Correio da Cidadania

O maior lobby pró-Israel dos EUA perde força

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A AIPAC é o mais poderoso dos lobbies pró-Israel dos EUA, com orçamento anual de cerca de 70 milhões de dólares, 200 funcionários e mais de 100 mil membros ativos.

 

Em 2006, Richard Cohen, no Washington Post, calculou que 60% dos fundos de campanha do Partido Democrata e 35% do Partido Republicano vieram da AIPAC, que conta ainda com o apoio de centenas de programas de rádio, TV e jornais em todo o território norte-americano.

 

Sua atuação em defesa dos interesses de Israel é constante e agressiva. Quem apoia suas campanhas sabe que contará com ela nas próximas eleições. Quem a contraria, sabe que terá de vencer suas barreiras para se eleger.

 

Por isso mesmo, tanto parlamentares republicanos quanto democratas costumam aderir em massa às propostas do lobby.

 

Para dar uma ideia da sua força, a declaração final da convenção democrata que lançou Obama à reeleição foi submetida à AIPAC antes de oficializada.

 

Nas conferências anuais da AIPAC não faltam centenas de deputados, senadores, prefeitos, governadores e até presidentes.

 

No entanto, as coisas estão mudando nos EUA. A AIPAC tentou erguer a política norte-americana contra a nomeação do ex-senador Hagel a secretário de Defesa. Ele tinha se negado a assinar manifestos do lobby israelense e se portado de forma independente em outras questões.

 

Mesmo assim, Obama nomeou Hagel. A AIPAC secundou fortemente o presidente quando ele declarou sua vontade de bombardear Damasco por indícios de que Assad usara armas químicas.

 

Mas a maioria do Senado era contra, o presidente desistiu e os lobistas saíram falando sozinhos.

 

Por fim, a mais grave derrota: a AIPAC empenhou-se ao máximo para que seus amigos no parlamento apoiassem lei para praticamente transformar o acordo nuclear com o Irã em letra morta.

 

Investiu 30 milhões de dólares numa campanha para denegrir o acordo. As chances de vencerem eram grandes.

 

Os senadores republicanos, reacionários por sua própria natureza, votariam em massa contra a proposta de Obama.

 

E bastava que apenas 12 dos senadores do Partido Democrata, habituais signatários dos manifestos pró-Israel, formassem ao lado da AIPAC. Mas deu zebra.

 

Apenas três senadores democratas puseram os interesses israelenses acima dos interesses estadunidenses e ficaram contra o acordo.

 

Sabe-se que, ainda de ressaca, os dirigentes da AIPAC procuraram descobrir meios de recuperar sua agradável invencibilidade.

 

Segundo Eli Lake, ainda não se fez luz nesse túnel. A ideia de punir os senadores traidores foi rejeitada.

 

Poderia transformá-los em inimigos. Porém, a AIPAC ainda tem muita munição para gastar.

 

As eleições vêm aí e as finanças de campanha de muitos parlamentares democratas poderão obrigá-los a fazer seu mea culpa e voltarem contritos aos currais do lobby.

 

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Luiz Eça é jornalista.

Website: Olhar o Mundo.

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