Parque Augusta e hipervalorização imobiliária
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- Correio da Cidadania
- 17/08/2017
O Organismo Parque Augusta informa que ainda não recebeu as perícias e avaliações sobre a intenção de acordo entre a Prefeitura de São Paulo, o Ministério Público do Estado de São de Paulo e as empresas Setin e Cyrela. Informamos também que não assinamos e não apoiaremos nenhum acordo que não seja colocado em debate público e transparente com toda a cidade de São Paulo antes da sua oficialização com a total certeza de não ser prejudicial ao município e aos territórios diretamente afetados.
No entanto, afirmamos publicamente as diretrizes jurídicas, urbanísticas e financeiras que sabemos serem as justas e dignas para a correta valoração da área do Parque Augusta depois de inúmeros debates com urbanistas, geógrafos, advogados, corretores imobiliários, especialistas em direito imobiliário etc. acumulado ao longo dos anos:
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1- Setin e Cyrela compraram o terreno em setembro de 2013 do ex-banqueiro Armando Conde. Foram pagos R$ 8 milhões em dinheiro e R$ 56 milhões em notas promissórias para pagamento posterior à aprovação do empreendimento ilegal, que não foi aprovado. Compraram o terreno sabendo de todas as restrições para a construção, e do destino da área em ser 100% parque conforme o Plano Diretor Municipal de 2002 e 2014 e hoje exigem R$120 milhões para tornar a área pública. Onde estão os comprovantes e datas desses pagamentos? Quanto de fato já foi pago pela área? Quais as reais condições dessa transação imobiliária?
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É necessária a auditoria do MPSP e da juíza nas transações financeiras já realizadas no terreno !
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2 - Ao longo dos 4 últimos anos houve uma variação do valor venal do terreno do Parque Augusta no cadastro da prefeitura que não corresponde à variação da região da Consolação no mesmo período de tempo, e não foi atualizado de acordo com a nova Lei de Zoneamento da Cidade. Em setembro de 2013 o valor venal no cadastro era de R$35 milhões de reais e hoje beira os R$ 120 milhões mesmo com a atual queda do mercado imobiliário e com a mudança de zoneamento mais restritivo às construções.
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É necessário que o MPSP e a juíza do caso fiscalizem a variação do valor venal do Parque Augusta ao longo dos últimos anos no sistema da Prefeitura de São Paulo!
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3 - Na discussão da avaliação atual do Parque Augusta não está sendo considerada a mudança da área para Zepam (zona de proteção ambiental) que restringe o potencial construtivo do parque em apenas 10% da sua área e o desvaloriza para o mercado imobiliário na mesma proporção.
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A mudança do zoneamento do Parque Augusta para Zepam foi fruto de uma luta popular de anos, ao longo de toda a discussão dos últimos dois Planos Diretores de São Paulo e exigimos que essa vitória seja considerada na avaliação da área!
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4 - Existe ainda o direito de protocolo adquirido de dois empreendimentos ilegais das construtoras Setin-Cyrela que ainda não foram totalmente cancelados pela Secretaria de Urbanismo e Licenciamento. Nos dois casos os empreendimentos são ilegais principalmente porque retiram 75 árvores históricas tombadas pelo Conpresp, mas também por diversas outras irregularidades tanto do projeto quanto no seu processo administrativo.
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Não vamos permitir que a valoração do Parque Augusta considere o direito de protocolo dos empreendimentos ilegais !
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5 - O Parque Augusta continua ilegalmente fechado pelas empresas Setin-Cyrela e não podemos mais permitir que essa sua situação permaneça já que existem grandes chances de não haver nenhum acordo e da disputa permanecer por anos em avaliação jurídica.
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Antes de qualquer acordo, exigimos a abertura imediata do Parque Augusta pra cidade!
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Os empresários Antonio Setin e Elie Horn, atuais especuladores imobiliários do Parque Augusta, alegam um direito ao lucro, mas isso não é algo que o poder público tenha que contemplar na permuta. Ao contrário, qualquer possibilidade de lucro em prol das empresas como parte necessária desse acordo é ilegal.
A prefeitura de São Paulo, nessa e nas gestões passadas, naturaliza a ideia de que é normal o Estado trabalhar para a acumulação privada, do Estado como um comitê que cuida dos assuntos das construtoras e de seu lucro derivado da especulação imobiliária, mas isso é roubo do patrimônio público-comum da cidade!
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Abaixo à aliança entre prefeitura e construtoras!
Abaixo à especulação financeira no Parque Augusta !
PARQUE AUGUSTA JÁ!
100% JUSTO E DIGNO