Brasil, um país de mal educados
- Detalhes
- Waldemar Rossi
- 19/02/2009
A frase que dá nome a este texto não está sendo escrita no sentido pejorativo. Está apenas querendo mostrar que nosso sistema educacional vai de mal a pior.
O Diário de S. Paulo 18 de fevereiro traz mais uma péssima notícia para as nossas famílias. Sua manchete é bem sugestiva: "Desempenho em português cai entre alunos da 4ª série". Trata-se de avaliação do aprendizado de crianças em escolas públicas do Ensino Fundamental do município de São Paulo, cidade conhecida como motriz da economia e da cultura (?) nacional. "A avaliação foi feita pelo Movimento Todos Pela Educação, com base em dados da Prova Brasil, avaliação aplicada pelo governo federal", diz a matéria. Pela avaliação de entidade federal, as crianças do ensino público paulistano deixam muito a desejar em termos de aprendizado da nossa própria língua.
Apenas 26,9% dessas crianças atingem a média necessária para serem consideradas satisfatoriamente alfabetizadas. É bom que se diga que a média esperada deveria atingir apenas 31% das crianças. Média baixíssima para que essas crianças possam ter um desempenho escolar seguinte com bom aproveitamento. Medíocre se queremos que nossas escolas preparem nossos filhos para a vida de trabalho, social e de cultura, para que "tenham vida em plenitude", como nos revelou o mestre Jesus Cristo.
A matéria vai além ao afirmar que "São Paulo teve um desempenho dentro do padrão Brasil. Nossa expectativa era de que fosse melhor, por causa dos recursos e da estrutura existente na cidade". São palavras de Mozart Ramos, presidente executivo do Todos Pela Educação.
Ora, se apenas 26 alunos entre 100 atingem um conhecimento de nossa língua razoavelmente adequado, o que podemos esperar do futuro dessa geração? Que capacidade terão esses futuros jovens para ler jornais e revistas e se informar? Que possibilidade terão de entrar no mundo das leituras que se fazem necessárias para compreender os graves problemas econômicos, sociais e culturais do mundo atual, especialmente do Brasil?
Avançando, a matéria revela ainda que na oitava série (fim do ensino fundamental) a matemática foi a grande vilã com apenas - pasmem – 7 crianças entre 100 atingindo um índice de aprendizado satisfatório. Vendo por outro lado, de cada 100 crianças 93 não fizeram o aprendizado mínimo na disciplina.
Se a estrutura escolar permitia prever melhor desempenho, ainda que medíocre, que nível de estrutura educacional é esta? Que quantidade de recursos vem sendo aplicada para a formação de nossa infância e juventude? Se compararmos o montante de dinheiro público que vem sendo jogado para o colo dos banqueiros agiotas – muitas centenas de bilhões de reais em apenas alguns anos –, veremos o grau do crime político e social que esses governantes (municipais, estaduais e federal) vêm cometendo contra todo o povo brasileiro.
Ficam algumas perguntas: onde estão os profissionais da educação que se calam ante essa barbárie? Como podem aceitar calados que sejam responsáveis por aplicar essa nefasta política educacional que vem sendo imposta pelos governantes inescrupulosos? Será que não pensam que estão construindo um mundo piorado para as futuras gerações, incluídos aí seus filhos, filhas, netas e netos? Onde estão os dirigentes de sindicatos e associações de professores que se contentam em disputar eleições e imprimir alguns jornais sem propostas de mobilização nacional? Com quem estão comprometidos? Com a qualidade de vida do nosso povo ou com aqueles que estão no poder?
A última pergunta vai para pais e mães: por que não aderir de corpo e alma aos movimentos que defendem a implantação de um sistema de educação que ajude a formar seus filhos para a vida, e para a vida com qualidade, em vez de vida vegetativa e de carneiros que tudo aceitam passivamente? Afinal, somos ou não responsáveis pelos filhos que colocamos no mundo?
Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.
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Comentários
Minhas duvidas.
