Governo do Mefisto: quando pior é impossível
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- Paulo Metri
- 27/07/2016
Usando todo o seu arsenal de corrupção, Mefisto conseguiu poder imenso para montar o governo de seus sonhos. Através dele, terá a possibilidade de impor todo o saco de maldades que possui. Para apoderar-se do governo, abusou das bruxarias dos insidiosos comunicadores do capital. Aliás, Mefisto e o capital sempre se deram muito bem. Trocam figurinhas sobre como enganar o povo acerca das maldades que são perpetradas.
Mefisto, buscando impingir o máximo sofrimento na população mais carente, irá “adequar” ou qualquer outro verbo que eufemisticamente representa “cortar” a dotação do programa de prolongamento da vida com dignidade para os pobres. Por “ter saúde” também representar “ter uma vida digna”, ele já incumbiu seus ministros mefistetes de executar cortes nos programas de saúde.
O gênio do mal se vangloria, em roda pequena, ao retirar direitos trabalhistas e conquistas sociais conseguidos desde o governo Vargas. Mefisto exulta ao reprimir direitos civis, conquistados na Constituição de 1988 e atinge o ápice do prazer ao privatizar órgãos e conceder serviços do Estado.
Mefisto semeia sua erva daninha em todas as áreas. Por exemplo, ele quer um ensino fundamental que forme robôs para o mercado e, não, cidadãos. Acha que a cultura esbanja recursos com a Lei Rouanet. O mefistete da Educação chamou um ator, que é conhecido energúmeno, para dar sugestões sobre a política do seu Ministério.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário não é necessário. Negros e mulheres não são bons ministros. Aliás, estes devem ficar enaltecidos por não terem sido chamados para serem ministros do Mefisto. O próprio já disse que sabe lidar com bandidos, referindo-se, em ato falho, a seus ministros.
Mefisto e a mídia que lhe suporta querem acabar com a universidade pública, com o argumento enganoso que ricos podem pagar e a frequentam. A universidade pública precisa atrair as mentes mais brilhantes da sociedade, não importando se são ricos ou pobres, para dar formação humanitária, que nenhum ente privado consegue dar, para que a elite de pensamento assim formada venha a impactar positivamente nossa sociedade. Creio que nem tudo hoje está perdido, em parte devido à existência no país, há anos, de universidades públicas, a formar pensadores que se espraiam por diversos locais da sociedade.
Mefisto entrega a maior riqueza nacional, o Pré-Sal, às inimigas da sociedade brasileira, quais sejam, Chevron, Shell, Exxon, BP, Total etc. São nossas inimigas porque promovem ações que representam prejuízo para a nossa sociedade, como ficar com a maior parte da lucratividade do Pré-Sal, não garantir o abastecimento nacional, não priorizar compras e empregos locais, não ter zelo pelo nosso meio ambiente etc.
Mefisto é abrangente, pois não esquece um setor. Aposentados e pensionistas vão ajudar no pagamento de juros aos rentistas, abrindo mão de parte dos seus merecidos aumentos, pois são politicamente frágeis e, assim, não precisam ser atendidos. Se o número de mortes aumentar, devido ao aumento da inanição e da carência de atendimento médico, Mefisto esclarece que se trata dos excluídos nascidos em grupo de risco. Nasceram em casebres, ao lado de valas negras, de pais debilitados, com muita fome e em meio à brutalidade. Enfim, segundo ele, deram azar na vida.
Mefisto, sempre ele, quer colocar o Brasil como país subordinado ao atual país hegemônico do mundo, no melhor estilo de “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”, haja vista o assunto morto e enterrado da base de Alcântara, agora ressuscitado.
O Brasil de Mefisto será o das empresas estrangeiras mais os poucos capitais nacionais e os rentistas. Contudo, tudo dourado, bem escamoteado, exemplarmente travestido pela mídia alienante. Mídia psicotrópica, alucinante e desfiguradora da realidade. Carregando um povo ludibriado, perdido, incapacitado de escolher as opções boas para ele próprio.
Paulo Metri é conselheiro do Clube de Engenharia e colunista do Correio da Cidadania.
Blog do autor: http://paulometri.blogspot.com.br/