O Brasil precisa de um projeto voltado para o povo
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- Waldemar Rossi
- 28/04/2010
Dados recentes revelam o quanto faz falta um projeto político-econômico direcionado para atender às necessidades vitais do povo brasileiro.
No dia 27 deste mês a imprensa dava conhecimento de que o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) dispõe de 1,5 milhões de hectares de terras que seriam suficientes para assentar nada mais nada menos que 50 mil famílias de trabalhadores sem terras. Seriam módulos de cerca de 30 hectares para cada família (cerca de 16 alqueires paulistas ou 8 alqueires mineiros).
Acompanhados dos recursos financeiros e técnicos necessários, teríamos perto de 150 mil pessoas produzindo a alimentação que falta em milhões de lares brasileiros, uma vez que tal produção não estaria à disposição da exportação para os países ricos.
Imaginemos se o governo Lula, em vez de liberar para legalização-doação até 1.500 hectares de terras devolutas (portanto sob custódia do governo federal) para latifundiários grileiros, o tivesse feito em favor do povo que delas necessita, quanto teríamos de terras para assentar, não 50 mil, mas cerca de 5 milhões de famílias! E o quanto isto implicaria em produção básica de alimentos!
Sem esquecer que Lula prometeu que faria a Reforma Agrária "numa canetada". Além do que estaria contribuindo para o esvaziamento parcial das grandes cidades (tornando a vida urbana menos dolorosa, menos poluída, menos especulativa) e contribuindo para o desenvolvimento do nosso enorme interior, sem falar em tantas e tantas outras vantagens!
Defensores dos latifundiários e "amigos" do governo dirão que não há dinheiro para tanto. Pura mentira, e isto bem nos mostra Frei Betto, em seu artigo ‘Declaração de Voto’. Diz, entre outras coisas importantes: "Voto no candidato disposto a mudar a atual política econômica que, em 2008, canalizou R$ 282 bilhões para amortizar dívidas internas e externas e apenas R$ 44,5 bilhões para a saúde. Em termos percentuais foram 30% do orçamento destinados ao mercado financeiro e apenas 5% para a saúde, 3% para a educação, 12% para toda a área social".
E o dinheiro para a Reforma Agrária, como estabelece a Constituição e conforme sua promessa?
Desde o início do governo Lula, em 2003, que os movimentos e entidades sociais (que o apoiaram) vêm destacando a necessidade de uma verdadeira virada na política econômica nacional. Afirmando que o dinheiro arrecadado através dos impostos e taxas deve ser aplicado para o desenvolvimento dos setores que precisam de incentivo oficial, como a própria Reforma Agrária e as reformas do sistema de Saúde e da Educação públicas; em uma política de construção de moradias populares através dos mutirões; no saneamento básico destinado a todos os municípios (grandes, médios e pequenos); na construção de um sistema de transporte nacional (urbano e interurbano ferroviário, metrô e trens de passageiros e de carga); na preservação do meio-ambiente com a proteção de nossos rios e florestas e na recuperação de nossas matas nativas; em políticas de assistência libertadora das populações carentes; na verdadeira e legítima proteção aos nossos indígenas e populações ribeirinhas; no desenvolvimento das fontes alternativas de energia não poluidoras e não devastadoras e tantos outros setores mais.
Enfim, o Brasil tem urgência de um projeto político-econômico que gere desenvolvimento econômico em favor do desenvolvimento social, preocupado com a vida com muita qualidade para todo o povo brasileiro e não para o enriquecimento dos exploradores dos povos.
Mas será que teremos algum candidato que estará disposto, se eleito presidente da República, a implementar pra valer tal política? Constatamos, infelizmente, que estamos novamente dentro de um circo organizado pelo capital: o circo eleitoral. Estamos assistindo ao triste retorno da demagogia eleitoreira, dos ataques de candidatos a outros candidatos com acusações de crimes que estiveram engavetados à espera do processo eleitoral, das centenárias e falsas promessas de ajudar o necessitado, às mentiras e meias-verdades...
