Modelo econômico e dependência
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- Waldemar Rossi
- 30/06/2010
O Estado de S. Paulo do dia 27 último, em seu caderno sobre Economia, dá destaque para o fato de que o Brasil está importando mais do que em qualquer outro tempo. Importação de material que já deveria estar sendo fabricado no Brasil há décadas.
Importamos de tudo, desde máquinas, computadores e todos os seus componentes a minerais não metálicos, tecidos, carros em larga escala, além das bugigangas que vêm da China e de outros países asiáticos. São rios de dinheiro que saem, garantindo emprego naqueles países, enquanto nossa juventude fica à mercê do desemprego ou dos baixos salários e trabalhos precários.
Desde os tempos da ditadura militar, de tão triste memória, que o Brasil adotou um modelo econômico dependente do capital transnacional (à época chamado de multinacional), predador, em profundo prejuízo para a economia e para o povo brasileiro.
Convém não esquecermos que Getúlio Vargas vinha pondo em prática um modelo de desenvolvimento industrial nacionalista, isto é, com tecnologia nacional – embora retardatária em relação à Europa e Estados Unidos –, amparada nos recursos financeiros acumulados pelos barões do café e do leite, além, é claro, dos maravilhosos "incentivos" do próprio governo que direcionava dinheiro do orçamento nacional (dinheiro do povo, portanto) para garantir que a indústria crescesse aqui sem depender do capital internacional. Tratava-se, sem dúvidas, de um modelo capitalista, porém escorado numa concepção nacionalista.
Quem mudou definitivamente essa direção da nossa economia foram os militares, aliados históricos do imperialismo estadunidense, com o apoio político da famigerada UDN (União Democrática Nacional), partido de extrema-direita da época. A adoção do modelo industrial multinacional viria a colocar o Brasil sob a total dependência do capital alienígena, que sempre visou nos explorar ao máximo. Depois de alguns anos de grandiosa produção em larga escala, o modelo começou a mostrar seu "canto de sereia" que levou milhões de brasileiros a se deslocarem do campo para os grandes centros em busca da felicidade alardeada pela mídia. Entrou em declínio de produção e de vendas, gerando desemprego e todas as suas graves conseqüências.
Porém, o capital aqui instalado não aceitou reduzir seus lucros e nem perder o controle sobre nossa economia. Jogou pesado para assegurar que os que viessem suceder os governos militares estivessem sob seu comando. E conseguiu. O grande vilão da nova fase da vida política do país – chamada de "democrática" – viria a ser principalmente o PSDB, um partido composto de "cidadãos" que tinham sido de esquerda anos antes, mas que já tinham sido cooptados pelo poder do capital neoliberal, via FHC, que fora guinado a ministro de Relações Exteriores.
Se não foi o único vilão da época, o tucanato se prestou a fazer o grande jogo de colocar o país ainda mais dependente do capital transnacional. Nossas empresas estatais, estratégicas para o desenvolvimento econômico nacional, foram "leiloadas" e entregues "de mãos beijadas" às grandes empresas, em sua maioria estrangeiras (americanas, européias, japonesas...).
Por outro lado, o mesmo tucanato ampliou consideravelmente a política de produção do setor primário – extração mineral e produção agropecuária – para a exportação. Objetivo: garantir a entrada de dólares, que o governo foi comprando com dinheiro do orçamento federal, a juros elevadíssimos, para fazer o "superávit-primário", e com isso garantir os compromissos com a agiotagem das Dívidas Externa e Interna, sem reduzi-las, porém.
Se os tucanos traíram o povo brasileiro, a política "lulo-petista" não deixou por menos. Somos hoje muito mais dependentes do capital internacional e vivemos ao sabor dos seus humores. Assim, a cada oscilação do mercado internacional - que vai se tornando cada vez mais freqüente -, a economia brasileira se põe em sobressaltos. Em pouco tempo, as aparentes recuperações da economia e do emprego entram novamente em recesso. E quem sofre as conseqüências desse vai e vem da economia em crise são em primeiríssimo lugar os trabalhadores.
No início do governo Lula (2003), os movimentos sociais de âmbito nacional se organizaram, desenvolveram amplo debate sobre os rumos da política econômica nacional aplicada também pelo governo petista. Apresentaram documento apontando para os "gargalos" que vêm travando o desenvolvimento econômico do país, indicando onde o dinheiro do povo deveria ser aplicado para que, em poucos anos, pudéssemos alcançar a nossa autonomia, gerando postos de trabalho permanentes, promovendo distribuição de renda e, de fato, ir progressivamente eliminando a pobreza e a miséria reinantes em nosso país, desde os tempos coloniais.
