Jarbas, o Catão de Pindorama
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- Luiz Antonio Magalhães
- 20/02/2009
A já polêmica entrevista do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) às páginas amarelas da revista Veja da semana passada revela muito além da "mediocridade" da política brasileira. Jarbas atira para todos os lados, mas bate mais forte em seus correligionários, especialmente José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL). Diz com todas as letras que o PMDB "é um partido sem bandeiras, sem propostas, sem um norte" e acusa seus companheiros de corruptos: "boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção".
A melhor parte da entrevista, porém, não é o arrazoado moralista do experiente político pernambucano que almeja ser vice na chapa de José Serra (PSDB) em 2010, mas a singela resposta para a pergunta que não queria calar após tanta crítica ao seu próprio partido: por que raios Jarbas Vasconcelos permanece no PMDB?
"Se eu sair daqui irei para onde? É melhor ficar como dissidente, lutando por uma reforma política para fazer um partido novo, ao lado das poucas pessoas sérias que ainda existem hoje na política", afirmou o candidato a novo Catão da República brasileira.
Da resposta do ex-governador pernambucano é possível concluir que ele se sente mais à vontade convivendo ao lado dos corruptos que denuncia do que longe de tais companhias. É evidente que a resposta não explica a permanência de Jarbas no PMDB, até porque o nobre senador poderia inclusive optar pela desfiliação simples, abrindo mão das benesses partidárias por algum tempo, até descobrir uma legenda melhor ou fundar um novo partido. Fernando Gabeira, quando se desencantou com o PT, fez isto até retornar ao PV.
Ora, o tom das críticas de Jarbas combinam bastante com a pregação neo-udenista da vereadora Heloísa Helena e este colunista ficou curioso para saber que tipo de restrição o senador pernambucano teria em relação ao PSOL.
Sim, a entrevista deu o que falar. Jarbas conseguiu criar um fato político, mas mostrou algumas fragilidades em sua, digamos assim, argumentação. A principal delas é a sua permanência no antro de corruptos que denunciou. Talvez não demore muito para o senador deixar a legenda e resta saber se ele conseguirá, fora do PMDB, manter acesa a chama da sua luta pela reedificação da moral e dos bons costumes nacionais. O povo brasileiro, comovido, torce para que Jarbas Vasconcelos continue firme na luta...
Luiz Antonio Magalhães é editor-adjunto do Observatório da Imprensa, onde este texto foi originalmente publicado.
Blog do autor: http://www.blogentrelinhas.blogspot.com/
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