Um estudo de caso da mídia neoliberal
- Detalhes
- Luiz Antonio Magalhães
- 26/01/2009
"O pacote fiscal de Obama é insuficiente. É menor do que o que será perdido este ano pela recessão e representa, na melhor hipótese 0,75% do PIB americano. Obama terá que ser ousado, ter medidas convincentes, para usar o momento a seu favor. Aqui, os juros caíram para 12,75%, mas precisam cair mais. Não por pressão política, mas por razões técnicas: a inflação está cedendo e a economia, derretendo".
As palavras acima foram escritas por Míriam Leitão em seu blog. Chega mesmo a ser engraçada a arrogância da colunista, que já decretou o fracasso do plano do presidente Barack Obama antes mesmo de ele ser apresentado ao distinto público. Já no Brasil, a economia está "derretendo" e os juros precisam cair "por razões técnicas", não políticas.
É preciso dar um desconto para a jornalista global: o mundo em que ela vivia e acreditava, da livre iniciativa, desregulamentação, do "mercadismo", desmoronou em setembro do ano passado e desde então Leitão e outros analistas que professavam fé no neoliberalismo ficaram muito confusos e nervosos, tentando se agarrar em qualquer bóia para não afundar nas profundezas do descrédito e esquecimento.
Bem, em primeiro lugar, ninguém sabe se o plano de Obama vai dar certo ou não porque ainda falta muito detalhamento sobre o plano. Míriam acha insuficiente a quantia de US$ 850 bilhões, mas é preciso saber como o novo presidente vai usar este recurso. Ela não sabe, talvez nem mesmo Obama saiba neste momento, deve estar estudando as alternativas. A crítica, portanto, é leviana.
Quanto à necessidade de os juros baixarem por "razões técnicas", trata-se de uma manjada artimanha dos conservadores, que tendem a desprezar as motivações políticas e endeusar as "técnicas".
Ora, toda decisão econômica tem um fundo político. É claro que o BancoCentral leva em consideração os aspectos técnicos ao tomar suas decisões, mas no fundo a responsabilidade pela política monetária é do presidente da República, que a qualquer momento pode, no limite, demitir o presidente do BC e botar alguém alinhado com a política monetária que ele decida implantar.
Leitão e demais analistas neoliberais têm como dogma o regime de metas de inflação e as demais premissas da atual política econômica (responsabilidade fiscal, alto superávit primário etc.). Lula e Meirelles podem até estar certos em manter a atual política econômica, mas ela não é necessariamente correta em qualquer situação. Se necessário for, na atual situação de crise financeira global, correções de rumo poderão ser feitas e talvez para isto sejam necessários nomes novos para executar essas mudanças. É simples assim, mas Leitão certamente soltaria grunhidos estridentes contra o presidente Lula se esta hipótese se concretizasse.
No fundo, ler os comentários de Míriam Leitão é bastante útil e serve como uma bússola: se ela está pensando assim, o correto deve ser assado... Podem conferir, não tem erro!
Luiz Antonio Magalhães é editor de Política do DCI e editor-adjunto do Observatório da Imprensa -http://www.observatoriodaimprensa.com.br/
Blog do autor: http://www.blogentrelinhas.blogspot.com/
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Comentários
Coitada da Miriam Leitão, virou a "geni" de todos os comentaristas.
Ela devia saber que está mais do que na hora de pegar o boné e se mandar.
Hoje pela manhã comentei com a minha companheira e esposa que estava pensando em escrever um artigo sobre os mediocres comentários econômicos (Neoliberais) da jornalista Mirian Leitão. Toda manhã assisto ao programa "Bom Dia Brasil" enquanto me visto para ir trabalhar e escuto cada pérola !!! O lema dela é atacar a toda forma de plano econômico heterodoxo, ou seja, tudo que não reza a cartilha do FMI é coisa do demônio. Hoje pela manhã (28/01/2009) esta coitada jornalista falou tanta asneira que dá até asco. Vocês acreditam que eles mostraram uma reportagem contra a abertura de Concursos Públicos engendradas pelo Governo Federal. Argumentaram que diante da crise mundial o Governo Lula resolve gasta o dinheiro do erário brasileiro. Ou seja, se depender dela as camadas pobres da população brasileira deve permanecer na pobreza e na miséria eterna, e não podem ousar em ascender socialmente. A sociedade para ela deve ser estamental, ou seja igualzinho na Índia que o cabra nasce pobre e morrerá mendigo. Não que o Brasil dê condições dignas da pessoa crescer econômicamente, entretanto, os concursos é a forma que o cidadão tem de conquistar a tão sonhada, por todos nós, estabilidade no emprego. Na visão destes neoliberais todo funcionário público é vagabundo e tenho consciência que existam magnatas, não obstante acredito que a maioria é trabalhadora e honra o seu salário. Quanto ao artigo não vai ser preciso escrever, um jornalista muito ético e sério já fez este pequeno trabalho. Só para finalizar companheir(a)os um dos fatores que levaram a Alemanha a cair nos braços do Nazismo foi justamente a falta de investimento no campo social. Os ideólogos burgueses exaltam que investimento em educação, saúde, habitação é gasto desnecessário. Só que quando eles criam as crises recorrem as tetas gordas do Estado para mamarem e salvarem suas empresas. Não é engraçado, os caras quebram o mundo e depois quem tem que apertar o cinto somos nós!!! É a velha política de dois pesos e duas medidas desta burguesia débil.
Só me resta bradar o velho e atual lema: "Venceremos" !!!
Elcio Cavalcante
Em um outro setembro, dia 11, (engraçado a coincidência de mês e mudança de governo nos EUA...) houve uma ação terrorista, identificada, levou vidas, iniciou guerras, levou mais vidas. Colocou o mundo sob suspeita. Todos pareciam ser terroristas.
No último setembro, a farra do dinheiro fácil, em um setor da economia Norte Americana, lançou uma bomba atõmica no mundo econômico com resultados catastrõficos. Milhões desempregados. Milhares com fome. E, num efeito em cadeia, o único discurso para a solução é reduzir mão de obra para conter e recuperar prejuízos. Dinheiro público para tapar o buraco. Pergunto: Onde foi parar o lucro dos tempos das vacas gordas??? São quase 7 anos de lucros exorbitantes nos bancos. Cadê esse dinheiro?
Os efeitos do último setembro também deveriam ser identificados como um ato terrorista. Seus patrocinadores também deveriam ser presos e conduzidos para as cadeias 'particulares' da CIA. Afinal, os efeitos têm sido arrasadores para milhares de famílias de desempregados em toda a face da terra. Terrorismo econômico deveria ser reconhecido ao mesmo nível do terrorismo político.
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