No entanto, Lula virou as costas para os movimentos sociais, que foram parte importante para sua eleição. Mas o documento está "guardado na lata do lixo do Palácio do Planalto" e o povo paga um preço muito caro por tamanho desprezo para com as suas necessidades vitais. Não é por menos que os grandes empresários nacionais e internacionais estão felicíssimos com o desempenho do governo petista, pois nunca poderiam imaginar que o lulo-petismo fosse mais eficaz que o tucanato.
Não se iludam os amantes e defensores incondicionais da política lulista. O tempo se encarregará de revelar o grau de tamanha traição, como vem mostrando o que foi a traição nacional dos militares golpistas, pois "um governo que semeia ventos fará seu povo colher tempestades".
Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.
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Comentários
“Os aposentados e pensionistas do Banespa admitidos até 22 de maio de 1975., a partir da vigência da Resolução Senatorial nº 118, de 1997, que permitiu ao Estado de São Paulo contratar refinanciamento das suas dívidas com base no protocolo de acordo firmado com a União, foi determinada a securitização das obrigações para com os aposentados e pensionistas do Banco Banespa, por meio de títulos escriturados no sistema Secutirizar da Central de Custódia e Liquidação Financeira dos Títulos – CETIP.
Não obstante o fato de o Banco Santander, que, ao ter assumido o controle acionário do Banespa, não regularizar a situação do passivo trabalhista, procedeu ainda à alienação dos Títulos Públicos inalienáveis, no valor de R$7 bilhões, os quais garantiam as complementações de aposentadorias previstas nas Leis Estaduais nºs 4.819, de 26 de agosto de 1958, e 200, de 13 maio de 1974.
Em contrapartida ao descumprimento das normas supracitadas, o Banco Santander ofereceu aos funcionários aposentados um plano de previdência fechada, por meio da Banesprev, que buscava cumprir com alguns dos preceitos outrora constituídos para garantia da dignidade dos vencimentos mediante a desistência da maioria dos direitos constitucionais adquiridos.
Recentemente, o Banesprev apresentou o Plano Banesprev V, onde, além de ignorar os direitos de aposentados e pensionistas, oferece índices inferiores de correção às complementações de aposentadoria, tornando a contrariar o disposto na Resolução nº 118, de 1997.
Em pleno século XXI, à luz de um Estado democrático de direito, os órgãos responsáveis pela fiscalização dos atos a que são submetidos as instituições bancárias não devem permitir omissões…”
Ninguém toma nenhuma atitude e continuam naquela de não sei de nada e não vi nada!
Até quando seremos desrespeitados !!!!!!!!!
O problema é que, independente desta lavagem cerebral que Lula está fazendo isso e aquilo (é só ver as contas do governo e a exoneração de nossas riquezas, além do régio pagamento de R$200 bi anuais DE JUROS da dívida interna, que aumentou R$30 Bi só com o último aumento da taxa de juros, que podemos ver que Lulla não está indo na direção oposta de FHC, mas sim, ao seu econtro. Por isso a nossa crítica
Os juros, bem estes se são nominalmente a metade do que eram com FHC, mantém o mesmo "spread" (= diferença do custo de captação de dinheiro pelos bancos e a taxa de empréstimos que praticam), bem, estes continuam iguais, em cerca de 9%, que é o que interessa aos bancos. E manter os juros neswte patamar de Lulla, com o quadro internacioanla ter vivido uma bonança de oito anos (de Lulla) é retirar em favor dos bancos (=pagamento de juros dos papéis da dívida pública, cujos donos são os capitalistas)todo o acúulo que a sociedade produziu no período.
Vai ver que é por isso que Lulla não exige de Meirelles, as fontes que custeiam oa aumentos de juros, como faz a cada proposta quepretende aumentar salários, por exemplo, ou investimentos públicos, que aliás andam pelos medíocres 5% do PIB (A Venezuela apica 30%).
O preço da crise "marolinha" é altíssimo, e corresponde à entrega de nossas riquezas.
Discutir política com mentiras, é arma da Rede Globo, e não devia ser usada aqui no Correio. Mas já que são, não ficam sem resposta.
Tudo de oito anos para cá acontece o contrário e é criticado pelos que acham que quanto pior é melhor.
Vale lembrar que a indústria naval "nacional", que Lulla diz que reativou, acaba de anuciar que irá importar o aço necessário, para chegar na média de 50% de componentes importados, que compõem os navios encomendados pelo governo, para serem fabricados aqui, além de carros fabricados pela "pujante" indústria "nacional".
Valeu, Waldemar!
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