Há um Fato nebuloso para mim, nas explicações, dada pelas religiões que se dizem cristã. Por mais que eu procure, por mais que eu pesquise não consigo encontrar o motivo desta afirmação. Dizem os teólogos que Jesus Cristo veio ao mundo para nos salvar, eu pergunto salvar do que, de quem. Qual o perigo que nos ameaça. Eu não vejo nada que está nos pondo em perigo eminente. Este salvamento seria de ordem física ou espiritual. Se for de ordem física o perigo continua, nós estamos correndo risco de morrer durante toda nossa vida, isso fás parte do jogo da humanidade. Se for de ordem espiritual, não cabe a Jesus nem a qualquer tipo de santo ou qualquer tipo de religião que poderá nos salvar. Este trabalho de salvamento espiritual se realmente for necessário, o encarregado de nos salvar somos nós mesmos, nós temos o livre arbítrio, temos a consciência, temos a inteligência e temos também o nosso raciocínio o qual nos da condição de saber o que e o bom procedimento ou o que é mau procedimento. Portanto nós somos uma célula pensante da humanidade como um todo. Se cada um de nós agir de uma maneira correta, justa sem individualismo, sem hipocrisia, sem maledicência, sem egoísmo e amarmos nossos semelhantes como a nós mesmos não precisamos pensar em salvação pois já estaremos salvos pela nossa conduta irreprochável do bem viver. Religião é para os que não sabem se conduzir por si próprio é para os que não usam seu raciocínio de maneira lógica e coerente, os que usam lógica e coerência durante toda sua vida não precisa de nenhuma religião para os salvar. Esta historia de nos salvar foi criado pelas religiões, isso nos induz a procurar uma delas para nos conduzir pela vida. Quem precisar, se sentir fragilizado que procure uma, mas muito cuidado com a escolha.
Paulo Luiz Mendonça autor do livro Crônicas, indagações e teorias. Editora Scortecci
Sei que os professores não irão gostar nada da minha crônica, pois eles se sentem injustiçados pelo governo em relação aos salários medíocres que recebem, mas não são só os professores que são injustiçados pelo poder publico, todos nós brasileiros estamos no mesmo barco, é só observar o medíocre salário mínimo, pode-se também observar os salários medíocres e decrescentes dos aposentados que ganham mais de um salário, os quais me incluo. Nos meus setenta e três anos aqui nesta vida não vi nenhuma melhora no ensino, pelo contrário o que consegui ver foi decadência, e não progresso.
Esta nota e complementando a crônica anterior.
Há muitas coisas, as quais não consigo entender, mas há uma que me intriga profundamente. Gostaria de saber porque da existência do privilegio estendidos aos professores das escolas publicas, a qual é estendido também aos professores das escolas privadas. O que me intriga é: em primeiro lugar, temos em nosso país dezenas de profissões, temos o dia do medico, o dia da secretaria, o dia da enfermeira, Enfim, todas as profissões têm o seu dia de comemoração. Não vejo em nenhum profissional, no dia da comemoração. ficar em suas casas descansando.
Todos os profissionais permanecem em seus postos de trabalhos. Isso esta perfeitamente certo, o país estas em desenvolvimento, nada mais justo todos estarem trabalhando. Para o descanso, existem, sábados, domingos e também o grande numero de feriados e dias santificados.
Naturalmente alguém poderia dizer, por exemplo, se todos os médicos, parassem de trabalhar, a saúde entraria em colapso, porque este é um trabalho essencial. Eu pergunto, a educação não é essencial? Acredito que sim, então porque os professores, têm o privilegio de não trabalhar no seu dia, volto a perguntar porque? A educação no nosso país está um caos, esta literalmente na U.T.I. Não vejo ninguém se levantar contra esta situação, não vejo nenhum ministro da educação, ter alguma reação a respeito. Uma coisa que vejo muitos entendidos falarem, e que no Japão depois da guerra investiu pesado na educação, dizem os entendidos que este fator, proporcionou o país do sol nascente se transformar em uma potencia mundial, apesar de ser apenas um arquipélago. Estes entendidos os quais falam sobre isso, não fazem absolutamente nada para imitar os japoneses.
Nosso ensino continua precário. Naturalmente sei perfeitamente, porque o ensino continua nestas condições.
