Correio da Cidadania

Crise capitalista provoca aumento da exploração depredadora de minérios na África

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O aumento dos preços das commodities tem levado as principais mineradoras a investir em torno de US$ 74 bilhões na África, segundo o Banco Barclays, em 15 projetos que deverão entrar em produção nos próximos 10 anos.

 

A Vale, desde o começo de abril, vem sofrendo vários protestos em Moçambique por parte de moradores que a acusam de construir "casas de tipo caixotes" para famílias que foram despejadas das suas terras para dar lugar à mineração. Acusações desse tipo estão em todos os lugares que a Vale atua.

 

No dia 18/04, foi lançado o Relatório de Insustentabilidade da Vale 2012, da autoria da Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale, (veja aqui), que detalha o forte impacto que sofrem os trabalhadores e as comunidades, assim como a depredação do meio ambiente, como por exemplo o aumento em 70% das emissões de carbono e as 726 milhões de toneladas de resíduos que foram gerados apenas em 2010.

 

As atividades depredatórias das mineradoras, tanto a céu aberto quanto subterrâneas, são responsáveis por grandes volumes de resíduos, despejados de qualquer maneira.

 

A mineração consome volumes extraordinários de água, desde pesquisa mineral (sondas rotativas e amostragens), à lavra (desmonte hidráulico, bombeamento de água de minas subterrâneas), passando pelo beneficiamento (britagem, moagem, flotação, lixiviação) e o transporte por mineroduto e na infra-estrutura (pessoal, laboratórios etc.). Muitas vezes o lençol freático é rebaixado para desenvolver a lavra, degradando-o por inteiro e dificultando o acesso das populações pobres ao líquido vital.

 

Um dos maiores exemplos disso se dá nas montanhas florestadas de Papua Nova Guiné, onde um consórcio internacional de companhias despeja diariamente 80.000 toneladas diárias de refugos não tratados nos rios. Considerando ainda o solo e rocha carreados para a água, essa massa ultrapassa 200 mil toneladas, provocando a destruição de boa parte da vida aquática, alterando a vazão do rio e impactando milhares de moradores locais.

 

Os recursos hídricos utilizados pelas mineradoras sofrem vários impactos, como o aumento da turbidez e conseqüente variação na qualidade da água, alteração do pH da água, derrame de óleos, graxas e metais pesados (altamente tóxicos, com sérios danos aos seres vivos do meio receptor), redução do oxigênio, matando assim o ecossistema aquático, assoreamento de rios, poluição do ar etc.

 

A título de exemplo, a descarga de cádmio no Rio Jinzu, no Japão, feita por uma mina de chumbo e zinco, desencadeou uma onda de casos de doenças ósseas.

 

O colapso capitalista de 2008 provocou a corrida dos especuladores financeiros para salvar os seus lucros a qualquer custo. O esgotamento da especulação imobiliária nos países centrais levou à disparada especulativa nos mercados futuros de commodities, onde títulos que referenciam os produtos reais são vendidos dezenas de vezes antes de chegar aos consumidores. A perda de lucros na indústria, devido ao estancamento econômico, moveu o foco da economia produtiva para a construção civil, tanto imobiliária quanto de grandes obras de infra-estrutura, nos principais países atrasados, fundamentalmente na China.

 

A pressão pelos maiores lucros e de maneira rápida minimizaram os investimentos em recuperação ambiental e em segurança.

 

Fonte: Diário de Liberdade.

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