Entretanto, o desejo de se construir um projeto de justiça social para o Brasil não está morto, apesar do ceticismo que toma conta do nosso povo. Ele está vivo nas mentes e ações de milhões de brasileiros que não se submeteram e não se submetem à dominação ideológica do capital e não se tornaram lambe-botas de governantes. E, enquanto este sonho e desejo não estiverem mortos, a esperança estará animando todos e todas de boa vontade, independente de suas crenças particulares.
DIA 1º DE MAIO está próximo. É um momento oportuno para que o leitor, se ainda não estiver engajado, se juntar a todos e todas comprometidos com a solidariedade classista; é um bom momento de dizer um sonoro "NÃO" às centrais sindicais que organizam shows para dopar ainda mais as mentes dos nossos trabalhadores, shows financiados com dinheiro de grandes empresas nacionais e internacionais que exploram o mesmo trabalhador.
PARTICIPE DAS CELEBRAÇÕES EM MEMÓRIA DOS NOSSOS MÁRTIRES! NÃO DEIXE ESSA PETECA CAIR.
Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.
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Comentários
Nas regiões da grande Dourados-MS, durante o governo de Getúlio Vargas, foi feita a mior reforma agrária já vista na história do Brasil. Terra boa, vermelha do tipo massapé onde frondosas e altas árvres em florestas fechadas foram derrubadas e deu lugar à agricultura de cereais e outros. Hoje, passando por esses lugares, só encontramos algumas grandes chácaras de pequenos produtores leiteiros, pois, a maioria dos lotes que fora distribuído para os pobres daquela época passaram às mãos dos grande criadores de gados e tornou-se em enormes fazendas de engorda de gado.
A maioria dos atuais "com-terra" (ex-sem-terra") recebem do governo todos os tipos de incentivos e não produzem o equivalente ao dote recebido. Passam menos de dois anos com a posse do terreno e logo vende sob transferência para outros que tem a intenção de ir comprando pouco à pouco dos demais até formar uma fazenda. Depois, os pioneiros voltão às barracas de lona para adquirir putro pedaço de chão, como dizem, e isto torna-se um vício.
Outro tempo atrás fui contestado em minha opinião e questionaram-me por que o governo não mantém um cadastro. Não é fácil assim. Todo esse processo envolve milhares de pessoas desde os assessores de políticos regionais entreo os atendentes que preenchem fichas até o mais alto escalão dos governos, sendo que nessa corrente há ingerências de todos sem excessão. Nós brasileiros carregamos dois genes violento em nossos consciente e subconscientes. São eles o da corrupção congênita e a do achar que os outros fazem podemos fazer e criticá-los nos escondendo em pelegos de cordeiros.
Não há interesse do Poder Público em criar um cadastro único centralizado com todas as informações dos sem-terras. Essa massa de infelizes servem de manobra política para todos vetores da administração pública, desde os vereadores, prefeitos, deputados estaduais, governadores, deputados federais, senadores, e portanto, não presidente da república ou ministro que dê jeito nesta situação.
No embalo de uma Audiência Pública vitoriosa ocorrida ontem, dia 28, na Câmara Municipal de Niterói, onde compareceram cerca de 700 pessoas, sendo 95% vindas das comunidades desassistidas, vimos um espetáculo de Cidadania plena, onde todos puderam expor suas questões, e com a omissão inclusive presencial dos representantes do Executivo e legislativo Niteroiense, à exceção dpos parlamentares que convocaram aaudiência, o Renatinho e Marcelo Freixo (PSOL).
Assim, no Sábado haverá concentração no Bairro de Caramujo, com caminhada ao Morro do Céu (Lixão) e descida pelo Bumba, onde morreram cerca de 200 pessoa.
Quem sabe também, no fim da tarde não aprecemos no Ato Oficial da Prefeitura e Força Sindical, para mostrarmos que Protesto e Sorteio de Carros não combinam.
Waldemar, como sempre, acerta na mosca e mata os ratos.
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