Correio da Cidadania

Jornalista lança livro sobre “estratégia do golpe e como derrotá-lo"

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Um “avanço contra a democracia”, “o fim da ilusão do projeto de conciliação de classes”, “a vingança de uma classe média elitista.” São muitos as teses com as quais diferentes setores da esquerda brasileira tentam explicar as movimentações que culminaram na derrubada da ex-presidenta Dilma Rousseff, em 2016. O jornalista Pedro Marin, no entanto, não parece ter preferência por nenhuma. “Pode ser tudo isso, pode não ser nada. Que farão?”, diz. “As razões do golpe muita gente está estudando e muita gente vai estudar. Eu quero entender como ele foi feito, a ciência do golpe, e como derrotá-lo”, completa.
 
A ideia do livro, conta Marin, que há cinco anos é editor da Revista Opera, um portal que fundou aos 16 anos, nasceu enquanto cobria o impeachment para um veículo estrangeiro. “Eu fui para Brasília, para a primeira votação na Câmara, e quando acabou vi muita gente chorando, comovida. Eu, apesar de ter uma posição muito clara, não conseguia me comover”, conta. “O momento que me emocionou foi quando dedicaram um voto pro Lamarca, até abracei um amigo!”, diz rindo.
 
PENSAMENTOS MILITARES
 
Para o colunista da Revista Opera André Ortega, que assina a orelha do livro, a obra é “uma provocação contra o debate legalista que consome o PT e os epígonos do golpe de 2016. Escrito nos tons da polêmica política de um publicista, ele nos oferece ares mais ativos diante de uma esquerda um tanto afastada de pensamentos militares ou muito dedicada às complexas abstrações teóricas”.
 
Pedro assume a inclinação. “O André captou muito bem, é claro. Eu entrevistei para o livro o Bresser [Pereira], o Aldo [Fornazieri], o [Guilherme] Boulos, e tem gente que torceu o nariz. É uma burrice, o Bresser previu a abertura, o Aldo previu o impeachment na primeira eleição da Dilma”, declara irritado.

“Estudei Luttwak, por exemplo, com o objetivo de escrever o livro. O Luttwak é um estrategista romeno que trabalhou para o Departamento de Estado [dos EUA], li Alessandro Visacro, um militar brasileiro, reli Maquiavel. Moral eu já tenho, já tenho posição, não quero gente que me ensine o que é certo ou errado, o que é bom e não é; quero estudar como aplicar o que acho correto.”

INGENUIDADE
 
O autor reclama também do que chama de “ingenuidade” da esquerda. “Eu falei sobre os militares ainda quando houve aquela rebelião no Rio Grande do Norte, depois a situação no Espírito Santo, um ano atrás. As pessoas achavam uma loucura, alguns falavam em teoria da conspiração. Aí veio a intervenção [no Rio de Janeiro] e todo mundo de repente saiu soando os alarmes”, declara. “Eu dedico o livro, dentre outras pessoas, para ‘os que não se permitem ingênuos em função da dureza da política.’ O pessoal falou ‘não vai ter golpe’, depois ‘fora Cunha’, depois ‘diretas já’, agora ‘Lula livre’... Parece que se pedir com carinho vão dar, gostam de se enganar porque tem um sentido catártico nisso. Eu levo isso a sério, política é guerra, golpe é guerra.”
 
PARTICIPAÇÃO EXTERNA
 
Sobre a tese de apoio estrangeiro ao golpe, o autor diz que não é o foco do livro. “Veja, eu não tenho dúvidas [de que houve]. A gente já tem a comprovação de participação de ONGs estrangeiras, que apoiaram o MBL, esse pessoal. A Agência Pública fez uma matéria sobre isso, eu escrevi também, com uma entrevista com o Moniz Bandeira, que infelizmente faleceu. Essas ONGs recebiam de gente ligada aos governos, isso está provado. Agora tem que ver até onde isso foi, quanto sabiam. Tem gente boa que vai fazer esse estudo e eu aposto que vai provar muita coisa”, declara. “Mas se vai ser agora ou daqui a trinta anos… vamos ver.”
 
Confira o book-trailer no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=OVm0PIA5tBA&feature=youtu.be
 
SOBRE O LIVRO:
 
Título: Golpe é Guerra – Teses para enterrar 2016
Autor: Pedro Marin
Editora: Baioneta
Páginas: 100
Edição: 1
Ano: 2018
Venda disponível no site da Livraria da Opera

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