Correio da Cidadania

Um novo fantasma assusta o Oriente Médio

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A tomada de Mosul pelo ISIL – Estado Islâmico do Iraque e do Levante – marcou uma nova e inquietante etapa nos conflitos do Oriente Médio.

 

Mosul é a segunda cidade do Iraque, com 1.500.000 habitantes, o centro de uma grande zona petrolífera.

 

O ISIL saqueou o Banco Central local, levando 429 milhões de dólares e mais vasta quantidade de ouro para financiar novas operações.

 

Pela primeira vez um movimento terrorista tomou uma cidade desse porte.

 

O ISIL já conquistou Faluja e Ramadi, capital da província de Anbar,  centro do Iraque.

 

E vem se expandindo nas regiões do nordeste da Síria e noroeste do Iraque, que são contíguas.

 

A província iraquiana de Nineveh está quase totalmente sob seu controle.

 

A fama de extrema violência dos membros do ISIL está causando um verdadeiro êxodo no norte do país.

 

Acredita-se que um milhão de pessoas  fugiram de seus lares, sendo que somente de Mosul foram cerca de quinhentos mil.

 

A importante cidade de Kirkuk é o próximo alvo desses fundamentalistas islâmicos.

 

O exército iraquiano não tem sido páreo para eles.

 

Lançou ataques na província de Anbar, mas não conseguiu desalojar o inimigo.

 

E em Nineveh, encontra-se em fuga desordenada.

 

Na Síria, o ISIL luta em dois fronts: contra Assad e contra os grupos de oposição ao governo de Damasco.

 

Os jihadistas controlam Raqqa, a única capital provincial em mãos de qualquer das forças rebeldes.

 

E se espalha pelas cidades ao longo do rio Eufrates.

 

O ISIL era originariamente um braço da al Qaeda, no Iraque.

 

Antes da invasão americana, o movimento de Bin Laden não existia no país, fortemente perseguido por Saddam Hussein.

 

Cresceu, capitalizando a indignação da população sunita contra a ocupação estrangeira.

 

Como membros da al Qaeda, os milicianos do ISIL promoveram  grande número de atentados, mesmo depois da retirada americana.

 

Em 2012, o movimento passou a atuar também na guerra da Síria, combatendo o exército de Assad.

 

Mas, criaram problemas para a insurgência como um todo.

 

Enquanto o objetivo dos outros grupos rebeldes é apenas mudar o regime sírio, o ISIL pretende criar um califado sunita, abrangendo Iraque, Síria e Líbano.

 

Para conquistar territórios, entrou em luta com outros movimentos que se opõem a Assad.

 

E assim vem ganhando o controle de muitas cidades e aldeias no norte da Síria.

 

Nelas impõe uma versão rígida da Sharia (lei islâmica medieval): proibindo bebidas alcoólicas, cigarros e danças e obrigando as pessoas a compareceram ao culto islâmico nas sextas-feiras e as mulheres a cobrirem o rosto com o niqab.

 

Seus milicianos praticam uma série de atentados sangrentos, assassinando indiscriminadamente  figuras do regime, chefes da oposição e civis.

 

Até para al Qaeda é demais. Em um comunicado, a organização condenou os métodos do ISIL, informando que não tinha mais nada a ver com ele.

 

O ISIL não deu a menor importância.

 

Dispondo de armamentos modernos, seus milicianos são considerados os mais eficientes combatentes da revolução.

 

Contavam com amplos recursos oriundos de doações particulares da Arábia Saudita (The National, 7 de junho).

 

Recentemente, assustado por ter permitido a criação de um verdadeiro Frankenstein, o governo de Ryadh fechou a torneira, colocando o ISIL na sua lista negra de movimentos terroristas proibidos.

 

Tarde demais.

 

O ISIIL está em plena ascensão.

 

Aparentemente, conta com o apoio de boa parte da comunidade sunita do Iraque, hostilizada pelo regime xiita do primeiro-ministro Maliki.

 

Há tempos, Maliki pede que os EUA enviem armas pesadas, mais avançadas, de elevado poder letal.

 

O governo Obama hesitava, temendo que caíssem nas mãos dos rebeldes, como, aliás, já tem acontecido.

 

Depois da queda de Mosul, Maliki ficou desesperado. Suplicou que Obama mandasse sua força aérea bombardear o pessoal do ISIL.

 

Isso pode bem acontecer. Ainda mais porque o Irã decidiu não ficar em cima do muro. Já há tropas da Guarda Revolucionária em Bagdá para defender a cidade.

 

Obama não deve chegar a tanto.

 

Ele não quer soldados americanos lutando no  Iraque, depois da desastrosa invasão promovida por Bush.

 

Além de possivelmente receber o reforço da aviação americana, Maliki deverá contar com tanques, veículos blindados, artilharia e até os temíveis drones.

 

Armamentos  poderosos para compensar a fraqueza do desmoralizado exército iraquiano.

 

Em Mosul, ele  bateu em retirada diante de uma força muitas vezes menor de milicianos jihadistas.

 

Ora, esse exército foi formado, treinado e armado pelos EUA.

 

O que levanta uma dúvida assustadora sobre o que pode acontecer no Afeganistão depois da retirada das forças de Tio Sam.

 

O que esperar do exército afegão, também uma obra criada pelo Pentágono?

 

 

Luiz Eça é jornalista.

Website: Olhar o Mundo.

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