Queda nos juros leva país a economizar R$ 50 bi!
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- Waldemar Rossi
- 28/05/2009
A informação acima vem dos jornais da burguesia, os mesmos meios de comunicação que sempre defenderam a política financeira dos últimos governos. Em que isto implica? "A redução da taxa básica (dos juros que o país vem pagando) altera o cenário econômico e reduz drasticamente os ganhos das aplicações financeiras", diz o Estadão de segunda-feira (25/05). Ora, se reduz os ganhos das aplicações sobra dinheiro para outros fins muito mais nobres. Será?
A redução dessa taxa atinge, claro, a todos os setores de investimentos em poupança ou títulos da dívida pública. E não poderia ser diferente, porque o "engordamento" das contas bancárias vem se fazendo em cima dos consumidores, que são os que pagam todas as contas.
De forma especial, o povo vem pagando porque a taxa elevadíssima dos juros bancados pelo governo federal faz com que o governo retire dinheiro do orçamento para fazer "caixa" e repassar esse dinheiro para os particulares (externos e internos) que nada produzem de riquezas.
Os comentaristas financeiros acreditam que se isso é positivo não é ainda o suficiente porque as taxas, apesar da queda, continuam as mais altas do mundo. E continua a sangria dos nossos cofres públicos – sem falar nas taxas dos bancos particulares que são a maior aberração.
E aqui vai uma reflexão: durante os últimos 14 anos os movimentos sociais vinham pressionando para que os governantes rompessem com essa política de acordos espúrios com os nossos "credores" nacionais e internacionais. Essa pressão pública foi mais acentuada durante os oito anos do governo de FHC. Curiosamente, parte desses movimentos arrefeceu essa pressão a partir do momento em que Lula foi eleito presidente.
E Lula não apenas manteve tal política como a ampliou de forma criminosa. Tanto é que, após mais de seis anos de governo, o total da dívida pública foi elevado de cerca de R$ 600 bilhões para mais de R$ 1,5 trilhão – mais que dobrou essa dívida –, além de ter pagado com juros e pequenas amortizações quase um trilhão de reais. Pensem no montante que é tal roubo oficial!
Os setores do movimento social que não se enquadraram nas orientações políticas de Lula, e que não aceitaram espaços na administração pública – porque não se vendem por favores - vêm insistindo que é necessário romper com essa dependência e, assim, poder usar nosso dinheiro para atender às necessidades do povo, com: ampla reforma agrária, política habitacional para a população mais carente, reformulação total do sistema público de saúde, revolução no sistema de educação, investimentos em saneamento básico, construção de meios de transporte ferroviário, preservação do meio-ambiente, entre tantas outras carências.
A razão principal dessas reivindicações é que investimentos nessas áreas geram trabalho permanente para os milhões que estão marginalizados, distribuição de renda, crescimento econômico sustentável e duradouro e colabora para a redução da violência que campeia o Brasil. Além de nos tornar muito menos vulneráveis diante dos humores do capital internacional, cortando o "cordão umbilical" dessa dependência.
E hoje, diante de tanta desgraça que afeta o povo do nordeste - assim como as desgraças que atingiram o povo do sul no início do ano -, podemos imaginar o quanto se poderia ter evitado dessas tragédias se houvesse, em primeiríssimo lugar, um verdadeiro compromisso com a vida do povo brasileiro e não com o capital especulador, predador, criminoso.
Podemos imaginar que, a partir das verdadeiras carências regionais, teria sido possível evitar que milhões se estabelecessem em moradias paupérrimas em áreas de risco, tanto no campo quanto nas cidades.
Reflexões como estas deveriam ser feitas por tantos quantos resistiram, até agora, em ter postura crítica e independente em relação a partidos e governos, sejam eles municipais, estaduais ou federal. Nosso compromisso tem que ser com a vida do nosso povo.
Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.
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