros meios. Pessoas curiosas e outras interessadas na área começaram a procurar esse tipo de curso e escola vem surgindo com o objetivo maior de preparar pessoas para entrar na área de tanatologia, que inclui: necropsia, tanatopraxia, necromaquiaggem e áreas de funerária. Esses cursos também são importantes porque dão aos novos profissionais noção e visão diferenciada da profissão. Por esse empenho de elevar e divulgar essa nova visão é que me levou a lhe escrever para lhe pedir apoio nessa divulgação. Apesar de ser professor do curso de necropsia da escola Coração de Jesus, não é minha pretensão fazer propaganda, mas sim divulgar a profissão e mostrar o valor.
. Gostaria de saber por que os políticos não investem na área de verificação de óbito, que pode acontecer em hospitais públicos, e que esse tipo de trabalho gera muitos conhecimentos científicos? Por que esse desinteirice na área de saúde no BRASIL?
Deveria haver mais concursos para necropsia, assim poderia suprir essa ausência de atitude administrativa em relação a uma area que cobre muitos aspectos, tanto jurídicos com cientificos.

Agradeço se puder ajudar. Estarei aguardando uma resposta e contato.
Grato

Sergio
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0 #1 Onde está vc, eleitor ?Armando 25-07-2008 11:25
Entre outras coisas, a matéria, oportunamente, chama a atenção para o fato de que nenhuma candidatura - mesmo os nanicos - está desprovida de alguma representação ou significado político. O que reforça a importância e o caráter democrático da eleição em dois turnos, tornando digno de registro um fato importante: a esquerda (leia-se o PT), num primeiro momento, foi contra.
Embora observando à distância, já que não sou paulista, de fato, o personalismo do Serra chega a ser repugnante. Na última eleição para presidente ele, FHC e a alta cúpula do PSDB, favorecendo grandemente a candidatura Lula, já \'puxaram o tapete\' do Alckmin, o que dá até uma certa simpatia pelo \'picolé de xuxu\'. Com uma oposição assim, o Lulismo não precisa de aliados.
E, por último mas não menos importante: o fato de estar contra - até pelos equívocos em questões de princípios como os dois turnos, mencionado acima - essa pseudo-esquerda que assumiu o poder (ainda que reconhecendo a correção de algumas políticas) não coloca ninguém ao lado da direita. É preciso não se submeter à chantagem de uma corrente pretensamente majoritária, que se apropria e pretende monopolizar o pensamento de esquerda, como se fossem os únicos, dentro do sofisma autoritário: \"quem não está comigo, está contra mim\".
Além do que, esse discurso do \'não vi, não sei e tenho raiva de quem sabe\' nós todos sabemos muito bem onde teve sua origem mais evidente.
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