AEPET: "Pré-sal cada dia mais cobiçado"
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- 10/07/2015
Embora o noticiário não dê conta dessa realidade e levante suspeitas sobre a viabilidade da produção, a eficiência da Petrobrás faz do pré-sal uma riqueza cada vez mais acessível, mesmo neste momento em que os preços internacionais estão temporariamente baixos, em torno de US$ 60, com custo médio de exploração e produção crescentes no mundo inteiro.
Como agravante, causou certa confusão a afirmação da diretora de Exploração e Produção da Petrobrás, Solange Guedes, a respeito dos custos de produção (quando, provavelmente, tratava-se da etapa de extração) no pré-sal, durante a cerimônia em que a Companhia era homenageada pelo inédito tricampeonato do prêmio da Offshore Technology Conference (OTC), espécie de “Oscar” do setor petróleo.
Na ocasião, Solange informou que a Petrobrás reduziu o custo de produção ao patamar de US$ 9 o barril e muitos não consideraram que se tratava da extração do óleo que é apenas uma das etapas do processo de produção. Segundo informações da Petrobrás, disponíveis no site da Companhia, considerando toda a produção nacional, o custo de extração, no quarto trimestre de 2014, era de US$ 14. Se somarmos as participações governamentais (royalties, participação especial, aluguéis, bônus, etc.) aos governos (União, Estados e Municípios) o valor subia para US$ 26. No primeiro trimestre de 2014 estes valores eram de US$ 14 e US$ 33, respectivamente, já que a parcela governamental varia de acordo com o preço de venda do petróleo, mais elevada na época.
Todavia, vale observar que a margem mínima para a sustentabilidade da indústria do petróleo deve ser suficiente para arcar com:
1) Os custos variáveis extração (poços perfurados, s/ custos fixos);
2) Novos poços nos campos em operação (s/ custos fixos);
3) Desenvolvimento de novos campos (s/ custos fixos);
4) Custos fixos (assalariados, administração etc.);
5) Impostos, dividendos e juros;
6) Exploração: novos campos, compensar declínio dos maduros, problemas de ocorrências inesperadas como presença de enxofre e gás carbônico; e
7) Pesquisa e desenvolvimento tecnológicos.
Oficialmente, a Petrobrás confirma que o break even (preço mínimo do barril a partir do qual a produção é economicamente viável) planejado no momento em que foram aprovados os projetos de produção do pré-sal, situava-se no entorno de US$ 45 por barril, incluída a tributação e sem considerar os gastos com infraestrutura de escoamento de gás. “Ao considerá-los, esse valor pode aumentar entre US$ 5 e US$ 7 por barril", diz a Companhia. Excede, portanto, uma margem até os cerca de US$ 60 que o mercado internacional está pagando pelo barril.
Produtividade em alta
Além disso, o break even já mencionado leva em consideração uma vazão de poços entre 15 mil e 25 mil barris por dia. Atualmente a Petrobras produz no pré-sal a uma vazão média de 20 mil barris por dia. Alguns poços do Polo Pré-sal da Bacia de Santos têm alcançado vazão superior a 30 mil barris de óleo por dia, com efeito positivo na economicidade dos projetos.
Essa elevada produtividade permitiu, por exemplo, que as unidades piloto de produção do FPSO Cidade de São Paulo (navio-plataforma operando no campo de Sapinhoá) e FPSO Cidade de Paraty (instalada no campo de Lula) atingissem a sua capacidade máxima de produção, de 120 mil barris por dia, com apenas quatro poços produtores interligados a cada uma delas.
Outro exemplo de produtividade em alta, destaque-se a redução, desde 2010, da ordem de 60% no tempo de construção de poços dos campos de Lula e Sapinhoá, ambos no Polo Pré-Sal da Bacia de Santos.
Contribuíram para este desempenho os resultados obtidos pelos programas estratégicos PRC-Poço (Programa de Redução de Custos em Poços) e PRC-Sub (Programa de Redução de Custos em Sistema Submarinos).
“Esses programas integram iniciativas que vêm incorporando melhorias contínuas na redução da duração e dos custos não só de poços, como também de instalações submarinas dos projetos de Exploração e Produção, contribuindo para aumentar ainda mais a competitividade econômica dos projetos do pré-sal”, destaca a Petrobrás.
Recordes
Até aqui, os ganhos de produtividade estão se refletindo diretamente na produção, provando que o pré-sal já é uma realidade. Segundo a Petrobrás, entre 2010 e 2014 a média anual de produção diária do pré-sal cresceu quase 12 vezes, avançando de uma média de 42 mil barris por dia em 2010 para 492 mil barris por dia em 2014.
Atualmente, essa produção corresponde a aproximadamente 20% do total de produção de petróleo da Companhia e em 2018 chegará a 52%. Em 2015, esta produção tem batido sucessivos recordes, fato que também não tem merecido o devido destaque.
Para descobrir essas reservas e operar com eficiência em águas ultraprofundas, a Petrobrás desenvolveu tecnologia própria e atua em parceria com fornecedores, universidades e centros de pesquisa, atuação esta que garantiu o citado tricampeonato na OTC.
Por Rogério Lessa, da Associação dos Engenheiros da Petrobras – AEPET.