Correio da Cidadania

Agência antidrogas dos EUA deixa a Bolívia

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Depois de 35 anos de presença na Bolívia, os principais servidores públicos do Departamento Antidrogas dos Estados Unidos (DEA) abandonaram o país, acusados de ingerência em assuntos internos, segundo destaca hoje a imprensa.

 

O jornal Opinión detalha que nesta sexta-feira se cumpriram formalmente os 90 dias que o presidente Evo Morales outorgou ao organismo para sua saída definitiva.

 

No dia 1 de novembro de 2008, na localidade de Chimoré, o chefe de Estado anunciou a suspensão indefinida de qualquer atividade do DEA na Bolívia, ao qual acusou de ingerência política, financiamento a civis e espionagem durante a crise político-regional que seu governo enfrentou.

 

O Executivo também apresentou novas provas que acusavam o DEA de encobrir atos do narcotráfico e violar os direitos humanos.

 

Em diálogo com a imprensa, o ministro da presidência, Juan Ramón Quintana, denunciou a participação militarizada do DEA, algo que não correspondia à entidade estrangeira.

 

Quintana detalhou, então, que membros dessa instituição estrangeira detiveram pessoas de maneira ilegal, tendo-as depois torturado e submetido a pressões psicológicas e chantagem. O titular explicou que, em março de 1994, a Unidade Móvel de Patrulha Rural (UMOPAR) e membros do DEA socorreram uma aeronave (matrícula CP1792) pilotada por Bismarck Rocha Daza, um suposto narcotraficante, que havia sido processado três anos antes.

 

Nesse sentido, Quintana afirmou que se trata de uma indiscutível evidência da intervenção militar da agência, uma atividade para a qual o Estado boliviano jamais concedeu faculdades.

 

Também mencionou o caso de Huanchaca (1986), como o mais dramático, aludindo ao assassinato do deputado Edmundo Salazar, que pesquisava o assassinato de cientistas como Noel Kempf e seus auxiliares, cuja expedição descobriu um laboratório de drogas na região de Santa Cruz.

 

Quintana denunciou também que, em 1991, o então chefe das Forças Armadas, general Jorge Moreira, solicitou ao governo do então presidente, Jaime Paz Zamora, a expulsão dos agentes do DEA, porque estes violavam os direitos humanos e intervieram militarmente na zona de Santa Ana de Yucumo (estado de Beni).

 

Mencionou, ainda, o caso do "narco-avião", que saiu em 1995 do aeroporto de El Alto e foi detido depois em Lima, com quatro toneladas de cocaína dirigidas ao México, para possível distribuição nos Estados Unidos.

 

Mostrou fragmentos de jornais como o matutino "Presença", com manchetes como: "Os dólares do DEA danificaram a unidade da força antidroga".

 

"O DEA também instruiu, em 2003, a investigação das contas bancárias dos então deputados Evo Morales e Antonio Peredo, do Movimento ao Socialismo (MAS) em clara violação de sua imunidade parlamentar", agregou.

 

Por sua vez, o presidente Morales acusou o agente Steven Faucet, que, sob o manto de adido diplomata, se vinculou à preparação de sabotagens e à tomada de aeroportos, como o de Riberalta.

 

"O DEA manejava sete supostas casas de segurança, que em realidade eram locais de espionagem para conspirar contra o governo boliviano, em cumplicidade com alguns chefes policiais", finalizou.

 

Publicado originalmente em Pátria Latina.

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