Trump sabe o que diz
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- Luiz Eça
- 23/12/2015
Há muito método na aparente loucura de Donald Trump. Quando ele chamou os emigrados mexicanos de contrabandistas, traficantes, proxenetas e outros qualificativos semelhantes todos disseram que o homem não sabia o que falava.
Sabia, sim, nos dias seguintes ele já aparecia como o líder entre os pré-candidatos presidenciais republicanos.
Donde se provou que havia mais antimexicanos entre os republicanos do que adeptos do respeito a todos os povos. Ou que, no fundo, eles eram influenciados pelas séries de TV onde os traficantes e gangsteres menores costumam ser oriundos do México ou de outros países centro-americanos.
Mais chocante talvez, porque oportunista, foi sua proposta de proibição de asilo nos EUA aos refugiados sírios.
Alegou o boquirroto bilionário que assim se evitava a entrada de perigosos terroristas que abundariam entre os exilados.
Aí, os protestos foram gerais e contundentes. Trump se excedera em desumanidade e racismo.
Até Netanyahu criticou.
Aparentemente, os fatos estão demonstrando que Trump é um pragmático supereficiente, sem escrúpulo algum, mas eficiente.
Em pesquisa do You Gov, 55% dos respondentes diz ter uma opinião “desfavorável” dos muçulmanos.
Em outra pesquisa, apenas 38% dos estadunidenses eram favoráveis à concessão de asilo aos refugiados, contra 61% que negavam.
Entre os republicanos, somente 17% aceitavam a entrada dos refugiados. O que não é de causar espanto, pois, em setembro deste ano, 43% destes membros do partido de Bush garantiam que
Obama era muçulmano, segundo pesquisa CNN/Opinion Research Corporation.
O dado definitivo é que, apesar de suas desumanas declarações, Donald Trump segue liderando a corrida pela candidatura presidencial republicana, com 30%, o dobro do segundo preferido, o ultraconservador Ted Cruz, candidato do Tea Party, com 15%.
Deus salve a América.
Luiz Eça é jornalista.
Website: Olhar o Mundo.