Paraguaios saem às ruas por justiça social e reforma agrária; polícia reprime violentamente
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- Andrea
- 05/11/2008
A Frente Social e Popular, que integra cerca de 100 organizações sociais e sindicais, iniciou no dia 4 uma mobilização de três dias em Assunção e em outros departamentos do país a fim de exigir o cumprimento, por parte dos poderes Executivo e Judiciário, de uma série de reivindicações que formam o chamado "Plano de Contingência".
O protesto realizado ontem diante do Ministério Público foi reprimido violentamente, causando dezenas de feridos. Estima-se que cerca de 40 mil pessoas participem das mobilizações, realizando protestos e bloqueios de estradas. O dirigente camponês da Frente, Belarmino Balbuena, afirmou que, em princípio, a manifestação será por três dias, porém pode estender-se por tempo indefinido até o cumprimento das demandas.
Entre as principias demandas da mobilização estão o desenvolvimento de um plano de emergência agrária elaborado pela Frente e uma mudança radical do poder judiciário do país. Os movimentos sociais denunciam que a corrupção impede o desenvolvimento do país. A Frente exige a renúncia do chefe do Ministério Público, o Fiscal Geral do Estado, Candia Amarilla, e de todos os membros da Corte Suprema de Justiça.
"Expressamos a necessidade de aprofundar as mudanças e as transformações que a cidadania espera que se concretizem em todos os campos da vida nacional, principalmente no que se refere à mudança urgente de um corrupto e mafioso do Poder Judiciário, assim como um Congresso que não mostra maior vontade e patriotismo no que se refere aos interesses nacionais e aos problemas sociais do país", afirmam na convocatória.
A revolta dos camponeses em relação ao poder judiciário é causada pelos desalojamentos de assentamentos nas margens de latifúndios, o que não se configura como invasão de propriedade privada. Sob o pretexto de prevenção de crime, os promotores decretaram uma série de expulsões, ordens de captura e detenções arbitrárias de dirigentes camponeses.
No dia 5, em Assunção, o edifício da Promotoria foi rodeado por uma manifestação de milhares de pessoas atirando ovos e proclamando lemas contra o sistema judiciário e principalmente contra o Fiscal Geral do Estado, Candia Amarilla. A polícia reprimiu com violência, atirando balas de borracha contra os manifestantes. Mulheres e crianças também foram atingidas.
Informações da Emergências Médicas dão conta de que 40 feridos estão em atendimento. Durante a tarde de hoje, os manifestantes seguem em direção à embaixada do Brasil para exigir a renegociação do Tratado de Itaipu e a recuperação da soberania energética do Paraguai.
Fonte: Adital.