Nota da Frente de Luta por Moradia sobre despejo na avenida São João
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- 17/09/2014
Famílias são despejadas com violência jurídica e policial
Mais de 200 famílias foram desalojadas de um imóvel da Av. S. João, 601. O prédio possui 233 quitinetes, foi construído há mais de 15 anos e nunca foi utilizado. Está abandonado sem função social. É uma propriedade que viola os preceitos elementares do bom direito, não obedece aos fundamentos do direito de propriedade.
Os sem-teto são constituídos por aproximadamente mil pessoas, entre adultos, homens, mulheres e idosos e perto de duzentas crianças. Essas famílias se organizaram depois de sofrerem despejos de suas moradias de origem. Em desespero e sem ter outra alternativa, abandonados pelo poder público, ocuparam este prédio.
Limparam, fizeram manutenção, ligaram água e luz e dividiram os espaços entre si. Ali moravam e protegiam suas vidas e a de seus filhos. Passados seis meses receberam o golpe do judiciário, com a violenta e injusta sentença de reintegração de posse.
Muitas tentativas das lideranças e famílias para barrar essa ação insana foram inúteis. O propósito do judiciário era de restituir a propriedade ao seu injusto possuidor e promover a desordem na vida das famílias sem-teto. Assim ampliaram a iniquidade social existente no Brasil.
O judiciário sacou a espada, jogou a balança da justiça fora e mandou o Batalhão de Choque , armado até os dentes, massacrar os sem-teto. Estes desarmados e despojados de seus direitos. Atacaram sem distinção, crianças, mulheres, adultos e jovens. Um jovem teve seu braço quebrado. Estilhaço de bombas feriram mulheres, dezenas saíram feridos. Crianças sufocadas com as bombas de gás chegaram a desmaiar. Um cenário estarrecedor, da barbárie do Batalhão de Choque, da insanidade do Judiciário e insensibilidade do governador, que reiterou a ordem de colocar os sem teto na rua a qualquer custo. E depois de tudo isso ainda levou até as crianças para a delegacia.
Os sem-teto se protegeram de modo simples e como era possível. Mas insuficiente para deter a hostilidade armada do Batalhão de Choque. E o despejo foi concluído. O proprietário, injusto possuidor, recebeu a chave do imóvel suja de sangue, mas deve estar feliz com o trabalho dos guardiões da ilegalidade.
O judiciário, os homens do choque e o governador dormirão tranquilos em seus luxuosos aposentos, enquanto os sem-teto curam as feridas e aglutinam seus pertences, procuram apoio de familiares e outros amigos sem-teto. Respiram fundo e pensam no próximo passo.
A luta é sempre!
PS: Aproveitando-se do momento conturbado que vive o centro de São Paulo, pela injusta reintegração dos sem-teto, jovens revoltados atearam fogo em ônibus, promoveram quebra-quebra e entraram em confronto com a polícia. Reiteramos que as famílias sem-teto não participaram destas ações, também não compactuamos com esse método de luta. Nossa ação é pelo direito à moradia e pela construção de bens sociais.
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Fonte: http://www.portalflm.com.br/noticias/familias-sao-despejadas-com-violencia-juridica-e-policial/3102