Movimento Paraisópolis Exige Respeito contra implantação de base da PM
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- 05/11/2014
O governo estadual de São Paulo, com o intuito de implantar uma base de polícia militar no centro de Paraisópolis, quer expulsar 10 famílias e 23 comércios locais. A justificativa do governo a esta implantação são os roubos que vem ocorrendo na Rua Dr. Flavio Américo (Ladeiras do Morumbi). No entanto, o local onde querem implantar a base, Rua Ernest Renan, 1311, é bem distante da Ladeira, o que impediria qualquer "suposta" ação para reprimir os referidos assaltos.
Se existe um problema de segurança pública, em um local específico, ele deve ser analisado, pesquisado e solucionado a partir dos resultados de sua averiguação.
O terreno é localizado em uma região onde transitam muitas crianças e jovens, assim, qualquer problema que implique em algum enfrentamento armado causaria danos imensuráveis para a comunidade.
O terreno é vizinho da EMEF Paulo Freire (uma escola bem conceituada pelo critério do MEC), seguido pela primeira UBS da comunidade. O Campo do Palmeirinha, única área de lazer da comunidade, bem como a Biblioteca Escola Crescimento Educação Infantil (única da Região do Morumbi), também constituem a vizinhança do local.
Paraisópolis é uma comunidade de mais de 90 mil habitantes. As ruas estão constantemente repletas de jovens, adolescentes e crianças no ir e vir das escolas; de mulheres e homens lutando pela sobrevivência. Nas ruas estreitas, os carros e pedestres competem pela ocupação destes espaços. Não se escuta estórias de tiroteios, abuso ou brigas constantes.
Temos acompanhado de perto algumas ações da Polícia Militar em Paraisópolis que demonstram que a convivência diária desta corporação com a população não tem, de forma alguma, protegido a comunidade. Ao contrário, são experiências de humilhações constantes, invasões de casas, roubos e até de danos físicos (caso exemplar foi a perda do olho de uma jovem ocasionada por tiros de borracha).
A Operação Saturação (2009) é um exemplo desta ocupação da polícia militar, que permanece vivo nos discursos de toda a população de Paraisópolis; a maioria dos moradores tem uma história para relatar (descasos, abuso, roubo, invasão de casas). O caso do Bonde dos Carecas, que aterrorizava os moradores e impedia o funcionamento de qualquer comércio depois do toque de recolher é outra situação que demonstra a barbárie que implica esta relação.
Estas situações acima relatadas foram enfrentadas com a força e a solidariedade de alguns moradores que venceram o medo e puderam fazer ecoar pelo mundo o que se passava no cotidiano desta comunidade.
Estamos cansados de respostas aleatórias para resoluções de problemas específicos. A implantação da base da polícia militar dentro de Paraisópolis não responde a resolução do problema levantado, ao contrário, produz inúmeros outros problemas.
Experiências nacionais demonstram o que implica tal ocupação da policia militar dentro das comunidade. No Complexo do Alemão, a implantação das UPPs tem ocasionado mortes de moradores (senhoras, senhores, crianças e jovens), vítimas de bala perdida. Em 2014, foram 11 mortos e 21 feridos.
NÃO QUEREMOS ISSO PARA A NOSSA COMUNIDADE
Nós no Movimento Paraisópolis Exige Respeito, somos contra a criminalização da população empobrecida por uma sociedade já tão desigual e injusta.
Somos contra a militarização das relações interpessoais da comunidade.
Somos contra o despejo de 10 famílias e 23 comerciantes.
Somos contra colocar em risco dezenas de crianças, adolescentes de jovens, mulheres e homens, que circundam o lugar escolhido para a implantação da base da polícia militar