Correio da Cidadania

Lutas, lutas, só lutas

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Reflexões abertas sobre as lutas sociais no Brasil | Combate Racismo  Ambiental
Começa o jogo sem ninguém autorizar a entrada dos novos jogadores e sem explicarem a eles as regras, quer sejam as primordiais, quer sejam as tácitas.

Desde sempre a primeira luta é pelas características físicas. Nasceu com quais heranças genéticas? Câncer aos quarenta? Beleza? Esperteza? Vocações e tendências diversas? Chamo a atenção para a cor da pele, por causa da relevância dada a este item.

Desde sempre também, foi desejada? Se não, passará o longo resto da vida, mendigando aceitação.

A luta pela sobrevivência começou antes de nascer, pois tinha que se desenvolver no útero, muitas vezes, com parcos nutrientes.

A ignorância sobre o mundo e o grande enigma da vida oprimem gerações seguidamente. O que sou? Nunca será respondido. O ser vive sem saber o que fazer com a vida! Morre sem saber do placar. Foi alto? Passei? Ou fui reprovado e em que?

Vem à minha mente a piada fraquíssima em que Joaquim é avisado que sua casa está pegando fogo em Niterói e a mulher e os filhos estão em perigo. No final, o personagem, perdido, já dentro da barca de Niterói, pergunta a si mesmo: “Espere aí, não moro em Niterói, não tenho casa, não me chamo Joaquim, não sou casado, não tenho filhos, ... o que estou fazendo nesta barca?”

A luta continua pela preservação da vida, ou seja, basicamente a luta pelo alimento, moradia, saúde etc. Mas tem, também, a luta pela preservação da espécie. Para esta, o arquiteto - porque tudo isto não pode ter sido criado por humanos - destinou um prazer acoplado a ela. Assim, nasceu o gozo sexual.

Alguns usam este prazer para compensar os dissabores da vida. E o pior são os que fazem isto sem se preocupar com a consequente paternidade. Enfim, dão vida a seres sem a mínima proteção.

A garantia de alimentação, moradia, instrução e apoios diversos, durante o crescimento da criança, não existe naturalmente.

A próxima contenda é do ser com ele próprio. Quantas incompreensões, complexos, ignorâncias, tabus e outras razões trazem sofrimento, humilhação e dor.

A luta contra o consumismo, o conceito de recursos naturais finitos, a favor do meio ambiente sustentável compõem uma nova luta da humanidade.

A luta pela ética se trata de uma luta pela convivência justa e pacífica de seres razoáveis e inteligentes. E a sociedade humana está longe de tê-la atingido.

Existe, também, a luta pela ostentação máxima de riquezas ou de beleza ou de capacidades diversas, como as de cantar, escrever, compor, pintar e, por aí, segue.

Respostas sobre o que faz na Terra, sobre a existência de um ser superior poderoso, criador de tudo que existe, aflige nossa espécie desde nossa tomada de consciência, e o que é pior, sem esperança de grandes descobertas.

A luta pela compreensão básica do que somos, de onde viemos e para onde vamos é a grande causa perdida.

Para todas estas lutas, você foi colocado arbitrariamente na Terra. Boa sorte, pois você vai precisar muito dela.

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Paulo Metri

Conselheiro do Clube de Engenharia

Paulo Metri
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