Enigma Tuiuti
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- Paulo Metri
- 27/02/2018
O que é a Tuiuti, além da senhora escola de samba que nos presenteou com um inesquecível desfile no último domingo de carnaval?
Ela, finalmente, trará a libertação dos atuais escravos! Ao assistir o desfile da Tuiuti na avenida das consciências, senti que carece ao grupo dos brancos um pedido formal de desculpas aos irmãos negros pelos séculos de humilhação e exploração. Para poder ser válido, terá que ser um pedido verdadeiramente sentido. Enquanto sou também um encabulado integrante do grupo branco, peço perdão.
Tuiuti mostrou com justíssima indignação o sistema insensível por nós construído de exploração e maus tratos dos nossos semelhantes. A escola mostrou também ser uma arma letal para os malfeitores da sociedade, que, apesar de não estarem presentes, foram vistos nus no meio da Sapucaí.
Tuiuti apresentou a denúncia mais eficiente dos empedernidos e recalcitrantes vilões da sociedade. Desde os senhores de engenho aos atuais membros do Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público, que fazem sofrer a sociedade. Estavam todos lá, para os bons entendedores.
Trata-se do método lúdico para conscientização política, que lembra o de Paulo Freire com sua descrição precisa do real. Enquanto a mídia atual, pertencente ao capital, se esforça para incutir mentiras nas notícias ao povo, a Tuiuti em poucos minutos faz desabar estes castelos de mentiras. Também, teses erguidas sob areias movediças não se sustentam.
Tuiuti também deu vida aos desvalidos, desesperançados, membros do movimento dos sem mídia (MSM). Os coronéis latifundiários das comunicações se sentiam seguros que, controlando as notícias e, consequentemente, os governos, nunca seriam confrontados. Tinham segurança total do domínio das mentes brasileiras.
Tuiuti é a expressão máxima da bondade existente em todas as religiões. Veio atender ao chamado dos mais carentes, cujas “fortunas” igualam às dos cinco homens mais ricos, em horrendo disparate. Mães começam a pedir que a Tuiuti proteja seus filhos. Hoje, os perseguidos podem se proteger, com alguma dose de blefe, dizendo: “se você não parar com esta agressão, vou chamar a Tuiuti”.
Ela é tudo isso e muito mais. Enfim, como disse o amigo Olavo, que não é o que se autointitula filósofo: “Tuiuti lavou minha alma”.
Paulo Metri
Conselheiro do Clube de Engenharia