Correio da Cidadania

PSOL condena o mandado de busca e apreensão na casa do delegado Protógenes Queiroz

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A Executiva Nacional do PSOL vem a público repudiar a ação desencadeada na últimaa quarta-feira (05/11) pela Polícia Federal, que realizou operações de busca e apreensão na casa do delegado da mesma instituição, Protógenes Queiroz.

 

Foi ele que conduziu a Operação Satiagraha, deflagrada no último dia 8 de Julho, que resultou na prisão do banqueiro corrupto Daniel Dantas, do ex-prefeito de São Paulo e também acusado de crimes de corrupção, Celso Pitta, e do mega-especulador Naji Nahas. Na ocasião, Dantas foi preso por duas vezes por determinação do juiz federal Fausto de Sanctis e também liberado nas duas oportunidades pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes.

 

Vale lembrar que Mendes, além de determinar a soltura de Daniel Dantas, ainda retaliou o juiz Fausto de Sanctis, que determinou as duas prisões, com denúncias na Corregedoria da Justiça Federal, numa clara demonstração de pressão pela posição firme do magistrado. Felizmente, mais de uma centena de juízes federais se solidarizaram e se manifestaram a favor do colega e contra o presidente do STF, o que evitou medidas mais duras contra Fausto de Sanctis, que apenas cumpriu seu dever, de servidor público. Logo em seguida da divulgação da Satiagraha, o delegado foi afastado do inquérito, numa clara atitude de fragilizar a continuidade das investigações.

 

Para nós do PSOL, todos esses desdobramentos aconteceram porque a Operação Satiagraha desnudou profundas relações criminosas envolvendo setores dos três poderes da República. Por isso, desde o dia da prisão de Daniel Dantas, há uma ação articulada pelos mesmos poderes no sentido de intimidar, desqualificar e desmoralizar essa Operação. Foi assim na crítica feita pelo ministro do STF Gilmar Mendes sobre o uso de algemas e a conseqüente criação da súmula vinculante sobre a questão. Depois, na tentativa de desqualificar um importante instrumento utilizado no combate à corrupção: as escutas telefônicas de ligações feitas entre criminosos de colarinho branco. O fato maior nessa tentativa foi um suposto grampo de uma conversa entre Mendes e o senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás. Aliás, a gravação nunca apareceu.

 

Como se não bastassem todas essas tentativas de intimidação, no dia 5 de novembro, através de decisão proferida pelo juiz Ali Mazloum, Protógenes Queiroz teve suas residências invadidas pela própria Polícia Federal com mandados de busca e apreensão. Em Brasília, estavam em casa a mulher e o filho dele, de 7 anos de idade. No Rio de Janeiro, outro filho, de 21 anos, foi surpreendido pela Operação. Em São Paulo, o próprio Protógenes foi acordado por volta de 5h50 da manhã, pelos "colegas" que vasculharam a residência e ainda apreenderam dois celulares do delegado. Estranho é o fato de que o juiz que autorizou a busca e apreensão, Ali Mazloum, é um dos investigados e acusados na Operação Anaconda, feita também pela Polícia Federal. O Ministério Público Federal foi contra o pedido de busca e apreensão a Queiroz.

 

O PSOL entende que o que está acontecendo é uma total inversão de valores. Aquele que teve coragem de enfrentar bandidos poderosos está sendo perseguido em uma articulação de parte dos três poderes da República, que certamente temem pelos resultados da Operação Satiagraha.

 

Cremos ainda que a população brasileira não pode assistir passivamente a essa tentativa de desqualificação de um homem público com o histórico de Protógenes, um brilhante servidor que tem prestado grande serviço à população brasileira. Foi ele quem presidiu investigações que levaram à prisão o ex-deputado federal Hildebrando Pascoal, o maior contrabandista do Brasil, Law Kin Chong, o ex-prefeito e ex-governador de São Paulo Paulo Maluf e seu filho Flávio, além do chefe da máfia russa no Brasil, Boris Berezovski.

 

Além de repudiar a ação da cúpula da Polícia Federal, o PSOL vem a público defender o delegado Protógenes Queiroz, que cumprindo seu dever de servidor público passou quatro anos liderando a investigação que resultou na Operação Satiagraha e que nesse momento está passando por um processo que tenta transformá-lo em bandido, porque desvendou crimes envolvendo banqueiros e comparsas dentro do aparato do Estado; exigir que a CPI que investiga os grampos tenha acesso aos documentos da Operação Satiagraha, o que está sendo impedido pelo Supremo Tribunal Federal; e, por fim, que Protógenes Queiroz volte a presidir este inquérito, sob pena de colocar sob suspeita toda a cúpula da Polícia Federal e o governo Lula.

 

Brasília, 6 de Novembro de 2008,

Executiva Nacional

Partido Socialismo e Liberdade

 

Website: www.psol.org.br

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