Correio da Cidadania

Brasil: um transatlântico à deriva?

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Causa profunda tristeza e revolta receber as notícias sobre a crise econômica que afeta o sistema capitalista. E isso por vários motivos:

 

1) a mídia usa a maior parte do seu espaço para falar das empresas em crise;

 

2) ainda assim, esforça-se para passar goela abaixo do povão que os governos tudo fazem para amenizá-la, oferecendo às empresas privadas tufos de dinheiro (dinheiro público, que, aliás, nem é citado);

 

3) no entanto, revela que, apesar de tanta grana desviada dos orçamentos públicos, a crise não é debelada e mais e mais dinheiro precisa ser canalizado para o capital privado;

 

4) revela ainda que, apesar dos acordos, o desemprego continua crescendo em larga escala e que as empresas não dão bola aos acordos;

 

5) em vários países, o repasse desse dinheiro se faz sob a condição de que as empresas beneficiadas não gerem desemprego;

 

6) somos forçados a ouvir ou a ler as besteiras que os membros dos vários governos falam, tentando apaziguar os que vão entrando em desespero, num esforço hercúleo para que a revolta não se instale nos países, embora as manifestações populares de insatisfação já despontem nos horizontes.

 

Nesta semana, no Brasil, estamos sendo "contemplados" com informações que revelam o quanto a vida do povo vai se deteriorando: milhares de desempregados a cada dia; acordos inescrupulosos entre direções sindicais e empresariado permitindo a redução da jornada de trabalho com redução salarial – que se reflete de imediato no rebaixamento do padrão de vida do trabalhador; inadimplência com os cartões de crédito, revelando como o povo vem sendo ludibriado pela propaganda enganosa da vida fácil, em que tudo pode ser comprado com essa moeda de juros altíssimos; sistema de saúde pública num verdadeiro caos, com gente ficando horas e horas à espera de um atendimento médico, quando o consegue; escolas com o reinício das aulas postergado por falta de condições e até mesmo de professores, que não vêm sendo contratados pela rede pública; crescimento da população de rua por incapacidade de arcar com os custos dos aluguéis estratosféricos – enquanto milhares de residências e prédios nos centros urbanos permanecem desocupados, sem utilidade alguma. E assim por diante.

 

Por outro lado, assistimos às demagógicas propostas de saídas por parte do governo: liberação do FGTS para incentivar acordos trabalhistas; auxílios financeiros que visem "priorizar setores que resultem em grau maior e menor de criação de vagas" (palavras da Dilma Rousseff aos sindicalistas), sem informar quais são esses setores e que tipo de estímulo. Enquanto o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, informa que o governo isentará de quaisquer juros ou outros encargos os empréstimos aos empresários com "a condição de que mantenham os empregos". Até parece que o governo acredita nisso! E nesse enorme buraco são jogados bilhões de reais. Para compensar, fala-se em alguns milhões para ampliar a Bolsa Família. Fortunas para os empresários, migalhas para o povo faminto!

 

E para o povo, o que é assegurado? Além de esmolas para uma pequena parte, nada. "Nadica de nada". Ou melhor, promessas e mais promessas. Na verdade, como já temos escrito nesta coluna, o governo está de pés e mãos atados aos interesses do capital tanto nacional quanto internacional. Sua visão de Brasil se faz pelas janelas do capital e não pelas janelas dos interesses populares. Não há um plano para mudanças profundas na política econômica que vise buscar nossa independência econômica com inclusão social. Medidas apenas paliativas que se esgotam em curtíssimo prazo.

 

Diante da crise que se agrava a cada dia e que não tem prazo para ser superada, o Brasil está como um grande transatlântico, à deriva, sem rumo e sem timoneiro. E a cada dia que passa, seus tripulantes tentam aquietar os navegantes prometendo que logo, logo encontrarão o rumo da terra firme, não enxergando o iceberg que aponta no horizonte e que a todos amedronta.

 

Enquanto isso, ministros e direção do PT estão em busca dos rumos eleitorais, planejando as mais estapafúrdias composições eleitorais para o ano que vem, ano de "eleições gerais". Assim caminha este país, de eleições em eleições em busca do poder a qualquer preço, porque a conta sempre cai nas costas do povo trabalhador, enquanto que o empresariado faz generosos investimentos nas campanhas eleitorais de todos os partidos. Olha o iceberg!!!

