Lugo afirma que instituições devem atender demandas camponesas; protestos prosseguirão
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- Andrea
- 07/11/2008
A Frente Social e Popular continua a realizar protestos em Assunção e em outras cidades do Paraguai exigindo reforma agrária e uma mudança radical nos quadros do Poder Judiciário do país. Os camponeses denunciam que as manifestações estão sendo reprimidas violentamente pela polícia paraguaia. A mobilização, que estava prevista para terminar no dia 6, vai prosseguir por tempo indeterminado, segundo a decisão da Frente.
O presidente Fernando Lugo afirmou que as instituições devem responder às demandas dos camponeses. Lugo disse que as mudanças exigidas por eles possuem valor e fazem parte da autêntica aspiração desses setores. O presidente se mostrou de acordo com a renovação do Poder Judiciário, porém esclareceu que o governo não iria cair em ingerência. Lugo ressaltou que a simples mudança de ministros e juízes não iria garantir a melhora da justiça no país. Para ele, há a necessidade de uma reforma estrutural.
Ontem (5), o ministro do Interior, Rafael Filizzola, ordenou uma avaliação dos enfrentamentos entre policiais e manifestantes acerca do episódio ocorrido no centro da capital que deixou um saldo de 55 feridos. O ministro quer saber se houve abuso de poder por parte da polícia quando agiu na intenção de dispersar os protestos em frente ao Ministério Público.
A Coordenação Nacional de Mulheres Trabalhadoras, Rurais e Indígenas do Paraguai (Conamuri) divulgou um comunicado reiterando a exigência de renovação do Poder Judiciário. A entidade denunciou a violência da repressão aos manifestantes e disse que quase 100 pessoas ficaram feridas, entre elas mulheres e crianças, durante enfrentamentos com a polícia.
"Estamos cansados de receber somente golpes quando pedimos justiça. Viver com dignidade é um direito ao qual não podemos ter acesso enquanto continuam criminalizando nossas lutas, enquanto nos vêem como criminosos por sermos pobres. Basta de repressões!", afirma o comunicado. "A Conamuri, integrante da Frente Social e Popular, convoca a cidadania em geral a se somar às diversas mobilizações que se realizam e que serão realizadas no transcurso do dia de hoje e da semana a fim de obter as reivindicações propostas", finaliza.
Em comunicado, a Associações de Organizações Não-governamentais do Paraguai (Pojoaju) e suas redes chamam os setores envolvidos no conflito para a realização de uma mesa de diálogo a fim de buscar uma solução ao problema: "O conflito rural que se apresenta hoje vai além daquele que foi uma constante nos anos 90 e inícios do século atual, pois não são somente reclamações pelo direito de acesso à terra e por uma justa distribuição dos recursos produtivos, mas também uma exigência pelo direito a um ambiente saudável, em que sejam respeitadas as normas ambientais vigentes".
Fonte: Adital.