Demissões de metalúrgicos se espalham pelo RS
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- Raquel Casiraghi, Agência Chasque
- 30/01/2009
Quase três mil trabalhadores metalúrgicos já foram demitidos no Rio Grande do Sul em decorrência da crise financeira mundial. Os setores de automóveis e de máquinas agrícolas lideram os desligamentos, que ocorrem em massa desde outubro passado.
Em Horizontina, no noroeste do estado, somente a empresa de máquinas John Deere já demitiu 742 trabalhadores de sua fábrica. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do município, Alcindo Kempfer, reclama que a empresa não tentou negociação e preferiu demitir os empregados.
"Nós entendemos que há outras alternativas além de pura e simplesmente demitir. A suspensão do contrato de trabalho temporariamente, a redução da jornada de trabalho, limitação das horas extras - porque um sábado antes das demissões os funcionários estavam fazendo hora-extra", afirma.
Somente entre dezembro e janeiro, o setor de máquinas agrícolas contabilizou quase mil demissões. Além da John Deere, foram desligados trabalhadores da AGCO, em Santa Rosa, e da Bruning e Kepler Weber, em Panambi.
Na cadeia produtiva dos automóveis, o desemprego iniciou nas sistemistas e, agora, ronda as empresas maiores. É o caso da gaúcha Gerdau, que estuda eliminar postos de trabalho nas unidades de Charqueadas, na região Carbonífera, e em Sapucaia do Sul, na região metropolitana. Embora a empresa não tenha anunciado número, o presidente do sindicato de Charqueadas, Jorge Luiz Silveira de Carvalho, estima um corte de 30% do quadro.
"Alega que está tendo um prejuízo muito grande em razão da baixa demanda. Dizem que tem estoque e que não conseguiram repassar esses pedidos. Só que o grande problema da Gerdau não é no setor produtivo, mas as perdas que teve na Bolsa de Valores. Até dezembro os ganhos foram enormes, não se justificam demissões em janeiro", reclama.
Além de pressionar o governo federal, os metalúrgicos também irão cobrar ações da governadora Yeda Crusius para evitar novas demissões. Alcindo Kempfer, de Horizontina, aponta a necessidade de investir no mercado interno, a fim de não ficar refém das exportações e das oscilações do mercado externo.
"O governo está se gabando que zerou o déficit zero, então está na hora de fazer investimento. Reduzir ICMS na energia elétrica, comunicação, combustíveis, rever o valor do IPVA e investir na agricultura familiar e habitação, o que gera emprego na outra ponta", argumenta.