Correio da Cidadania

Mais um camponês é assassinado no Vale do Jamari

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No dia 2 de janeiro, a família do jovem camponês Lucas da Costa Silva recebeu a confirmação de que a polícia encontrou seu corpo na fazenda Fluminense. Ele foi enterrado no mesmo dia, em Buritis, onde moram seus pais.

 

Em busca do sonho de um pedaço de terra para viver e trabalhar com dignidade, Lucas entrou no Acampamento Luiz Carlos, organizado para lutar pelas terras da fazenda Fluminense, na linha 25, Gleba Rio Alto, no município de Monte Negro, no Vale do Jamari. São terras públicas cortadas pelo Incra há mais de 20 anos em lotes pequenos, destinados à reforma agrária, mas que nunca foram entregues a camponeses; foram grilados por fazendeiros e latifundiários, como Jair Miotto, ex-deputado estadual e ex-prefeito de Monte Negro.

 

Lucas tinha 23 anos, morreu nas últimas horas de 2015 com um disparo de arma de fogo na cabeça, na fazenda Fluminense, provavelmente por pistoleiros contratados pelo latifundiário Jair Miotto, que se diz o dono das terras.

 

Lucas nasceu em Cerejeiras, sul de Rondônia, no dia 15 de maio de 1992. Trabalhava como ajudante de pedreiro e construindo cocheiras em fazendas na região. Era filho da Dona Marta e do senhor João Antônio, camponeses do Paraná que vieram para Rondônia há cerca de 30 anos em busca de um pedaço de terra e de oportunidades de emprego. Conseguiram um lote pelo Incra, mas tiveram que se desfazer dele depois que o pai de Lucas perdeu uma perna num acidente de trabalho, derrubando mato com motosserra. Hoje, o Sr. João é aposentado, mesmo assim faz vários serviços na chácara da família, e a Dona Marta trabalha na feira de Buritis.

 

Esta é mais uma morte anunciada. No último dia 14 de dezembro, em Porto Velho, a LCP, a Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e o Cebraspo (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos), organizaram uma Audiência Pública, com o apoio da Unir (Universidade Federal de Rondônia), onde camponeses de várias áreas e acampamentos de todo o estado denunciaram a violência do latifúndio, especialmente na região do Vale do Jamari: despejos, torturas, desaparecimentos e assassinatos.

 

Veículos da imprensa marrom, como a página da internet Rondônia Vip, têm divulgado mentiras disfarçadas de matérias jornalísticas, onde afirmam que Lucas e outros camponeses assassinados no Vale do Jamari são vítimas dos próprios trabalhadores. Não podemos esperar outra coisa de meios de comunicação a serviço do latifúndio e sustentados por verbas dos governos municipal, estadual e federal. Eles cumprem o sujo papel de esconder os crimes dos latifundiários, os verdadeiros bandidos.

 

Lucas é mais uma vítima da política agrária do governo Dilma / Luiz Inácio / PT que paralisa a reforma agrária falida do governo, obrigando os camponeses a se organizarem e lutarem pelo sagrado direito a terra. Os governos federal e estadual, de Confúcio Moura (PMDB), também não fazem nada para punir os crimes dos latifundiários e seus bandos de pistoleiros, com a participação de policiais.

 

Até hoje seguem impunes os assassinatos e desaparecimentos dos camponeses Renato Nathan Gonçalves Pereira, Luiz Carlos da Silva, José Antônio Dória dos Santos, Jander Borges Faria, Paulo Justino Pereira, Delson Mota, Valdecy Padilha, Terezinha Nunes Meciano, Anderson Mateus dos Santos, Francimar de Souza e tantos outros.

 

 

Basta de ataques de pistoleiros e policiais a mando de latifundiários contra camponeses!

O camponês quer terra, não repressão!

Terra para quem nela vive e trabalha!

Companheiro Lucas da Costa Silva, presente na luta!

 

Fonte: LCP - Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental

 

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