Huck, Ferréz, Mônica e o que importa no Brasil
- Detalhes
- Luiz Antonio Magalhães
- 10/10/2007
A semana do feriado da padroeira do Brasil, Nossa Senhora de
Aparecida, não foi lá muito santa, para dizer o mínimo. Começou com uma
polêmica entre o apresentador Luciano Huck e o rapper Ferréz sobre a violência
nas metrópoles e terminou com a beldade Mônica Veloso na Playboy, para deleite
dos senadores (e, pasmem, uma senadora) flagrados em plenário acessando o
ensaio da morena em seus computadores portáteis. Os dois episódios são
emblemáticos do atual momento brasileiro.
No primeiro caso, trata-se de uma discussão iniciada por um talentoso
apresentador da TV Globo que, após ser vítima de um assalto em que perdeu um
Rolex, resolveu escrever um artigo para um grande jornal expressando a sua
indignação. O mais interessante no artigo, porém, não foi a indignação do
articulista, mas o seu tom ensimesmado – “Luciano Huck foi assassinado.
Manchete do Jornal Nacional”, assim começa o texto do modesto apresentador.
Na segunda-feira (8), o mesmo jornal abriu espaço para
Ferréz trazer a “versão” (ficcional, é bom deixar claro) do “correria” que
levou o relógio de Huck. “A hora estava se aproximando, tinha um braço ali
vacilando. Se perguntava como alguém pode usar no braço algo que dá pra comprar
várias casas na sua quebrada (...) No final das contas, todos saíram ganhando,
o assaltado ficou com o que tinha de mais valioso, que é sua vida, e o correria
ficou com o relógio”.
Sobre Mônica Veloso, não é preciso explicar muito: finalmente chegou às bancas
a esperada edição da Playboy com a ex-namorada de Renan Calheiros do jeito que
veio ao mundo. Claro que Brasília inteira foi conferir os atributos da moça.
A soma dos dois episódios revela que há algo meio doentio em uma sociedade que
valoriza a exposição pública de atos moralmente duvidosos. Huck perdeu a chance
de ficar quieto e chorar seu Rolex ao seu amigo José Serra; Ferréz fez uma
defesa simpática, porém demagógica do assaltante. E de Mônica Veloso pode-se
dizer que, no Brasil, toda nudez será premiada. Não é pouca coisa...
Publicado originalmente no Shopping News, encarte que circula semanalmente com o DCI.
Luiz Antônio Magalhães é editor de política do DCI e editor-assistente do Observatório da Imprensa (www.observatoriodaimprensa.com.br).
Blog do autor: www.blogentrelinhas.blogspot.com
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