Correio da Cidadania

Poema ecológico: a usurpação da mãe terra (1)

0
0
0
s2sdefault


 Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

"Eu tenho muita preocupação com as novas gerações. O nosso problema, hoje, nós já estamos carregando, nós já estamos sofrendo, que é a questão de destruir a natureza. A derrubada das florestas é cada vez maior. Essa é minha preocupação com a humanidade. Porque se continuar destruindo tudo o que temos na terra, seus filhos, seus netos não vão conseguir respirar. Vai vir um aquecimento muito grande, global, e vai transformar o planeta, deixar sem ar. Não vamos respirar mais. Nós não vamos ter mais nada para nos proteger do sol, do vento, vai vir uma consequência muito grande" (CACIQUE RAONI, O GLOBO, Jornal, 16 de maio de 2024)

“O cerco à vida humana e à de outros animais se fecha cada vez mais, de modo que a questão que se impõe hoje reforça mais uma vez a percepção de que as sociedades estão adentrando uma zona de risco extremo: que civilização pode, com efeito, se adaptar aos impactos crescentes da emergência climática, da aniquilação biológica, da desigualdade e da poluição industrial?

E, no entanto, por imensas que sejam, essas regressões em curso, com suas perspectivas sombrias, não constituem (ainda) o problema maior. O problema maior é a dificuldade de mudar. Essa dificuldade radica em dois problemas estruturais da governança mundial. O primeiro é o fato de que os pouco mais de dois mil bilionários do planeta detectados pela Oxfam, pelo Crédit Suisse Research Institute e por outras instituições controlam as decisões de investimento nos sistemas energético, alimentar e químico-industrial, que alteram perigosamente as coordenadas ambientais do planeta e intoxicam os organismos. Esses donos do mundo aceleram as crises e impõem, pela força ou por narrativas fictícias de “sustentabilidade”, a continuidade da trajetória em curso. Eles comandam a regressão social, o empobrecimento da grande maioria e a ruína dos alicerces da vida no planeta. (LUIZ MARQUES, "O decênio decisivo: propostas para uma política de sobrevivência", p. 206, Editora Elefante, 2023)

“Ações mais rigorosas para combater as mudanças climáticas são urgentes. Sem medidas imediatas e eficazes, estamos caminhando para um futuro em que vastas regiões do planeta poderão se tornar inabitáveis, com impactos profundos para a vida. Não podemos em hipótese alguma aceitar passar de 2ºC e chegar a 2,5ºC. As metas de redução das emissões têm que ser muito mais rigorosas e abrangentes. Não podemos esperar até 2050” (CARLOS NOBRE, UOL.com.br/ecoa/coluna, 13/09/2024, crise climática…).

ECOPOEMA (1): RIO DE LÁGRIMAS

O rio
Espumando
Dejetos
Como se
A água
Fosse
Lágrimas!

ECOPOEMA (2): DESMATAMENTO

Hoje matam árvores
Com tanto fervor...
Enquanto lemos este
Pequeno poema
Foram destruídas
21 árvores por segundo
Ou 315 árvores
Quando você
Terminá-lo de ler!

ECOPOEMA (3): QUEIMADAS 2024

Pintura celestiais
De cinzas...
Uma conta cinzenta
De mais de 7 milhões
De hectares devastados
Área do tamanho
De mais de 50 cidades como
Rio de Janeiro
Até o início da primavera;
Árvores mortas
Como numa emboscada,
Cinzas que escondem
Estrelas e os criminosos fogem
Com as mãos sujas de morte...

A noite enluarada
Se torna perdida,
A alma deprimida
Na dor consumida
Carrega a força
Da sobrevivência
Na defesa da vida
Como uma luta
Que não pode
Ser perdida!...

ECOPOEMA (4): SOL SANGRANDO

O sol
Coberto por
Camadas
Poluentes
Tingido
Como se
Fosse
Avermelhado
Sangrando,
Como um
Grito da natureza
Ao suplicar
Socorro!

ECOPOEMA (5): SOCORRO!

Por que não há
Estrelas no céu?...
Meus olhos estão embaraçados
Ou a noite foi roubada?...
Respiro com cansaço...
É desânimo ou o ar
Engolido com fumaça
Poluí meus pulmões?...
Há os que fingem
Que nada está acontecendo...
Aguardam alguma espaçonave
Para viver em outro planeta?...
Enquanto a Mãe Terra
Ardendo em chamas
Clama por socorro!

ECOPOEMA (6) RITUAL FÚNEBRE!

A floresta
Ardendo
Em chamas
Num insano
Ritual fúnebre
Promovido por
Suicidas que não
Sobrevivem sem ar!

ECOPOEMA (7): AGROTÓXICOS...

Meu alimento
É saudável...
Ou sobra veneno
Quando comemos?...
Uma parte tem muito veneno...
Outra parte tem veneno permitido...
Outra parte não tem quase nada de veneno...
Alimentar é viver,
A Mãe Terra é
Fonte de vida,
O veneno a
Morte premeditada
Servida como comida
Num prato consumida!

Roberto Antonio Deitos é poeta e professor aposentado da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste. Autor de Poema Humanitário pela Editora Scortecci, 2020, Política Educacional no Brasil (1985-2022) pela Editora CRV, 2022 e Poema Inspiração pela Caravana Grupo Editorial, 2024.

*Gostou do texto? Sim? Então entre na nossa Rede de Apoio e ajude a manter o Correio da Cidadania. Ou faça um PIX em qualquer valor para a Sociedade para o Progresso da Comunicação Democrática; a chave é o CNPJ: 01435529000109. Sua contribuição é fundamental para a existência e independência do Correio.

*Siga o Correio nas redes sociais e inscreva-se nas newsletters dos aplicativos de mensagens: 
Facebook / Twitter / Youtube / Instagram / WhatsApp / Telegram  

0
0
0
s2sdefault