Correio da Cidadania

População se revolta contra mineradora Vale a vai à luta

0
0
0
s2sdefault

 

Mais uma vez populações atingidas pelos problemas causados pela Estrada de Ferro Carajás, na cidade de Marabá, sudeste do Pará, se revoltam contra o descaso da empresa Vale e do poder publico local, e o abuso e humilhações que passam as pessoas. São moradores de cinco bairros atingidos diretamente: Araguaia, Alzira Mutran, Km 7, Nossa Senhora Aparecida e São Félix.

 

No dia 23 moradores do bairro Araguaia ocuparam ferrovia nas proximidades da passagem que liga os bairros Alzira Mutran e Araguaia. A ocupação durou cinco horas, o suficiente para os moradores externarem suas insatisfações, esclarecerem os transeuntes sobre a situação e conseguirem acertar uma reunião com o secretário de Obras do município.

alt

 

Como tática, os moradores iniciaram a ocupação com a queima de pneus sobre a ferrovia e depois foram usadas madeiras conseguidas nos arredores. Quem contribui também para a interdição da ferrovia foi um maquinista que na intenção de passar pelo local e acabar com a manifestação, encostou a locomotiva no fogo e este passou para a locomotiva, sem causar danos significativos. Que pena!


Como sempre acontece quando a população se manifesta, rapidamente apareceu o corpo de bombeiros, policiais de todos os tipos e de todas as partes, representantes da Vale e de empresas empreiteiras, além de representantes da prefeitura.

 

Como a pauta de reivindicação dos moradores não passava de cobrança da realização de obras no bairro prometidas pelo poder público, com recursos provenientes de um convênio firmado com a Vale, a partir das condicionantes para duplicação da ferrovia, a manifestação foi encerrada com um acordo feito entre moradores e secretário de Obras, para uma reunião a acontecer no dia 26.

 

Quem deve ter saído chateado foram aqueles que contavam com uma oportunidade para humilhar, destratar, bater e prender moradores, mostrando serviço para a Vale, o que não aconteceu.

 

No dia 28, foi a vez de moradores do bairro Alzira Mutran se manifestarem construindo uma cerca impossibilitando que serviços da duplicação da ferrovia tivessem continuidade em suas áreas. Exigiram da Vale o atendimento de uma pauta de reivindicação que foi encaminhada à empresa no dia 2 de junho e até o momento nenhuma atenção foi dada.

 

Veja a pauta exigida pelo Coletivo de Famílias Moradoras do Bairro Alzira Mutran e Km 7, atingidas pela Vale:

 

alt

 

1. A Vale impôs que a negociação será residência por residência, ou seja, a empresa avalia o valor da residência da família e a família procura uma residência para ser comprada pela empresa, até o valor em que foi avaliada a sua. Caso a residência encontrada pela família seja de valor inferior à sua, a empresa não repassará para a família o valor restante. Nós não aceitamos e queremos o restante, para cobrir outras despesas, como compra de móveis e eletrodomésticos.

 


2. Nós plantamos verdadeiros sítios com diversas fruteiras em nossos quintais ou na frente de nossas casas e a empresa não reconhece como benfeitorias a serem indenizadas. Nós queremos que sejam reconhecidos como benfeitorias e sermos bem indenizados.

 

3. Exigimos indenização pelo custo social por: seis anos sendo monitoradas pela empresa sem poder fazer melhoria em nossos imóveis; o custo por ter que sair de nosso convívio, construído durante muitos anos, e pelas condições que oferecem a nossa localização, de proximidade ao ponto de várias linhas de ônibus, de hospital, supermercado e escolas; e pelo tempo de moradia sofrendo os transtornos causados pela operação da ferrovia.

 

alt

 

4. Exigimos a reparação de todos os prejuízos causados para as famílias durante os anos de operação da ferrovia: o campinho de futebol que foi destruído pela empresa, rachadura das casas, poluição sonora, alagamentos de residências, isolamento e constrangimentos.

 

5. Exigimos reparação dos danos para as famílias que irão continuar morando no bairro com asfaltamento das ruas e implantação de rede de água e esgoto, pelos transtornos que serão causados com a operação da ferrovia duplicada (mais de onze horas por dia de ruídos e trepidações).

 

6. Exigimos que sejam repassados para esta comissão cópias de todos os laudos das famílias dos bairros Alzira Mutran e Km 7.

 

7. Que a Vale contrate corretores para procurar casas para as famílias porque não temos tempo e nem é nosso papel.

 

É desde o ano de 2008 que estes moradores, assim como do Km 7 e São Félix, vêm sendo incomodados e humilhados pela empresa Vale, com uma conversa de remoção por dizer estarem na área de interesse da empresa para serviços de duplicação da ferrovia.

 

A empresa não faz a remoção, mas causa incômodos permanentes para as famílias, com reuniões frequentes, diagnósticos, relatórios e promessas que não são cumpridas. Agora com os serviços de duplicação da ferrovia são barulhos e poeiras durante as 24 horas do dia, sem que a empresa tome nenhuma providência para evitar problemas de saúde para a população.

 

Diante de tanta omissão e opressão, as famílias resolveram se manifestar. Os trabalhos continuam paralisados até que aconteça uma reunião entre moradores e a empresa Vale.

 

CEPASP (Centro de Prevenção, Apoio Social e Pastoral)

Comissão Pastoral da Terra

Movimento Debate e Ação

Coletivo de Famílias do Bairro Alzira Mutran e Km 07 Atingidas pela Vale

0
0
0
s2sdefault