Tudo isso é perfeitamente planejado, isso e obra do poder econômico e dominante, quanto mais o povo for ignorante é mais fácil de ser dominado, esta artimanha é usado há muitos séculos, e sempre deu um ótimo resultado.
Tenho observado nas escolas, tudo e motivo para não ter aula, se há um feriado na quinta feira, imediatamente é decretado, vamos emendar o feriado, paramos na quarta feira, só voltamos na segunda. Ninguém pensa no ensino que esta precário, todos pensam em descansar curtindo a praia, tomando suas cervejas. O que nós podemos esperar de uma situação desta, a qual anos após anos o ensino se deteriora, onde será que iremos parar? Um fato observado quando há eleições, os alunos na sexta feira que antecede a eleição, são privados da aula. O pretexto usado é: precisamos preparar a sala para a eleição, a preparação que dizem é afastar as carteiras mais para um lado e colocar duas ou três carteiras em fila para os mesários sentarem. Todo este procedimento não gasta mais que dez minutos, se contarmos sexta e sábado para este trabalho ser executado, é um exagero sem precedente. Esta preparação se nós tivéssemos vivendo em pais serio, seria feito sem nenhum problema no sábado. Mas como vivemos em pais onde existem privilégios exagerados.
Como diz o famoso radialista da Bandeirante José Paulo de Andrade. “No Brasil existem as pequenas ditaduras,” portanto temos que conviver com estes desmandos.
A Constituição diz todos são iguais perante a lei, mas há alguns que são mais iguais que outros, estes mais iguais têm estas vantagens que os demais não têm. Os professores dizem, nós ganhamos pouco, hora todos neste país ganham pouco, até os que ganham bem, dizem ganhar pouco. Se, estamos trabalhando em uma área onde ganhamos pouco e temos convicção que merecemos mais, e só mudar de área, se nos realmente merecemos ganhar melhor sempre haverá alguma firma que nos pagara mais. Se não encontrarmos nenhuma empresa disposta a nos pagar melhor, o bom senso nos diz, nós não somos merecedores. Sei que o governo age desta maneira com relação ao ensino, dando estes privilegio aos profissionais da educação, para compensar o baixo salário. Esta estratégia é boa para o governo porque resolve o problema dos baixos salários. Este procedimento resolve o problema dos professores, eles recebem um salário medíocre, mas em compensação lhes são dados alguns privilégios, que outras categorias não têm. Quem fica no mato sem cachorro são os pobres estudantes, são jogados para as traças, ficam a mercê de um ensino precário, sem nenhuma perspectiva de futuro.
Perdoem-me os ofendidos, estou apenas usando o sagrado direito garantido pela nossa constituição, o qual é o direito de expressar meu pensamento. Não só expresso meu pensamento. Não só expresso meu pensamento, mas também minha profunda indignação.
Sabendo que a educação e coisa fundamental para o nosso desenvolvimento, então porque virar as costas e não olhar com mais carinho para este problema, o qual é sem sombra de duvida o único caminho para levar o nosso país a um patamar mais elevado para podermos equiparar com as grandes potencias mundiais.
Da maneira que esta o ensino publico no nosso país, nós não iremos chegar a lugar nenhum. O governo faz de conta que todos estão freqüentando os bancos escolares, os professores fazem de conta que estão ensinando, e os alunos fazem de conta que estão aprendendo. Sendo assim tudo esta bem, se esta bem para ambas as partes, porque alguém vai se preocupar? Vamos continuar a formar um monte de semi-analfabetos. Estes infelizes fatalmente serão escravos do futuro.
Esta crônica foi extraída do livro, Crônicas, indagações e teorias. Autor Paulo Luiz Mendonça.
Prof. Dr. Fernando Capovilla, IP-USP
O poder que os dirigentes governamentais têm em manipular a opinião pública é de tal forma que acaba alienando quase toda a sociedade. Marx já dizia isso.
Buscaremos os verdadeiros culpados e os anunciaremos/denunciaremos...
precionados a radiografar a precariedade do ensino no Brasil.
O déficite é alarmante; a leitura foi banalizada; a responsabilidade de pais e mestres não é compatível com o que se deseja para uma educação de boa qualidade.
Ateciosamente,
Mª Lúcia Costa, compositora de Itabuna-Ba.
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