Correio da Cidadania

Obama começa a fechar Guantánamo

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Quando assumiu seu primeiro mandato, Barack Obama prometeu que fecharia Guantánamo em um ano. Não cumpriu.

 

Os republicanos lançaram mão de várias jogadas no Congresso para manter a prisão aberta.

Como naquela época Obama acreditava possível “governar com todos os norte-americanos”, ele foi engolindo sapos para agradar seus oponentes, apesar de eles serem minoria nas duas casas do Legislativo.

 

Esperava tornar sua oposição pelo menos construtiva, o que não conseguiu, nem de longe. No segundo período do governo Obama, com os democratas em minoria na Casa dos Representantes, os republicanos aprovaram uma série de leis que garantiam a permanência da prisão.

 

Várias vezes, Obama disse que iria vetar, pois Guantánamo seria uma mancha na reputação dos EUA.

 

Mas sempre havia interesses em jogo, valeria mais a pena esquecer as promessas de veto e não irritar os republicanos para não ferir a onça com vara curta.

 

No fim deste ano, Obama resolveu cumprir sua promessa de 2009. Vetou o orçamento de Defesa para 2016, que continha autênticos jabutis: a proibição de se transferirem prisioneiros de Guantánamo para o território dos EUA, o aumento nos bloqueios da mudança dos já libertados para outros países e uma lista de países para onde os prisioneiros jamais poderiam ser enviados.

 

Justificando seu veto, apenas o quinto nos sete anos do seu governo, Obama declarou diante das câmeras de TV: “essa legislação especificamente impede nossa possibilidade de fechar Guantánamo de um modo, como já repetidamente afirmei, contraproducente em relação a nossos esforços para derrotar o terrorismo em todo o mundo. Guantánamo é um dos principais mecanismos para se recrutar jihadistas. Chegou o tempo para que nós o fecharmos... Podemos fazer mais em favor da segurança do povo, sem deixarmos de ser consistentes com nossos valores”.

 

E terminou com voz firme: “uma vez que que esta lei iria solapar a segurança nacional, eu preciso vetá-la”.

 

O pessoal das organizações de direitos humanos norte-americanas está rindo à toa. Mas a luta não acabou.

 

O lance de Obama foi apenas um gol, é verdade que decisivo. Ele precisa marcar outros para o jogo acabar com vitória.

 

Tem de convencer o Congresso a não derrubar seu veto. Determinar os locais onde os prisioneiros serão alojados. Promover o julgamento dos que ainda não foram processados. E encontrar países que aceitem receber aqueles que continuam presos, mesmo não se tendo provado quaisquer culpas.

 

No entanto, o mais difícil já foi feito. No fim do seu mandato, Obama cumpriu a mudança prometida.

 

Demorou, mas valeu!

 

 

Luiz Eça é jornalista.


Website: Olhar o Mundo.

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