Correio da Cidadania

EUA: nada de novo no debate presidencial

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Donald Trump e Joe Biden se enfrentam no primeiro debate para as eleições americanas de 2024Reprodução Getty Images

Apesar da recente condenação em Nova York, Donald Trump apresenta-se como o candidato do Partido Republicano à disputa da Casa Branca em novembro próximo. O eleitorado em polvorosa segmenta-se: a uns, o insolente postulante teria sido ‘vítima’ do sistema desequilibrado ao passo que a outros, reles criminoso.

Choca parcela da sociedade a ocasional ratificação da aspiração do ex-governante de concorrer de novo ao maior cargo público do país por uma das duas maiores agremiações e encontrar nela, pasmem, abrigo. Assim, a preocupação máxima da sigla resume-se à viabilidade eleitoral no curto prazo, ao esposar repetida candidatura do político.

Por extensão, chama a atenção sem dúvida a indicação do Partido Democrata: a do presidente Joe Biden. É natural na história norte-americana a apresentação do dirigente do momento para a disputa. Todavia, apontam-se não de hoje indícios de que ele não seria o mais adequado para o pleito de 2024.

Na política externa, os reveses militares acumulam-se ao longo do mandato, malgrado não ser a nação contendora de maneira direta: citem-se o leste da Europa e o Oriente Médio onde campeiam conflitos duradouros sem que os Estados Unidos consigam mediá-los com o propósito de interrupção, embora temporária, ou Irã e Coreia do Norte, países nos quais os programas nucleares com propósito bélico se estruturam.

Com Pequim, Washington concorre no comércio internacional com visíveis dificuldades. Em 2022, enquanto suas exportações mal ultrapassaram os 3 trilhões de dólares, sua rival, por outro, aproximou-se dos 4 trilhões de dólares. Como curiosidade, Brasília não chegou a 400 bilhões de dólares, ao situar-se no vigésimo quinto lugar - https://www.cia.gov/the-world-factbook/field/exports/country-comparison/

Com sua aliada tradicional, a União Europeia, a Casa Branca assiste ao fortalecimento crescente da ultradireita como na França e na Itália. O liberalismo advogado há gerações pela diplomacia estadunidense e materializado por suas forças armadas desde 1917, quando da I Guerra Mundial, verga-se ao autoritarismo mesclado de suposto nacionalismo.

Em 2024, a democracia norte-americana encontra-se desabonada, uma vez que seus dois pleiteantes encaram adversidades perante o judiciário por motivos como sonegação ou burla na aquisição de armamento.

Parte dos democratas refestelou-se com sentença desfavorável a Donald Trump semanas atrás, ao antever a chegada de novas em breve, de sorte que ele poderia até desistir de participar da eleição, haja vista a corrosão de sua imagem; no entanto, ela se encolheria em função de decisão contrária em Delaware a Hunter Biden, filho do mandatário.

O infortúnio jurídico das duas famílias incendeia as redes sociais de simpatizantes ou de adeptos das duas representativas agremiações e enfraquece, por consequência, o debate acerca de temas urgentes como imigração, meio ambiente ou desigualdade social. Portanto, garante-se o espetáculo entre as duas candidaturas enquanto se desassiste a população.

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Virgílio Arraes

Doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e professor colaborador do Instituto de Relações Internacionais da mesma instituição.

Virgílio Arraes
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