Campanha tenta trazer índios tupinambá a São Paulo
- Detalhes
- Gabriel Brito
- 28/08/2015
De 27 de agosto a 7 de setembro, ocorrerá, em São Paulo, a Etapa Paulista do Seminário Índio Caboclo Marcelino. O evento, criado e gerido pelo Povo Tupinambá de Olivença/BA, está em sua 7º edição.
Esse ano, 15 lideranças desejam ir à capital paulista para promover sua luta e contar suas histórias. Isso só será possível se conseguirmos custear as passagens, hospedagens e alimentação. Ajude-nos a tornar isso realidade e venha participar das nossas atividades.
A história da luta do Povo Tupinambá por suas terras e tradições, como de todos os índios brasileiros, advém da invasão portuguesa ao Brasil em 1500. Neste processo, os Tupinambás foram histórica e sistematicamente perseguidos – até os dias de hoje. Tornou-se comum ler e ouvir que este povo não existe mais.
No entanto, mesmo com as tentativas de extermínio, os Tupinambás continuam a existir através de diferentes formas de vivências e não abandonaram o seu território. Resistiram aos portugueses, ao poder dos grandes proprietários e à atuação depreciativa do Estado. Um exemplo, neste sentido, foi a chamada Revolta do Índio Caboclo Marcelino, entre as décadas de 1920-1940, contra o processo de espoliação.
Na década de 1980, novamente a resistência Tupinambá ganhou maior visibilidade, com muitas pessoas valorizando seu sangue e sua alma indígena, retornando a suas terras e a seus parentes. Esta resistência indígena foi um dos elementos fundamentais no processo de Reconhecimento Étnico, em 2002, e da Demarcação Territorial, em 2009.
Entretanto, após relatório expedido pela FUNAI baseado nesses dados, aumentou a situação de difamação, perseguição e repressão sobre os índios. Reintegrações de posse tentaram desmanchar comunidades inteiras, diversos índios foram presos e até mesmo mortos por resistirem. O autorreconhecimento étnico passou a ser ainda mais perigoso. Parece mesmo que a situação não muda quando envolve os direitos indígenas.
O conjunto destas ações reflete um quadro de arbitrariedade, intolerância e racismo que sofrem os Tupinambás de Olivença. Ser um líder de um Povo é ser criminoso. Retomar nosso Território Tradicional, visto o Estado não cumprir com seu compromisso, virou esbulho possessório. Agir coletivamente, marco tradicional de todos os povos indígenas, virou formação de quadrilha. Lutar por nossos direitos negados pelo Estado Brasileiro virou exercício arbitrário das próprias razões. Somos um Povo Guerreiro. Temos nossa tradição e nossa forma diferenciada de ser e agir - e queremos ser respeitados como tais.
Para combater a violência imposta à comunidade, a Associação Beneficente de Cultura Sustentável e Promotora da Pesca e do Artesanato dos Índios Tupinambás de Olivença – APAITO; a direção, os discentes e docentes da Colégio Estadual Indígena Tupinambá de Olivença - CEITO; e alguns discentes e docentes da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) criaram o Seminário Internacional Índio Caboclo Marcelino, que em 2015 chega a sua sétima edição. O evento, que ocorre nas Aldeias Tupinambás de Olivença, em Ilhéus/Bahia, promove troca de saberes entre diversos Povos indígenas e não-indígenas solidários à luta.
Este ano, além do evento tradicional que ocorrerá entre os dias 23 e 28 de setembro, faremos a Etapa Paulista do VII Seminário Internacional Índio Caboclo Marcelino. Devido ao grande contingente de apoiadores da luta tupinambá na cidade de São Paulo, faremos, na capital paulista, uma série de atividades de troca de saberes, confraternizações e manifestações, além da divulgação do evento em Olivença. Isso ocorrerá entre os dias 27 de agosto e 7 de setembro de 2015.
Traremos 15 lideranças do Povo Tupinambá de Olivença a São Paulo. Já contamos com a ajuda de pessoas que voluntariamente estão colaborando na preparação e divulgação deste trabalho, mas ainda buscamos formas de financiar o transporte, alimentação e estadia dos 15 Tupinambás.
É por isso, que agora precisamos de você.