 

Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.

 

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Comentários   

0 #6 Perá Lá!Raymundo Araujo Filho 17-02-2009 16:15
Sequer vou defender o "velho" Waldemar, aliás mais jovem do que muitos "Jovens" por aí.

Vou me ater à pergunta- sofisma feita pelo José Fonseca, sobre os índices de popularidade do Lulla, ressaltando que o Waldemar Rossi, assim como eu e muitos (até porque sequer seríamos publicados por aqui), não usamos, em nenhum momento os termos alcoolatra, burro, ignorante e quetais, distribuídos como aleivosias vãs pelo comentarista irritado. Aliás, os que agridem Lulla assim, apenas ajudam a oposição a favor.

Apenas lembro os 80% de aprovação que tiveram Sarney, Collor e quase isso, FHC. Este inclusive venceu o Lulla no primeiro turno de sua (de FHC) reeleição.

Tire as suas próprias conclusões, sabendo que arroubos populistas pró Povo, não me impressionam nem um pouco. Jãnio Quadros, Getúlio quando ditador e os Militares, também gozaram de altos índices de popularidade e aprovação de seus governos, até que.....
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0 #5 Os Cavaleiros do ApocalipseJose Fonseca 16-02-2009 20:02
O velho valdemar nao muda a ladainha de sempre. seus artigos sao estranhamente parecidos com aqueles da extrema direita...
o que ninguem explica e como um presidente BURRO, OPORTUNISTA, MENTIROSO, PERFIDO, ALCOOLATRA, LADRAO, TRAIDOR e COM TODA A IMPRENSA BURGUESA CONTRA, COM A GLOBO SENTANDO O CACETE O TEMPO TODO... Como esse peao presidente consegue mais de 80% de aprovacao de nosso povo? A unica explicacao seria a de que o povo brasileiro e.. BURRO, ALCOOLATRA, VENDIDO, SEM MORAL, SEM CONSCIENCIA, DESINFORMADO... etc, etc, etc...
Ou pode tambem ser que o valdemar, assim como a extrema direita, tenham se descolado da realidade de nosso povo e vivam numa especie de realidade ongueira paralela... Triste fim para um lutador das causas populares, se ver sem povo...
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0 #4 Um outro Brasil.Leo 16-02-2009 13:43
O bloco do quanto pior melhor , se ressente da capacidade de superação do governo atual. Antes de continuarem a lamentar o insucesso da torcida contrária, façam coro com os otimistas e empreendedores de plantão, e participem da construção de um outro Brasil, não do modelo que ficou prá trás e que apesar da crise mundial, não será lembrado pelos brasileiros. Chega de pessimismo e disputa de poder.
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0 #3 A Oposição A Favor!Raymundo Araujo Filho 16-02-2009 13:40
Em outro artigo "Falsa esquerda, Uma Ova!", analisamos os equívocos, quando não pior, da autodemnominada esquerda Lulo Petista, em aliança com o projeto desenvolvimentista do capital, sendo um gerente da crise atual, favorecendo agora a rapinagem do dinheirro público e estrutura funcional do país, que vem a ser o último ato desta etapa de 25 anos do que se chama Neoliberalismo Globalizado. E isso após um período de acumulação e concentração de Capital, nunca dantes vista neste país.

Mas, qual é a força hegemônica que se contrapõe a isso? Pois bem, são aqueles que iniciaram o processo, executando algo parecido com as chamadas Entradas e Bandeiras, para o estabelecimento agudo entre nós, do Capital com forte viéis internacionalizado, monopolista e corporativizado. São os principais atores desta aventura lesa povo o PSDB e o DEM, pois as outras siglas apenas se adequam ao poder. Com excessão óbvia hoje do PCB, do PSOL e do PSTU (e aqui não entro no mérito de suas políticas).

