Economia e a Política
- Detalhes
- Waldemar Rossi
- 12/02/2010
Entramos em 2010, ano das eleições nacionais e estaduais, e já deu pra notar que a mídia burguesa já nos impôs sua pauta: através das "pesquisas eleitorais" os meios de comunicação estão condicionando o povo a conversar sobre quem será o próximo presidente ou governador. Discute-se a superficialidade dessa gangorra chamada "Pesquisa de intenção de voto", uma verdadeira isca que esconde o anzol que vai camuflado. E o povo vai beliscando a isca pouco a pouco até o momento de engoli-la por inteiro, e aí estará fatalmente fisgado.
Desde há muito os processos eleitorais são uma farsa, um verdadeiro processo de despolitização das massas, que passam a jogar no tabuleiro dos interesses do capital: escolher quais os políticos que irão gerenciar a economia nacional ou estadual direcionadas para atender aos interesses das grandes empresas da construção, do agronegócio, das montadoras, do petróleo e seus derivados e, sobretudo, dos grandes bancos privados e ou privatizados.
O que mais nos faz lamentar tal situação é a disposição da chamada militância partidária em nos enfiar goela abaixo seus candidatos, sem o menor escrúpulo, sem o menor interesse pela verdadeira educação política. Cada um desses "cabos eleitorais" tentará convencer os eleitores de que seu candidato é "o bom" e que o outro "tem uma prática política ruim". Sem explicar o que é ser bom ou o que é ter uma prática política ruim. Pura adjetivação, meros chavões desprovidos de conteúdos.
Algo que tais cabos eleitorais não fazem, porque não conhecem, é o fornecer aos eleitores o esclarecimento do papel da economia na vida política nacional ou estadual e na qualidade de vida do próprio povo. Não abordarão as questões centrais dos desvios do dinheiro dos orçamentos (nacional ou estadual) para fins criminosos, como pagamento da agiotagem da "dívida" pública, financiamento de empresas em via de falência, sustentação do agronegócio exportador, construção de hospitais e escolas particulares, mensalões, e outros "ões" mais. Não vão explicar que esse dinheiro sai do nosso bolso e que deveria voltar para o povo em forma de saúde e educação públicas de qualidade e em quantidade necessária ao atendimento universal (isto é, para todos). Não explicarão que esse dinheiro que vem sendo desviado deveria retornar ao povo em forma de transporte nacional ferroviário, em reforma agrária, em saneamento básico. Mas irão justificar a construção de estádios de futebol e de ginásios esportivos para o circo da Copa do Mundo e das Olim"piadas"- que nada mudarão nas estruturas política, econômica, social e cultural deste país. Os candidatos e seus cabos eleitorais farão mil e uma promessas que, já sabemos muito bem, jamais se cumprirão.
Assim, aos poucos, envolvidos emocionalmente pela propaganda eleitoral acabarão torcendo por este ou aquele candidato, sem jamais entender o porquê dessa "escolha" que vai lhes sendo impingida, enfiada goela abaixo.
Não sabe, a imensa maioria dos nossos eleitores, que a base de um governo está no seu projeto de política econômica, se esse projeto está voltado para o atendimento às necessidades vitais do povo, voltado para resolver os gargalos que impedem o verdadeiro desenvolvimento econômico e social do país. E não sabe por que não foi educado a entender minimante de economia política. Muito pelo contrário: vem sendo "educado" há anos para pensar que é incapaz de entender de economia, vem sendo "educado" para ser ignorante e ter complexo de inferioridade. Assim, escolhe entre aqueles que os "sabidos" lhes apresentam como "os bons".
É chegada a hora, o momento histórico de ajudarmos nosso povo a compreender que "economia não é bicho de sete cabeças"; que, se cada um dedicar alguns preciosos minutos diários e ler sobre economia política, se participar de alguns debates com gente séria e entendida, em pouco tempo passará a saber o básico, o essencial da política e da economia política e, com tal entendimento, terá forças para se unir a tantas outras pessoas que também estarão fazendo tal aprendizado, passará a exigir, com o conhecimento adquirido, tudo o que é direito do povo e dever do Estado.
Em bom e oportuno momento, as Igrejas Ecumênicas lançaram – este ano – a Campanha da Fraternidade com o tema "Economia e Vida", um Texto Base que fornece ótimos instrumentos para fazer o intróito nesse suposto labirinto da economia e a sua relação com a vida do povo. Oxalá todos os clérigos e cristãos mais conscientes dediquem bons momentos de estudos e reflexões sobre o tema e propiciem oportunidades a que os seus irmãos na fé se apropriem do conteúdo. Oxalá muitos políticos de carteirinha façam o mesmo com seus eleitores. Para o bem do povo. Pois, como diz o lema da CF-10, Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro.
Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.
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Comentários
Precisamos utilizar este espaço para dizer que não há alternativa fora do socialismo, não há futuro para a humanidade com esse modelo que aí está !!!
Por isso tudo, Plínio neles !!!
Sds,
Nelson Breanza
Eis a dialética da democracia política partidária contemporânea.
Mas, preconizava o Voto para os Parlamentos estaduais e federal, dizendo que precisávamos eleger parlamentares não para o jogo convencional, mas para usar seu mandato de frente para o Povo e, de certa forma, de costas para o Congresso e Assembléias Legislativas - lógico que usando a proteção devida...).
Aliás, esta posição apenas afirma as minhas pretensões Reformistas Radicais (lembrem de Makhno e me achem um Santo...), Verdadeiras e Populares, como estágio para que nosso Povo forme consciência, mas também se aproprie o mais possível dos tais Meios de Produção Industrial e Agroindústrial, Terra e Meios de Comunicação Universais, avançando sobre o Poder Politico e Governos, com a famosa e infalível Mobilização Popular.
Hoje, penso igual, estrategicamente. Apenas acho que seria oportuno, o lançamento de uma Anti Candidatura que não fizesse de conta que está a disputar o pleito, ao contrário alertando para seus vícios, que pudesse fazer a crítica correta à equação entreguista com doação de migalhas ao Povo carente, tanto do PSDB quanto de Lulla-Dilma. Que alertasse contra a manipulação e depreciação de índices de desenvolvimento e de sucesso de ações governistas (a dengue e o desmatamento na Amazônia não diminuíram, ao contrário de propaganda massiva e enganosa - como atestam os dados oficiais deste ano).
Seria um Polo de Denúncias Fundamentadas e de Colocação de Alternativas, TODAS elas passando pela consciência e Mobilização Popular, trazendo o discurso para uma chamada de atenção ao Povo, que não se engane com estas esmolas, mesmo que tenha de recebê-las por questão de sobrevivência. Já sugeri que, o que chamo de "estética da pobreza", onde se mostram as misérias do Povo, como se ele não soubesse disso, seja triocado pela "estética dos ricos", onde sejam passados filmes de como esta Burguesia se empanturra, se diverte e gasta muito, enquanto o Povo come paçoca. Fazer a relação desta Burguesia com os políticos que são elitos. Cosas simples assim.
Mas, faria-se uma Campanha apelando para a generosidade de companheiros em aderir a uma Anti candidatura, na verdade um Vto de Protesto, como o Nulo.
Admito até a renúncia do Anti Candidato, denunciando a dominação econômica das eleições, logo após o limite de seu nome não poder mais sair da urna, contando como Voto Nulo, então. E concentrando a campanha na eleição de Parlamentares, ao menos bem votado em um arco de aliança tácita dentro da perspectiva de um mandato popular, realmente.
Se um Partido que se coloque como Anti Capitalista, aliado das Forças e Governos Anti Capitalistas e Anti Imperialistas (notadamente en Nuestra America)se posicionar desta forma, creio que seria uma forma interessante contra o MESMISMO eleitoral, tentando criar fatos políticos impossíveis de serem ignorados, concentrando em inserções maiores, com menos vezes durante a Propaganda Eleitoral Gratuita, e chamando para a mobilização de setores que possam querer maqnifestar um Protesto Eleitoral, mas de forma visível e nem tão dispersiva como vejo o Voto Nulo, mas sem usar algum recurso e visibildade para fazer um chamanto à reflexão sobre a Manipulação do Voto e dos "Benfazejos" Governamentais de Lulla e de seus Opositores que o antecedeu.
Voto Nulo, mas de Protesto Real, dentro de uma tática eleitoral que permita o uso do Tempo e verba disponível para uma candidatura inusitada, que certamente teria algum espaço.
Sinceramente, acho que o Plínio poderia caminhar algo nesta direção, mesmo que não com total radicalidade na forma, mas o PSOL foi, a meu ver, irremediavelnte atingido por problema proveniente da Costela Defeituosa que, lamentavelmente herdou do PT. A diferença de visão das três candidaturas existentes (e a falta de generosidade de uma delas, a do Babá, a meu ver, é lógico), apenas mostra que a discussão de definição do PSOL é atrasada, ainda indefinida, que não irá fazr, certamente, avançar a Revolução Brasileira. A força que teve a inflexão conservadora de Heloísa Helena e Luciana Genro, é indicativo que o PSOL não é seguro para a esquerda (quiça algum Partido será...).
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