2007, um ano mais aquecido que os anteriores
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- Waldemar Rossi
- 21/12/2007
As previsões de que o ano de 2007 seria mais aquecido se confirmaram, em parte. Escaldados com as medidas econômicas e políticas adotadas pelo governo Lula, o movimento social resolveu arregaçar mais suas mangas e intensificar sua movimentação de protesto contra o descaso do governo com as necessidades e as exigências do povo brasileiro.
Mas a radicalização se deu dos dois lados porque Lula (sua equipe e seu partido) está mostrando de que lado está realmente, e não faz isso apenas com palavras - já que ele mesmo elogiou seus novos heróis, os usineiros –, o faz com as políticas reformistas que oneram o conjunto dos trabalhadores, com as Parcerias Públicas Privadas, com as privatizações (estradas, exploração do petróleo, cessão de terras da Amazônia para o cultivo da cana), com a liberação dos transgênicos, com a ampliação do “superávit primário” e o conseqüente aumento do envio de dinheiro para os banqueiros.
Lula vem fazendo acordos com empresas estadunidenses para montagem de usinas de álcool no Brasil, ente tantas outras medidas antipatrióticas e anti-trabalhistas. Além disso, não investe nas áreas da saúde pública, da educação, das moradias populares, do saneamento básico, não faz a reforma agrária, como vem prometendo em seus discursos desde a campanha eleitoral de 2002 e da história política do PT.
Aos poucos, parcela cada vez maior do povo e dos movimentos organizados vai percebendo que esse governo age autoritariamente, não cumpre os acordos com a sociedade e não tem olhos para o verdadeiro sofrimento dos excluídos. O aclaramento dessas contradições – assim como quando a água chega ao pescoço do afundado – fez com que aumentasse a determinação de muitos em protestar abertamente, de começar a exercer de fato sua cidadania, seu direito de exigir o que legitimamente é seu. Já nos findos de 2006 se percebia a insatisfação de tantos que até então acreditavam em mudanças, mas percebiam que a política entreguista crescia, ao invés de diminuir. Por isso, as manifestações e as articulações das forças progressistas e de esquerda se intensificaram, planejando atividades para 2007, ante o calendário reformista de Lula.
Neste ano, pudemos ver acontecer as manifestações do dia 23 de maio espalhadas por todo o país, com marchas e ocupações de ruas nas cidades, com bloqueios de estradas estratégicas (mais de 30, apesar do boicote da mídia), ocupações de terras devolutas ou improdutivas, ocupação de imóveis públicos abandonados... Depois disso, as greves dos setores públicos se intensificaram em defesa dos equipamentos que vêm sendo sucateados a fim de “justificar” a privatização dos serviços públicos, os indígenas reagiram com mais vigor às invasões de suas terras e ao descumprimento das leis que os protegem, professores estaduais e federais entraram em greve, ocuparam reitorias, exigindo um mínimo de democracia no sistema educacional. No dia 8 de março, dia consagrado à mulher, grandes manifestações ocorreram nas principais cidades do país, pela visita de Bush ao Brasil e em protesto contra o projeto de Reforma da Previdência.
Um marco importante foi o 1º de maio que demarcou, de maneira mais significativa, as trincheiras dos trabalhadores. Rompendo com o sindicalismo pelego de todas as centrais vendidas ao capital, o Conlutas, a Intersindical, centenas de sindicatos que mantém sua prática classista, Pastorais sociais, estudantes e inúmeros movimentos organizaram manifestações espalhadas por importantes cidades brasileiras. A marcha do movimento classista fez ecoar seu grito de protesto e, ainda que limitadamente, fez com que a mídia mostrasse parte de sua força.
Outro momento importante foi a Semana da Pátria, ponto culminante de uma intensa campanha pela denúncia do escandaloso, fraudulento e criminoso “leilão da Vale do Rio Doce” (realizado por FHC em 1997, apesar de todos os protestos da Nação brasileira). Pela terceira vez, conseguimos organizar e realizar, em mais de 1.500 cidades brasileiras, um plebiscito popular - apesar da intensa campanha da Vale e da mídia em defesa dessa maracutaia. Mais de três milhões e setecentos mil brasileiros manifestaram-se livremente contra o leilão, contra o pagamento dos serviços da dívida pública, pelo rebaixamento da tarifa da eletricidade e contra as reformas do governo.
No dia 24 de outubro, apesar do boicote das centrais sindicais, da UNE, do PT, do PCdoB e da baixa presença do MST, cerca de 16 mil trabalhadores de todos os cantos do país marcharam pelas avenidas de Brasília, protestando contra a reforma da Previdência. E as greves por reajuste de salários se intensificaram, apesar da suas centrais acomodadas.
Para encerrar essa ascensão das lutas do povo, embasados no protesto do frei D. Luiz Cappio, em sua prolongada greve de fome contra a transposição do rio São Francisco - e pela intransigência e prepotência do governo Lula -, pelo Brasil inteiro movimentos sociais e parcelas significativas da população se movimentam em apoio ao bispo e em duras críticas ao governo, exigindo a suspensão dessa criminosa transposição e pela realização de um amplo e livre debate com a sociedade. E, se for o caso, os movimentos cobram a realização de um plebiscito oficial para que o povo soberanamente decida sobre a política mais correta para o “Velho Chico”, rio de caráter nacional, fundamental para a vida de milhões de famílias de trabalhadores que tradicionalmente vivem próximos das suas margens.
Que a luta do povo não se arrefeça no próximo ano, é o que esperamos e pelo qual lutamos.
Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.
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Comentários
No pronunciamento de fim de ano à Nação, Lula enalteceu todas as ações de sua administração, mas sua fisionomia mostrava certo esforço para manter naturalidade ao declarar feitos e dados que não correspondem à realidade.
O Bolsa-Família esconde parte da miséria que grassa pelo País e o desempenho da econômia esconde a delapidação monstruosa de nossas riquezas naturais. O desemprego tem sido parcialmente camuflado com artifícios estatísticos, assim como uma pretensa elevação de consumo de classes mais pobres por elevação de salários, coisa que não aconteceu! Têm havido constantes perdas salariais!
A REFORMA AGRÁRIA que poderia ter transformado para bem melhor, a situação de milhões de brasileiros que cultivam a terra, como a econômia, essa grande medida, foi esquecida por Lula e seus apaniguados, assim como têm esquecido de preservar a Amazônia, as estradas, os rios, os aeroportos, as companhias aéreas como a Varig e muitas outras falhas que foram ditadas pelo FMI/EUA, sempre intrometendo-se onde não são chamados. Em matéria de segurança, Lula nem devia sequer tocar, mas teve a ousadia de mencionar feitos que todos nós só sentimos como despesas e perdas de tempo com resultados tão pífios que são motivo de vergonha para qualquer governante.
Tio Lula já perdeu a oportunidade de assim ser tratado para o resto da eternidade e resta-lhe muito pouco tempo para não cair na desgraça como FHC, um tremendo traidor da Pátria, metido a intelectual com lugar cativo em Catanduvas/PR. Ao Povo, só resta uma saída: Fazer valer seus direitos pacíficamente, defenestrando toda essa politicalha sem moral Patriótica que mantém a grande maioria da população sem direito a saúde, educação, emprego, segurança e Paz!
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