Economia e vida
- Detalhes
- Waldemar Rossi
- 04/02/2010
Em primeiro lugar é necessário fazer um alerta aos que se dizem ateus ou não crentes: sob o título acima, a Campanha da Fraternidade deste ano traz rico material de reflexão e de orientação para a constante busca da construção de outra sociedade. Assim, se faz necessário conclamar aos "de boa vontade" a gastarem um pouco do seu precioso tempo para conhecer mais esta contribuição das Igrejas do CONIC (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil), pois a construção de uma sociedade onde imperem a justiça, o direito e a solidariedade é obrigação de todo o seu conjunto, independentemente de suas crenças diferentes.
Fazendo eco aos reclamos e às necessidades do povo brasileiro, que não cessa de clamar por justiça, a Campanha da Fraternidade de 2010, de caráter ecumênico, abordará um tema que é de interesse de toda a sociedade: Economia e Vida. Seu lema segue orientação evangélica, que vai na mesma linha de "vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro".
O Texto Base (TB) chama a atenção para a defesa da justiça e a prática da solidariedade, colocando a vida como o bem maior e a economia ao seu serviço, e não vidas a serviço da economia. O Texto é também uma clara condenação do atual sistema como responsável direto pela concentração de riquezas, pela geração e multiplicação da miséria e da morte prematura, quer seja pela violência das guerras, quer seja pela violência da miséria e da fome, conforme as seguintes citações:
"A organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação – FAO – prevê que o número de pessoas que passam fome chegará a um recorde de 1,02 bilhão neste ano, sendo esta situação exacerbada pela persistente alta dos preços dos produtos alimentícios básicos, a partir da crise alimentícia de 2006-2008".
"Segundo o Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS), em 2007 existiam, no Brasil, 10,7 milhões de indigentes (famintos), e 46,3 milhões de pobres, ou seja, sem acesso às necessidades básicas, alimentação, habitação, vestuário, higiene, saúde, educação, transporte, lazer, entre outras...".
Conclama a "denunciar a perversidade de todo o modelo econômico que vise em primeiro lugar o lucro, sem se importar com a desigualdade, miséria, fome e morte".
É Objetivo Geral desta campanha: "Colaborar na promoção de uma economia a serviço da vida, fundamentada no ideal da cultura de paz (...) para que todos contribuam na construção do Bem Comum em vista de uma sociedade sem exclusão".
Inúmeras situações de degradação da vida são abordadas, apontando para suas causas estruturais: a lógica do mercado; a vida a serviço da economia, a transformação de bens naturais, como a água, em mera mercadoria; a criminosa concentração de terras; a devastação do Planeta Terra; a exploração do trabalho, inclusive com trabalho escravo; números de famintos; a cultura do consumismo.
Conclama todos a unirem esforços para a educação rumo à libertação, organização e ação popular coletiva, a fim de exigir mudanças estruturais, enfim, a acreditar que "um outro mundo é possível".
Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.
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