Aumento dos salários não acompanhou crescimento econômico na América Latina
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- Andrea
- 26/11/2008
O aumento dos salários reais na América Latina foi insatisfatório apesar do crescimento econômico registrado na região. A conclusão é do informe mundial sobre salários 2008/09 "Salários mínimos e negociação coletiva: rumo a uma política salarial coerente". Divulgado ontem (25), em Genebra, pela Organização Internacional do Trabalho, o estudo conta com uma análise sobre a "Evolução dos salários na América Latina, 1995-2008".
O relatório mundial afirma que todos os indícios apontam para o enfraquecimento do poder aquisitivo dos trabalhadores: "No futuro imediato, prevêem-se momentos difíceis para muitos trabalhadores. O crescimento econômico lento ou negativo, junto a preços muito instáveis, reduzirá os salários reais de muitos trabalhadores, em particular nos lares pobres e de salários baixos. Em muitos países, as classes médias também serão afetadas. É provável que se intensifiquem as tensões pelos salários, e que o lugar do trabalho resulte mais vulnerável a conflitos salariais".
Essa seria a situação na América Latina. O enfraquecimento do poder aquisitivo dos trabalhadores, uma vez que o salário real não acompanha o desempenho econômico, deixa a região com uma pequena margem de ajuste diante da crise internacional. O estudo sobre a evolução dos salários revela, após avaliar as variações no salário médio real em 11 países da região, um resultado bastante insatisfatório. Paraguai, Brasil, Uruguai, Argentina e Panamá tiveram perda real no salário; Costa Rica manteve o mesmo salário real; Chile, México, Peru e Venezuela obtiveram aumento de apenas 1% ao ano; somente em Honduras houve um aumento significativo de 2,9%.
A análise destaca ainda que, no âmbito do mercado de trabalho, começou-se a esboçar as primeiras conjecturas acerca do impacto que a crise terá sobre o desemprego e se estão revisando os instrumentos de política de emprego com os que se conta para enfrentar diferentes hipóteses. A avaliação é que os países da região não chegaram à crise em um contexto de folga salarial, mas sim em situação contrária: "A evolução dos salários em um período de 12 anos mostra que na maior parte dos países, os ordenados se retraíram ou apresentam modestos incrementos diante do desempenho econômico".
O estudo analisa ainda a pressão inflacionária por que passaram vários países da América Latina, produto principalmente do aumento dos preços internacionais de alimentos e combustíveis. Nos últimos meses, no entanto, sua forte queda nos mercados internacionais assim como a perspectiva de uma desaceleração econômica são elementos centrais para a redução da inflação. "É importante que as políticas salariais levem em conta as projeções de inflação futura e consolidem essa tendência decrescente como parte da estratégia para aumentar o poder aquisitivo dos salários", afirma.
Levando em conta o contexto atual, o informe mundial exorta os governos a dar mostras de um forte compromisso com a proteção do poder aquisitivo de suas populações e, portanto, a estimular o consumo interno: "Em primeiro lugar, deveria incentivar os interlocutores sociais a buscar a maneira de prevenir uma redução ulterior da parte do PIB destinada aos salários com respeito à proporção estabelecida aos benefícios. Em segundo lugar, os níveis dos salários mínimos deveriam aumentar sempre que for possível para proteger os trabalhadores mais vulneráveis. Em terceiro lugar, os salários mínimos e a negociação salarial deveriam
Publicado originalmente em Adital.