Mais de 50 milhões de empregos tendem a desaparecer em 2009, informa OIT
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- Andrea
- 30/01/2009
Até 51 milhões de postos de trabalho podem desaparecer neste ano em decorrência do desaquecimento econômico global, que se converteu numa crise mundial do emprego, segundo informou a Organização Internacional do Trabalho (OIT) nesta última quarta-feira. A agência das Nações Unidas afirmou que, dentro do cenário mais otimista, este ano pode contabilizar 18 milhões de desempregados a mais que no final de 2007, com índice mundial de desemprego em 6,1%.
A previsão mais realista, segundo a OIT, é que outros 30 milhões de pessoas percam seus empregos se a turbulência financeira persistir durante 2009, elevando o índice de desemprego mundial para 6,5%, superior aos 6% em 2008 e 5,7% em 2007.
No pior cenário econômico possível, segundo o relatório Tendências Globais do Emprego, 51 milhões de postos de trabalho podem ser perdidos até o fim deste ano, resultando num índice global de desemprego de 7,1%.
"Se a recessão se aprofundar em 2009, conforme muitas previsões, a crise mundial dos empregos vai se agravar acentuadamente", informou o relatório. "Podemos prever que, para muitos dos que conseguirem conservar seus empregos, seus ganhos e outras condições de trabalho vão piorar."
Caterpillar, Sprint, Philips, Texas Instruments e ING estão entre as empresas que vêm cortando milhares de vagas de trabalho em resposta à crise financeira e recessão econômica que vêm se espalhando pelo mundo. A estimativa anterior da OIT sobre o desemprego, divulgada em outubro, era de que 20 milhões de empregos desapareceriam até o final de 2009 em decorrência da crise financeira.
Apoio da infraestrutura
De acordo com a OIT, comandada por uma estrutura que inclui governos, empregadores e grupos representativos dos trabalhadores, os países em desenvolvimento serão os mais duramente atingidos pelas perdas adicionais de empregos.
"A África subsaariana e o sul da Ásia se destacam como regiões com condições muito difíceis em seus mercados de trabalho e com as maiores parcelas mundiais de trabalhadores pobres", disse o relatório.
De acordo com estimativas da OIT, o norte da África e o Oriente Médio tinham os maiores índices de desemprego no final de 2008, respectivamente 10,3 % e 9,4 %.
A Europa central e do sudeste e os ex-Estados soviéticos terminaram o ano passado com índice de desemprego de 8,8%, a África subsaariana com 7,9% e a América Latina com 7,3%. A Ásia oriental tinha a melhor situação mundial, com 3,8% de desemprego.
A maior parte da geração de empregos em 2008 aconteceu no sul, sudeste e leste da Ásia, enquanto as economias desenvolvidas e a União Europeia perderam cerca de 900 mil postos de trabalho. A OIT disse que projetos de obras governamentais, como os anunciados recentemente na Argentina, podem ajudar a gerar e manter empregos até o setor privado começar a se recuperar.
A construção e recuperação de infraestrutura pública, como estradas, pontes, escolas, hospitais e prédios públicos, pode ser especialmente útil em países mais pobres com altos índices de desemprego.
Demissões
Diversas empresas já anunciaram cortes de empregos devido à crise econômica mundial. Na segunda-feira, a fabricante norte-americana de máquinas de construção Caterpillar anunciou um expressivo corte de 20 mil empregos. No mesmo dia, a empresa de telecomunicações norteamericana Sprint Nextel anunciou um corte de 7 mil empregos; a empresa de materiais e produtos de construção Home Depot informou que irá cortar outros 7 mil. Um outro corte expressivo, também nos EUA, já havia sido anunciado em dezembro pelo Bank of America, decapitando 35 mil empregos.
As empresas do setor de tecnologia, tanto em países europeus como em outros continentes, também vêm anunciando cortes nas últimas semanas, devido aos efeitos negativos da crise. Na Europa, a holandesa do setor de tecnologia Philips anunciou 6 mil cortes. Nos EUA, a Microsoft já informou que vai reduzir seu quadro de funcionários em 5 mil vagas nos próximos 18 meses.
O sindicato Alliance/IBM, ligado à Federação (norte) Americana do Trabalho/Congresso das Organizações Industriais (AFL/CIO, na sigla em inglês) informou também que a IBM estaria planejando demitir mais de 2,8 mil funcionários. No Japão, a fabricante de componentes eletrônicos NEC Tokin anunciou na véspera o corte de 9450 empregos no mundo, dos quais 450 no país.
Publicado originalmente em Correio do Brasil; com agências.