Correio da Cidadania

USP: Universidade pública já tem 28 mil alunos em cursos pagos

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Cursos pagos, que incluem MBAs, atualização e práticas profissionalizantes já correspondem a 59% das ofertas de extensão da universidade; “Sou contra pois, quem não tem dinheiro, não entra”, afirmou o professor de Gestão de Políticas Públicas, Pablo Ortellado.

 

 

A Universidade de São Paulo (USP) aumentou, nos últimos quatro anos, em 8% a oferta de cursos pagos. Eles passaram de 769 para 831 e já contam com mais de 28 mil alunos matriculados. Para se ter uma ideia, na graduação e mestrado – que são gratuitos – há 90 mil alunos.

 

Esses cursos pagos, que incluem MBAs, atualização e práticas profissionalizantes já correspondem a 59% das ofertas de extensão da universidade.

 

O dado divide a comunidade acadêmica pelo próprio princípio constitucional de gratuidade do ensino público. As extensões, no entanto, por não fazerem parte do ensino regular, estão dentro da legalidade ao cobrar mensalidade.

 

“Independente da legalidade, sou contra o fato de a universidade fazer cursos pagos por que isso impõe barreiras. Sou contra, pois, quem não tem dinheiro, não entra”, afirmou Pablo Ortellado, professor doutor de Gestão de Políticas Públicas da USP.

 

“A USP oferece também cursos gratuitos de extensão, o que faz com que os cursos pagos imponham uma barreira de preço. Uma coisa não exclui a outra, mas o fato é que nessa modalidade de ensino com preço, quem não tem dinheiro, não entra”, completou.

 

A arrecadação desses cursos pagos também gera debates entre os docentes. Apenas 5% dos valores obtidos com essas mensalidades vão para os cofres da USP – que está, inclusive, em crise financeira. O restante é usado para pagar os professores.

 

Dennis de Oliveira, que é professor de Jornalismo, Informação e Sociedade pela ECA/USP, explica que não é contra a oferta desse tipo de curso, mas que o problema é que eles formam verdadeiras empresas dentro do meio universitário.

 

“Os cursos pagos, em sua maioria, são geridos por fundações privadas que tocam outros projetos de pesquisa e estudo – são verdadeiras empresas internas. O problema é que a USP não tem controle dessa grana, que é usada para bancar alguns professores, alunos, oferecem bolsas e direcionam pesquisas para a área empresarial”, afirmou. Ele destacou, contudo, que há os cursos pagos administrados pela própria universidade, como os cursos de língua, e que esse arrecadamento é usado para financiar pesquisas.

 

Oliveira ressaltou ainda outro problema, que ele julga ser o principal, dessa oferta de cursos pagos. De acordo com o docente, muitos professores desses cursos, por receberem das fundações privadas, acabam por priorizá-los mais do que os cursos do ensino regular.

 

“Não vejo problema desde esses cursos não prejudiquem as atividades normais da faculdade. O problema é que há muitos professores que priorizam mais esses cursos”, disse.

 

Fonte: SpressoSP.

 

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