Correio da Cidadania

Uma notícia paralela, ou nem tanto

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No dia 16 de agosto, O Estado de S. Paulo publicou notícia atípica, com título malicioso: "Churrasco de Tarso acaba com ministro mordido". O ministro mordido foi Fernando Haddad.

O resultado do churrasco foi a mordida... Graças ao restante da matéria (assinada por João Domingos, de Brasília), vemos que tudo não passou de um susto. O curioso é que a mordida ocorreu "há pouco mais de um mês", possivelmente no início de julho. Por que tanto tempo para noticiar acidente tão inexpressivo?

"Era domingo, no fim de um churrasco na casa de Tarso. Haddad foi até a cadeira onde estava Sandra para se despedir e Faísca, no colo dela, não gostou da aproximação do desconhecido e reagiu com uma mordida. [...] Tarso sugeriu que a ferida fosse lavada com água e sabão; depois, tratada com o velho mercúrio cromo. Depois ainda, lembrou de aconselhar Haddad a procurar um médico imediatamente. Mas o ministro da Educação apenas lavou o local com água e sabão. Alegou que fora um arranhão, apenas".

Faísca, o nome da cadela, combina com o clima do churrasco... A mordida anunciada torna-se mero arranhão. O ministro Tarso (é uma questão de justiça!) naturalmente mantém em dia a carteirinha de vacinação da cadela. Mas, afinal, que sentido tem essa matéria? O que a mordida tem a ver com as reuniões realizadas nos bastidores de Brasília? Haverá algum significado arcano no fato de uma cadela morder, mesmo que levemente, o rosto de um político? E será esse político (ainda) desconhecido? "Faísca" sugere algum tipo de simbolismo no contexto dos planos e acordos em busca de um candidato petista que dispute as próximas eleições para a presidência da República?

Talvez mais adiante encontremos alguma pista... A matéria sobre a terrível mordida encontra-se na página A9. Vide verso. Na página A10, Lisandra Paraguassú refere-se a outra mordida, esta nas reservas do MEC: "Nove ONGs desviaram R$ 2,2 milhões do governo". Prometeram alfabetizar jovens e adultos e não o fizeram. Embolsaram a verba, mas não ensinaram o verbo.

Em julho, a mídia havia denunciado a existência de irregularidades no programa Brasil Alfabetizado. O MEC não disse que não viu. Foi ver. Fez auditoria. E devolve à mídia mais informações. As investigações continuam. Muita água e sabão para cuidar dessa mordida!

 

 

Gabriel Perissé é doutor em Educação pela USP e escritor.

Web Site: www.perisse.com.br

 

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