E qual é o discurso do PSDB e do DEM? É o da simples disputa do Poder, pois sabem que Lula seguiu muito bem a cartilha do consenso de Washington, aproveitou-se para jogar algumas migalhas para os mais pobres, pagar bem os aliados orgânicos e conceder tudo que foi pedido ao grande Capital Internacional e associados brasileiros, além da subserviência estes anos todos a Doha e a Política Externa subserviente, visando apenas a conquista de lugar no conselho de segurança da ONU.

Lula já executa esta cartilha neoliberal muito bem, e reflete em D. Dilma a continuidade desta verdadeira engenharia entregiuista, agora repassando para o "motor" da iniciativa privada, toda a reconstrução deste país sucateado, para favorecê-los neste tempo de crise. Vai dar as nossas últimas gotas de sangue, para os empresários chupa-cabras.

Assim, o que querem os representantes da Aristocrática Direita dos Tucanos e Dem? Apenas a volta ao Poder. Mas para exercê-lo com quem? Ora, com aquela velha e carcomida pseudo iteligentzia paulista-sorbone, com os representantes da Opus Dei e com a tchurma de mineirinhos e mineirões consubstanciados na figura do conhecido playboy carioca, mas de tradicional família mineira Aécio Neves. Além do rebotalho da Direita inqualificável que são a turma do PFL-PDS (seja lá que nome assumam).

Nada têm a dizer. Sequer podem ser ladinos como Lula que, depois de ter entregado o país a receita da aventura neo liberal, ter dado continuidade a mediocrização da política, ter usado e abusado de todos os expedientes condenáveis, quando não ilegítimos e ilegais mesmo, agora faz a campanha de seu governo e de sua sucessão, atacando em discurso populista o não mais "companheiro" Bush. Vai continuar a entrega do país, mas discursando contra os ricos. E assim ficam todos em PAZ.

A compra do Banco Votorantim, denunciada como fraudulenta e eticamente condenável, é um elemento claro da falta de perigo que representa Lula para o Capital. Eles abem conversar com seus códigos. Cabe a nós, interpretá-los.

Assim, a Oposição A Favor, tem em seus horizontes, tenho a certeza disso, apenas a manutenção de alguns postos, para não sumirem de vez do mapa político.

E Lula, sem honrar nem um mínimo os seus antigos discursos. político populista e pragmático, mas entreguista que é, vai consolidando suas posições, capitalizando com a crise pela distribuição de esmolas assistencialistas, régios pagamento a ONGs, "Entidades" Pilantrópicas e Centrais Sindicais pelegas, treinando mão de obra para o serviço pesado das empreiteiras neo donatárias das obras com dinheiro público, a salvação dos bancos e empresas que especularam, redução de impostos, sem restrição ao lucro, fazendo o truque ilusionista da multiplicação do NADA.

Enfim, fazendo o Povo e aqueles a quem arrochou nos últimos seis anos, a esquecerem que não têm transporte, saúde, segurança, estradas, energia barata,Reforma Agrária. E mais a baixa remuneração do agricultor, que continua financiando a baixa inflação, por terem os preços agrícolas achatados, mas pagando muito pelos insumos, entre outras.

Mas, com uma Oposição destas, no estilo PSDB-DEM, o que esperar da política institucional?
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0 #2 Política de rico para rico e de pobre paelizabeth masera-beta 16-02-2009 13:36
Com muita esperança o povo tem dado notas altas ao governo lula, não discordo em parte, mas quero concordar com Valdemar uma vez que trabalho com moradores de rua na cidade de porto alegre e todos os abrigos estão superlotados em período de verão fato inédito, pois isto somente acontecia no inverno, fatores da crise econômica ligado ao sistema habitacional que não atende a classe popular e enche os bolsos de empresários que constroem para ricos, e principalmente o caos na área da saúde, temos hoje nos abrigos os filhos das familias desagregadas pelo crack.
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0 #1 claudir 12-02-2009 15:07
Tenho o Valdemar como um simbolo das lutas operárias e da organização dos oprimidos, porém creio que esteja vendo o tema da crise com uma visão muito parcial. A crise é real, veio de fora e foi uma profunda infelicidade para o Brasil que vinha crescendo e distribuido renda. O fato de não criticar os governadores, principalmente o Serra por não estarem fazendo nada torna a opinião limitada.

Um abç
Claudir
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