Comitê Popular da Copa emite nota contra privatização de espaços do centro de São Paulo
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- 04/02/2015
As ruas são de todxs, não do itaú: basta de gentrificação e privatização do espaço público!
Nesta quarta feira, 4 de fevereiro de 2015, recebemos com muita indignação a notícia de que o banco Itaú, por meio de seu consultor de segurança, Sinvaldo Guimarães Fernandes, enviou um ofício à prefeitura de São Paulo pedindo que seja feita a retirada das pessoas em situação de rua do entorno da agência localizada na Rua Sete de Abril, centro da cidade, alegando incômodos causados aos seus clientes.
Segundo o documento abaixo, datado de fevereiro de 2013, o Itaú, “no exercício de seu dever de cidadania (sic), vem a presença de V.Sa., solicitar a interferência desse órgão, no sentido de convidar essas pessoas a saírem do local (...)”. No mesmo documento, o banco lamenta que, “devido a limitações legais da vigilância patrimonial”, não poderia promover “a retirada dos moradores de rua e desocupados dos arredores” como desejariam seus clientes.
Lembramos que o Banco Itaú, um dos principais financiadores de campanhas eleitorais e também patrocinador da Copa do Mundo FIFA 2014, teve a permissão da prefeitura de São Paulo para utilizar gratuitamente o Vale do Anhangabaú, um espaço público extremamente importante para a cidade, durante os 30 dias de jogos em 2014, a fim de promover ações de propaganda de sua marca relacionando-a ao megaevento da FIFA, proporcionando um aumento ainda maior de seus lucros.
Poucos meses depois da Copa 2014, a prefeitura ampliou a ingerência do Itaú sobre o espaço público, dando autonomia à instituição financeira para atuar na transformação urbana de espaços do centro da cidade, segundo seu próprio projeto de reformas no Vale do Anhangabaú (execução a ser custeada pela prefeitura), conforme denunciou a pesquisa investigativa do projeto Arquitetura da Gentrificação.
(saiba mais: http://reporterbrasil.org.br/privatizacaodarua)
Diante disso, o Comitê Popular da Copa SP manifesta repúdio à iniciativa do Banco Itaú de exigir da prefeitura a retirada de pessoas em situação de rua, reservando para si o controle social do espaço público da cidade. Não nos calaremos, pois sabemos que o povo da rua, primeiro eliminado da Copa, segue há décadas sendo alvo de uma política higienista, cujas cores partidárias não diferem em nada na violência cotidiana contra essa população e tantos outros “indesejáveis” da cidade.
Não permitiremos que as ruas sejam apropriadas ainda mais por banqueiros e corporações aliadas, sob justificativa de proteção a uma categoria de “cidadãos de bem” contra a “subcategoria” do povo da rua, uma divisão entre pessoas que esconde tendências fascistas e autoritárias. Exigimos que seja interrompida imediatamente a violência contra o povo da rua, por parte da Polícia Militar, Guarda Civil Metropolitana e instituições financeiras!
NÃO PASSARÃO!
04 de fevereiro de 2014, Comitê Popular da Copa SP.